Gustavo Fildzz é vocalista e um dos fundadores da banda de rock santista Aliados, fundada em 2000. Aos 38 anos de idade, ele divide seu tempo entre os palcos e as ondas. Já foi atleta profissional de ginástica olímpica e pouco antes de abandonar a carreira para se dedicar à música, venceu os títulos brasileiro e pan-americano na modalidade. Em 2004 curou-se de um câncer nos rins, fato que considera uma das maiores vitórias de sua vida. Hoje em dia é no surf que ele encontra bem-estar, saúde e diversão.
Como você começou no surf?
Sou de Santos e sempre gostei do mar, mas apesar de ter nascido e vivido no litoral a vida toda, só comecei a surfar depois dos 30 anos de idade, motivado por alguns amigos surfistas e pelo desafio de aprender algo novo. Rapidamente o surf se tornou uma necessidade básica para viver bem, aliviar o stress e me conectar com Deus.
E na música, quais suas primeiras lembranças?
Em casa sempre escutei muita música, minha mãe é formada em piano clássico e cantava na igreja. Aos 9 anos de idade tive uma breve iniciação musical com aulas de flauta doce e piano. Comecei a compor e cantar depois dos 20 anos de idade, um pouco antes de fundarmos a banda Aliados.
Playlist by Gustavo Fildzz:
Qual a relação entre o surf e música pra você?
Hoje pra mim é total. Curto ouvir um som pra instigar o surf e curto fazer um som pra instigar o surf. Ainda vou fazer um clipe com surf. Toda session precisa de uma trilha sonora e algumas se tornam referência, como aquela session do Mark Occhilupo com Everlong do Foo Fighters, no The Occumentary, do Jack McCoy.
“Esperança” – Versão plugada:
Como você enxerga a cena do rock nacional hoje em dia?
Difícil, mas quem curte rock é fiel, tenho ido a muitos shows de rock de bandas internacionais lotados, ou seja, público consumidor de rock existe, mas acho que a mídia é cúmplice desse momento da música brasileira e a nossa cultura reflete nisso.
E a cena do surf nacional?
É o resultado de um trabalho a longo prazo. Enche de orgulho estar na torcida pra ver essa nova geração do surf fazendo a alegria do nosso país.
“Pra ser feliz” – Com participação especial de Di Ferrero:
Você tem uma história de superação muito bonita e se curou de um câncer em 2004. A música teve alguma participação neste processo de cura? O surf veio depois?
A música esteve sempre presente e até hoje essa passagem é uma reflexão para mim. Somos uma banda reconhecida pelas mensagens, naturalmente presentes em nosso DNA. Muitas de nossas músicas remetem à superação e nossos fãs se identificam com isso. Dentro do nosso repertório, posso citar “Sorrindo”, “O Medo do Fim” e “Desapego” criadas antes da doença e “Perto de Mim”, “Esperança”, “Águas Passadas” e “Pra Ser Feliz” feitas depois. São canções que levam uma mensagem de superação.
O surf é uma terapia para o meu corpo, minha mente e minha alma. Apesar de ter começado a praticar depois da doença, hoje é o esporte que me ajuda a manter a saúde e o bem estar.
Discografia da banda Aliados:
Você já foi atleta de ginástica olímpica. Isso influencia de alguma maneira no teu surf?
O atleta aprende a se dedicar, se concentrar, perseverar e superar. Acho que isso ajuda no surf e na consciência corporal também, mas hoje meu maior interesse é na qualidade de vida, saúde, bem estar e diversão.
Você surfa ou toca mais?
Estou sempre na correria com o Aliados, que é o meu trabalho. Além dos shows, sempre rolam outros compromissos, muitas vezes à noite, mas quase sempre sobra a luz do dia pro surf.
Às vezes sacrifico horas de sono para conciliar, pois sei que se perder aquele mar perfeito e sem crowd, que é raridade (risos), vou me sentir pior, mesmo tendo dormido até tarde. Hoje sou um daqueles fissurados que fica acompanhando as previsões em busca das melhores ondas pra se divertir.
“Sorrindo” e “Hoje a noite não vai acabar” – Ao vivo:
E o teu projeto com o Pauê Aagaard?
Pauê é um grande amigo e inspiração, no surf e na vida. A convite dele fundamos a SOL Cidadão, uma Osip que tem o foco na conscientização humana. Com o Aliados também participamos de algumas ações sociais. Temos um videoclipe gravado na Casa Ronald SP em parceria com o Grupo Camaradas, que cuida de crianças e adolescentes com câncer e doamos a monetização do clipe no YouTube para o projeto. É a música “Esperança” versão plugada.