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Expedição Porto Nacional – Palmas

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Por Marco Gorayeb

No dia 2 de fevereiro, às 22h45, eu e minha equipe, Higor Ramos, Yuri Gorayeb, Flavia Mozart e Cybelle Moreira partimos de Brasília num voo para Palmas Tocantins. Nosso objetivo: realizar uma clinica de formação de instrutores de SUP e uma remada longa de Porto Nacional até Palmas, numa distância de aproximadamente 60km. No voo, meu amigo de longa data – e de hoje em diante parceiro de trabalho com SUP – Alex Araujo. Chegamos meia noite e nos instalamos num hotel auxiliados pelo organizador da clínica e da aventura Rafael Felipe, morador de Palmas e Triatleta Iron man.

A remada de Porto Nacional até Palmas foi sugestão minha para explorar o potencial do SUP na região. O percurso foi pelo Lago de Palmas, antigo leito do Rio Tocantins represado para a criação de uma hidroelétrica. Como em toda aventura que planejo, a ideia era utilizar a natureza a nosso favor e fazer a remada a favor do vento e da corrente.

Chegar de madrugada e remar na manhã cedo seguinte não é uma coisa que me agrada num planejamento de aventura, mas devido a mídia que Rafael conseguiu, topei. Antes, porém, perguntei para ele qual era a corrente favorável para a remada e ele me informou que o Rio corria de Porto Nacional até Palmas.

A noite de sono foi curta. Acordamos cedo tomamos café e partimos numa van 60 km até Porto Nacional. Chegamos no barco de apoio que era bem confortável e iniciamos nossa preparação para a partida. Às 10h45 Iniciamos a nossa remada sob um sol escaldante e um calor de 40 graus. No início da remada o vento soprava fraco, mas na direção contrária. Começamos num ritmo mais forte e Alex abriu uma vantagem. Estou acostumado com calor e sol, mas confesso que senti a intensidade do sol e o calor e uma leve tontura que me deixou meio apreensivo, pois o barco de apoio estava muito distante. Remamos a primeira hora e o vento começou a aumentar de intensidade, as rajadas já chegavam a 16 nós e pequenas marolas começaram a surgir.

Depois de 1h30 de remada o vento chegou a 18 nós e as marolas eram de quase meio metro. Senti que a estratégia estava errada – o que me desmotivou pois o downwind era muito bom. Encostei no Alex e lhe disse que ia abortar pois não era essa a estratégia e remar contra o vento e as marolas ia ser um problema. Nesse momento Alex decidiu que iria continuar, mesmo com as condições adversas e corrente contraria. Estava observando a remada do Alex e notei que ele estava muito bem condicionado, decidi apoiá-lo e a partir desse momento ele começou a remar sozinho. Foi impressionante ver meu amigo, parceiro de trabalho e grande atleta manter o ritmo e a pegada, com a mesma técnica durante horas. O sol era causticante o calor absurdo e o vento cada vez mais forte.

Alex remou horas seguidas sozinho. No meio da tarde o vento deu uma diminuída e voltei para água. Fui aconversando com ele para saber se estava tudo ok, ele me disse que estava bem e seguiria remando, comeu alguns Pães e começamos a remar num trecho onde avistamos o maior prédio de Palmas. Fui na sua esteira e depois ele na minha fazendo uma recuperação, fiquei impressionado com a media da remada do Alex que por sinal ele previu. Depois de duas horas remando juntos voltei para o barco para comer algo e nesse momento o vento aumentou novamente, fazendo que o final da remada fosse bem intenso.

A noite caiu e Alex continuou remando. Depois de mais de oito horas seu ritmo caiu muito pouco e a forma era a mesma. Após 9h30 de ramada esse monstro e grande atleta, Alex Araujo, chegou ao 2º píer de Palmas cravando a marca de 65.6km remados. Eu fui testemunha de tudo e da grande força de vontade e espírito guerreiro do meu amigo e parceiro, que quebrou o recorde brasileiro em remadas abrigadas, merecendo todo meu respeito e admiração.

Na 6ª feira um descanso e no sábado ministrei a clínica que contou com um grande numero de inscritos. No domingo aconteceu uma espécie de batismo. Após uma breve instrução sobre segurança e cuidados essenciais, levamos mais de 40 pessoas para água. Um momento muito gratificante onde eu vi o poder de atração que o SUP tem. Dessa experiência ficam varias lições para nossas aventuras futuras.

No meu operacional aquático, eu e Alex firmamos uma parceria e estou com ele na “Missão Recorde Mundial Fortaleza –Jericoaquara”, além disso estamos focados na criação de um padrão de ensino de SUP baseado na qualidade técnica unida à segurança.

Um agradecimento especial a Prefeitura de Palmas, Ivestco e EDP, Rafael Felipe e sua equipe.

Alex remou numa prancha Kaneca 12’6″ race model.