Billabong Rio Pro

Slater dá o troco

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Kelly Slater interrompe sequência de vitórias de Adriano de Souza e avança às quartas do Billabong Rio Pro. Foto: Bruno Lemos
 

O norte-americano Kelly Slater conseguiu interromper uma incrível sequência de vitórias de Adriano de Souza em confrontos disputados na elite mundial. Slater não vencia Adriano desde 2010, quando venceu o brazuca pelas quartas-de-final da etapa em Porto Rico e garantiu seu décimo título mundial. O retrospecto recente era de seis vitórias de Adriano, cinco delas em duelos homem-a-homem.

Na manhã desta segunda-feira, o norte-americano mandou bem nas ondas do Postinho e já abriu a disputa com um canudo nota 10 na quinta fase do Billabong Rio Pro.

Em ondas de 1 metro e séries pouco maiores, Slater optou por surfar bem à esquerda do palanque, enquanto Adriano entrou mais à frente. Depois de ouvir o narrador anunciar a nota máxima do adversário, o brasileiro saiu do mar e buscou o mesmo pico em que Slater se encontrava.

A partir daí, Slater lutou para ampliar a vantagem em várias ondas e Adriano esperou por um tubo com alto potencial para diminuir a diferença. O norte-americano fez 4.83 e trocou sua segunda melhor nota por 5.50, deixando o brazuca precisando de uma combinação no total de 15.51 pontos.

Para a tristeza da torcida, Adriano pegou sua primeira onda apenas nos últimos segundos e deu adeus ao Billabong Rio Pro com apenas 3.73 pontos.

Durante o confronto, Slater teve o bico da prancha partido depois de levar uma vaca, mas isso não abalou a confiança do norte-americano. “Aquela prancha era boa, eu só usei duas vezes. Mas eu tenho outra praticamente igual a ela, então está tudo ok”, diz Slater.

O 11 vezes campeão mundial falou também sobre a escolha do pico. “Quando remei para a bateria eu já tinha uma boa ideia do que precisava fazer, tinha o meu jogo definido, observei bastante o mar antes do hotel e vi exatamente onde as ondas estavam formando os picos que poderiam render boas notas”, revela o atleta.

“Foi uma boa onda (o 10). Quando eu a vi levantar, sabia que teria que estar no lugar certo, nem muito fundo, nem muito na frente. Eu tive que usar a cabeça nessa, foi um pouco cedo, mas felizmente deu tudo certo. Foi um tubo seco, tive que acertar a linha e segurar até o fim”, continua Slater.

A quebra do tabu contra Adriano foi um dos assuntos comentados pelo Top. “Eu me sinto ótimo! Foi uma excelente maneira de começar o dia. Foi demais. Na verdade, logo depois dessa onda (o 10) eu remei em outra muito parecida e errei o drop, se tivesse completado teria sido boa e poderia ter matado a bateria em dois ou três minutos. Mas caí nela e vi que teria que acalmar e esperar por outras. Fiz algumas notas 3 e 4 e o Adriano teria que buscar notas na casa dos 6 e 7 pontos, então eu sabia que a pressão estaria toda em cima dele. Deu pra ver que isso o abalou e ele só conseguiu pegar uma onda no fim da bateria. Isso poderia ter acontecido com qualquer um”, afirma Slater.

“Tive muita sorte de começar a bateria daquele jeito. Adriano saiu da água muito frustrado e eu entendo perfeitamente como ele se sentiu, porque aconteceu isso comigo ontem”, diz o norte-americano. “As condições estão perfeitas, mas as ondas nem tanto, a direção não é a ideal. Se estivesse mais de oeste as ondas estariam perfeitas hoje, mas como está mais de leste está fechando bastante e com muita correnteza. Acho que vai melhorar mais tarde, quando a maré começar a encher”, espera o surfista da Flórida.

Para Slater, o brasileiro não chegou à praia com uma tática definida. “Não sei, eu cheguei na praia com o meu jogo definido, eu já sabia onde iria buscar as ondas e o que tinha que fazer. Mas ele parece que não fez isso, simplesmente tentou entrar e pegar boas ondas, mas quando viu que estava perdendo foi para o lugar onde eu estava tentar jogar o meu jogo e acho que isso o deixou meio nervoso. Ele não estava em sintonia com o mar, as ondas que entraram para ele estavam sempre alguns metros à esquerda ou à direita dele, e isso pode acontecer com qualquer um”, finaliza o atleta.

*Colaborou Ricardo Macario