O Quiksilver Pro Gold Coast está chegando. A primeira etapa do Circuito Mundial de Surf acontece nas extensas e perfeitas direitas de Snapper Rocks, Gold Coast, Austrália. A janela de espera começa neste sábado, 28 de fevereiro, e vai até o dia 11 de março.
O paulista Wiggolly Dantas é o mais novo integrante da elite mundial do surf e terá sua estreia no evento, contra o atual campeão mundial Gabriel Medina e um wildcard.
Conhecido como Guigui, ele conquistou sua tão sonhada vaga para o WCT depois de uma brilhante temporada no QS em 2014, no qual inclusive foi o campeão do Quiksilver Saquarema Prime, nas pesadas ondas de Itaúna, em Saquarema (RJ).
Confira a seguir uma entrevista com Wiggolly Dantas e saiba tudo sobre este paulista que chegou para ficar no Circuito Mundial de Surf.
Nome: Wiggolly Dantas.
Idade: 25 anos.
Base: Goofy.
O que te deixa mais feliz na vida: Ver minha família e meus amigos com saúde.
Maior inspiração: Minha irmã. Ela teve câncer e perdeu um rim. Ainda assim continuou sempre correndo atrás e foi bicampeã brasileira de surf profissional.
Livro favorito: Biografia do Anderson Silva.
Filme favorito: Fly In The Champagne, com Kelly Slater e Andy Irons.
Comida favorita: Comida da mamãe e Sushi.
Passatempo favorito: Ficar no computador.
Palavra ou frase que usa bastante: A fé na vitória tem que ser inabalável.
Maior obsessão: A princípio era ser o primeiro campeão mundial brasileiro, mas agora que o Gabriel Medina já foi, quero ser o próximo.
Pior hábito: Comer muito doce.
Onde gostaria de morar: Hawaii.
Um herói: Meu pai.
Músicas preferidas: Gosto de tudo um pouco. Gosto bastante de rap nacional e internacional.
Manobra favorita: Batida de backside e tubo.
Melhor lugar que já esteve: Hawaii.
Nunca sai de casa sem: Meu telefone.
Pessoas que mais admira: Minha mãe, meu pai e minha avó.
Principal objetivo: Eu tenho vários objetivos, mas acho que o principal deles é ser feliz, buscando fazer tudo sempre com o maior carinho e amor.
Quando não está surfando, está: Treinando jiu-jitsu ou passeando com meu cachorro.
Qual é o seu home break? Como são as ondas lá?
Itamambuca, Ubatuba (SP). Quando está bom oferece direitas longas e bem manobráveis. Também existem vários outros picos bem próximos que oferecem direitas, esquerdas e tubos.
Qual sua onda preferida? Por quê?
Pipeline, porque é uma onda perigosa e muito boa ao mesmo tempo. É uma onda especial, que oferece tubos incríveis. Faço questão de surfar lá em todas as temporadas.
Quando e como você começou a surfar?
Comecei a surfar aos três anos de idade, usando as pranchas dos meus irmãos Wellington Carane e Suelen Naraísa. Eu sempre ficava em frente ao quiosque da minha avó, na beira d’água e eles me empurravam nas ondas, para eu ir até a areia.
Como e quando começou a competir?
Comecei a competir entre seis e sete anos de idade, em um campeonato Paulista Amador em Ubatuba, na categoria Petit. Já era uma final logo de cara. De seis competidores, fiquei em quarto. Subi no pódio e ganhei um troféu, que foi onde tudo começou, fiquei muito empolgado para competir mais campeonatos.
Quais são as conquistas que te deixam mais orgulhoso?
A primeira dela foi ser campeão mundial na França, no Quiksilver King Of The Groms. Depois foi ser campeão em casa, em Itamambuca, em uma etapa 6 estrelas do WQS, e agora minha entrada no WCT.
Qual a melhor maneira de passar o tempo durante viagens longas?
Quando não tem onda e não estou treinando, sempre estou assistindo a uma novela. Quando estou no Brasil, por exemplo, e minha mãe está assistindo a uma novela, sempre deito no colo dela e fico assistindo junto. Todo mundo fala que sou meio viciado em novela, mas vou fazer o quê? (risos).
Quando você compete uma bateria em casa ou no Brasil, a torcida na areia faz diferença?
Com certeza faz diferença! Você dá muito mais gás quando vê que estão todos torcendo por você. Isso me motiva a conseguir bons resultados em casa. Em Itamambuca, por exemplo, sempre tive uma meta que era de pelo menos fazer final em todos os campeonatos que participei. Sempre dei o meu máximo para atingir esta meta, pois é um lugar onde tenho vários amigos e minha família toda, que estão sempre torcendo na areia.
Como foi a vitória e a torcida no Quiksilver Saquarema Prime do ano passado?
Eu tive muita torcida em Saquarema. Todo mundo sempre falava que eu não surfava bem pra esquerda e nos últimos dois anos eu vim trabalhando muito esse aspecto do meu surf. Antes de sair de casa estava sentado na mesa com a minha família e meu irmão, que é meu técnico. Ele disse que se eu passasse pelo menos três baterias, os pontos de Saquarema contariam bastante para minha classificação ao final do ano. Tinha acabado de voltar da Califórnia, onde treinei muito, e prometi que faria um resultado bom.
Estava muito bem e com as pranchas boas, mas acabei quebrando várias delas. Foi um campeonato em que fui me focando em passar bateria por bateria e consegui vencer. Muita gente achava que eu não conseguiria, até mesmo algumas pessoas da minha família ficaram impressionadas por eu me dar bem e mostrar a todos que surfo bem também nas esquerdas.
Que pranchas você usa?
Hoje em dia estou usando bastante Stretch e agora estou usando Mayhem também, que é meu patrocínio atual, mas também uso algumas prancha do Claudio Hennek. Minhas pranchas variam de 5’9″ a 10’6″, que seria pra Jaws, por exemplo. No Brasil, minha maior prancha é uma 8’8″, que fica na minha casa em Ubatuba, uso ela pra surfar uma laje que temos por lá, onde quebram ondas grandes.
Como é sua rotina de treinos?
Quando estou no Brasil e fora de campeonatos, acordo às 6 da manhã e vou treinar às 7 horas. Volto às 8h30 e treino surf com meu irmão, até por volta de 12h30, quando volto pra almoçar. Depois surfo de novo à tarde e faço jiu-jitsu à noite ou muay thai de vez em quando.
Depois de alguns anos batendo na trave, qual é a emoção de finalmente estar no WCT?
É a melhor emoção do mundo. Mais um sonho realizado. Estou muito feliz por ter conseguido minha vaga para o WCT. Escutei muita gente que não acreditava que eu poderia estar lá dizendo que o “trem havia passado” e eu havia ficado pra trás, mas com foco consegui minha tão sonhada vaga.
Acho que foi um troféu para minha família também. Eu já estava quase desistindo, pois queria me dedicar a surfar ondas grandes e fazer tow-in. Sentei em casa com minha mãe e meus irmãos para fazer um plano, então meus pais propuseram que eu fizesse do jeito deles. Pediram para que eu tivesse o máximo de disciplina e acordasse para treinar bem cedo todos os dias de manhã, então se ao final do ano eu não conseguisse a vaga eu poderia fazer o que quisesse.
O plano deu certo, consegui me classificar e foi incrível!
Quais foram as etapas mais importantes para você na conquista desta vaga?
Foram três as mais importantes. Pipeline no início do ano, em que não estava com a cabeça muito boa, mas mesmo assim acabei fazendo um bom resultado. Depois disso me foquei muito mais.
Em Saquarema foi muito importante também ser campeão no Prime. Eu sabia que ainda precisava de mais um bom resultado, mas não me coloquei pressão. Fui pra Portugal e minha meta era conseguir a classificação antes do Hawaii.
Eu queria me classificar até Maresias, que seria o último Prime antes do Hawaii, mas acabei me classificando em Portugal mesmo e foi incrível.
De onde você tira motivação para correr atrás dos teus objetivos?
Minha maior motivação é ver minha família. Como minha mãe e meu pai chegaram em Ubatuba e onde eles estão hoje. Minha irmã também, que é uma guerreira e bicampeã brasileira. Também tiro motivação de vários amigos meus. A motivação vem de muitas pessoas que me incentivam a focar no que quero. Vários fãs também sempre me mandavam mensagens dizendo que meu lugar era no WCT.
Quais são seus planos para este primeiro ano de WCT? O que você espera encontrar?
Eu gosto muito de trabalhar sempre com metas. Então coloquei uma meta na minha cabeça para fazer o meu melhor, conseguir bons resultados e ajudar o Brasil com mais garra. Minha meta é ser Top 10.
Qual etapa do WCT te deixará mais instigado para competir?
Tem três etapas que eu estou muito instigado para competir: Fiji, Teahupoo e Pipeline.
Normalmente o QS oferece ondas de menor qualidade. O que você acha que muda agora na competitividade dentro da água no WCT?
Em paralelo ao WCT, também continuarei competindo algumas etapas do QS, principalmente aquelas em que meu surf se encaixa e em que já me dei bem. Algumas ondas desse circuito realmente são ruins, mas ele é muito bom para fazer bons resultados, somar pontos e dinheiro.
No WCT normalmente encontramos ondas muito boas em todas as etapas, principalmente algumas grandes e tubulares.
Você tem muitos fãs? Como é sua relação com eles?
Tenho alguns fãs, sim. Muitas pessoas que nem conheço me mandam mensagens de apoio. Recebo todas elas com o maior carinho, como se fosse de amigos, e respondo sempre que possível. Também sou fã de várias pessoas, então acho incrível receber mensagens de pessoas que acompanham meu trabalho.
Ajuda muito! É incrível você passar uma bateria e ter várias mensagens ali. As pessoas sempre mandam aquela vibe positiva, o que me ajuda a ficar muito mais focado.
Só tenho que agradecer aos meus fãs pelas mensagens, apoio e ajuda.