Filipe Toledo teve um início de ano avassalador. Estreou no Tour 2015 com vitória na Gold Coast, em Bells terminou em quinto, em Margaret ficou na 25ª colocação, mas nem mesmo o resultado ruim na última etapa da perna australiana foi capaz de diminuir o ritmo do garoto de Ubatuba, que chegou embalado à Califórnia, sua nova casa, e com uma performance surpreendente, faturou de forma invicta o QS10000 de Lower Trestles.
Com a chegada do Tour ao Brasil, a torcida tupiniquim mostrou como é, realmente, surfar em casa. Foram mais de 100 mil pessoas na areia durante toda a competição, 40 mil brasileiros só na decisão, empurrando Filipinho enquanto ele comprovava ao mundo todo o quão mortal são seus aéreos – se é que em Trestles já não havia o feito. O resultado final, vitória em casa com 19.87 – maior somatório da temporada até agora.
Agora, a próxima parada do Tour são as ondas de Fiji e, dependendo da previsão das ondas, Filipinho provavelmente terá que guardar todo seu vasto e fatal arsenal de aéreos. Conversamos com o garoto sobre seu momento, sua preparação física e psicológica para o ano, e é claro, desentalamos da garganta aquela pergunta que, atualmente, tem ficado engasgada em grande parte da torcida brazuca: Será que Filipe está preparado para ondas maiores do Tour, como Fiji e Teahupoo – próximas paradas no calendário dos Tops?
Confira abaixo as respostas cheias de personalidade do caçula do “Brazilian Storm”.
Comente seu início de ano
Sem dúvida nenhuma, este é o melhor ano da minha carreira. Comecei a temporada vencendo na Gold Coast e com um quinto em Bells Beach. Eu estou com o psicológico muito bom e com a mente blindada. No QS de Lowers Trestles, eu estava ao lado da minha família, amigos, em uma vibe muito boa, e agora, ali é praticamente meu quintal de casa então, vencer lá foi uma injeção de motivação.
Sobre a vitória no Rio Pro*
Foi um sonho vencer este campeonato no Brasil. Desde que me classifiquei para o Tour, tenho sonhado com este dia e me sinto muito confiante agora. Vai ser um ano incrível para mim e para os brasileiros, e espero finalizar entre os tops 5 e lutar pelo título no fim do ano.
Como você se sentiu ao perder a lycra amarela de líder?
Na verdade foi bem tranquilo. Eu sabia que era começo de ano, que ainda tem muita coisa para acontecer e vários campeonatos pela frente. Eu perdi a lycra amarela, mas lá na frente, se Deus quiser, vou fazer de tudo para que ela volte para mim.
Hoje, aos 20 anos de idade, você se sente preparado para ser campeão mundial, ou você acha que isso é questão de tempo?
No ano passado, nós vimos o Gabriel Medina ser campeão muito novo. Ele estava muito confiante, se sentindo praticamente imbatível, e este ano eu estou me sentindo assim. Toda vez que eu chego a um campeonato, antes da bateria eu entro no meu mundo, fico nos meus pensamentos, tento clarear minha mente e fazer com que eu seja o cara mais confiante de todo o campeonato, e isso, até agora, está dando certo. Eu acho que a confiança e a fé, estar ali ligado com Deus, são uns dos principais pontos que nós precisamos naquele momento.
Vendo os bastidores dos eventos, é visível que há uma sintonia muito grande entre todos ao seu redor, ritmo bem parecido ao visto com o Gabriel Medina no ano passado – com toda a família correndo em prol de um sonho. Como a sua família tem participado disso tudo este ano?
Minha família sempre participou e esteve do meu lado nas competições. Eu sempre viajei com meu pai desde que eu me conheço por gente, e é muito bom, eu me sinto bem com isso. Eu sou um cara bem família e e sempre tive uma afinidade grande com todos eles. Gosto de estar próximo dos meus pais e dos meus irmãos – sinto saudade praticamente o ano todo -, mas é sempre bom tê-los ao meu lado dando suporte – isso me ajuda muito -, assim como já ajudou o Gabriel, e ajuda o Miguel e Alejo também. Eu acho que tê-los ao meu lado acrescenta muito na minha carreira como profissional.
Falando em tipos de ondas, você já se mostrou extremamente mortal em ondas menores, que possibilitam aéreos, mas ainda há uma certa dúvida sobre sua performance em ondas maiores, como Fiji, Teahupoo e até Pipeline. Você pensa nessas etapas e em como irá se preparar para elas?
Sem dúvida alguma tem muita gente me perguntando isso, mas como eu falei, meu psicológico está muito bom. Estou com uma confiança muito boa, me sentindo preparado. Estou treinando na Califórnia quando estou por lá, mas a grande verdade é que eu não tenho nada a perder nessas etapas, vou lá, vou me jogar, fazer meu melhor, pois acredito que assim algum resultado bom vai vir.
Foto: © WSL / Kirstin
*Colaborou nessa matéria Ader Oliveira