Minha aventura começou desde que desisti de cair em Waimea, de última hora, e comprei um dos últimos tickets que ainda estavam baratos para pegar o swell em Maui. Na correria, porque se eu pensasse muito não iria.
Estava sem lugar para ficar, sem muito dinheiro, sem prancha feita para Jaws, sem um dos coletes ideais, sem barco e sem serviço de apoio de jet-ski. Não estou dizendo que isso é certo, mas era a minha única forma de ir. Ainda bem que meu pai e minha mãe não têm Instagram!
Às vezes temos que agir com aquilo que temos. Se eu esperar até o dia de ter tudo perfeito, posso acabar perdendo oportunidades. Mas tudo tem seu limite. Agora a missão é batalhar por um equipamento melhor, como não canso de dizer: “Faz sim, toda diferença.”
Missão e míssil
Saí de casa às 3 horas da manhã com carona do casca-grossa Paulo Moura para pegar o voo das cinco da matina. Ao chegar ao aeroporto Kahului, de Maui, encontrei com Felipe Cesarano, no qual ficou de me encaixar em uma das caronas para eu conseguir chegar até o cliff de Jaws para pular do tão temido shore break e surfar.
Ao chegar ao cliff, um falso alerta bombou em todos os iPhones de que um míssil atingiria o Havaí. O foco do swell gigante ficou finalmente em segundo lugar por mais ou menos 40 minutos até recebermos outra mensagem de que o alarme era falso… Parece que alguém invadiu o sistema responsável por mandar mensagens em massa pelo iPhone.
Não bastava a adrenalina e suspense de ter que pular das pedras pro mar para surfar Jaws, tinha que ter um pouco mais de pimenta na história desta vez.
Só quem já pulou para o mar das pedras do cliff, sabe o “crazy feeling”. Às vezes pode ser mais perigoso do que surfar a onda de Jaws. Sério! Você tem que esperar o momento certo, senão você pode se machucar ou quebrar sua prancha antes de surfar e dar graças a Deus de ter sido a prancha, não você.
Hora de entrar no mar
Preparei-me, saltei das pedras tranquilamente e graças a Deus me diverti muito. Todo mundo estava esperando pela melhor hora do mar para cair, mas eu aproveitei para surfar logo, antes que ficasse muito crowdeado ou grande demais para mim. A previsão estava insana, não sabia se o mar já ia subir quase tudo naquele dia ou se seria apenas para o dia seguinte.
Peguei uma onda e meia, e Keala Kennelly pegou um bomba linda! Ela é muito sinistra. Eu já estava cansada e com fome, descansando em um dos barcos onde Bianca Valenti, outra surfista de ondas grandes, estava. Acabei não voltando para água, só assistindo ao show mesmo. Próxima vez eu tenho que fazer um esquema melhor de comida, porque as barrinhas de proteína que coloquei dentro da minha veste da Patagonia não foram suficientes.
Quero muito agradecer ao Daniel do resgate, por ter me recebido junto com a galera que ia surfar Jaws. Toda essa ajuda foi muito importante pra mim.
Grande dia! Maior swell da temporada em Pe´ahi
No segundo dia do swell, eu só sobrevivi mesmo! Estava enorme! Acho que foi o maior mar que eu já remei na vida. Escutei que havia ondas de 50 pés. Depois de um tamanho, eu só sei que está gigante, não sou boa com medidas. Eu acho que estava o triplo da onda que peguei no primeiro dia.
Valeu eu ter entrado no mar só por passar do shore break, porque estava muito macabro, muito mais sinistro do que a foto que tenho do primeiro dia. Fora o cenário de um monte de pranchas quebradas nas pedras, várias pessoas saindo nadando, escalando pedras.
Estava tenso! Minha pele tremia, mas não era de frio, era de adrenalina, de medo mesmo. Foi uma vitória só de sobreviver e remar no pico. Obrigada, Senhor, por sempre me ajudar e colocar pessoas maravilhosas no meu caminho.
Dias que sempre ficarão na minha memória. Espero aprender e evoluir mais, para um dia surfar a onda da minha vida nesse lugar. É preciso acreditar e agir!
Obrigada ao Daniel do resgate, @marcelacallado, @yusurf, @danilocouto11, @vinicius, @devin_henning e @michaelafregonese. Obrigada a todos que me ajudaram de alguma forma ou de outra, mesmo com palavras incentivadoras, com uma garrafa d’água do barco, com um abraço ou uma carona! Gracias!