Estava na Indonésia e fui para África do Sul para correr o Prime de Ballito, de lá fui para J-Bay para curtir aquelas direitas maravilhosas e sentir o clima do CT. Antes de falar da viagem em si, vou antecipar o assunto que está preocupando todos os surfistas e seus familiares: possibilidades de ataques de tubarões.
Em qualquer praia existem riscos, já tive a presença deles em algumas, lembro bem de uma vez com meus irmãos na praia do Sul e do Leste na Ilha Grande. Tínhamos acabado de surfar, subimos na lancha e ele passou do nosso lado. Em J-Bay mesmo, quando tinha 12 ou 13 anos, eu e meu irmão avistamos um e saímos rapidinho da água. Já ouvi várias histórias de tubarões passarem do lado, mas sem ataques.
Acontece que a maior incidência de presença e ataques são na Austrália e África do Sul. Cheguei em J-Bay dia 3 de julho e fiquei lá até o dia 12. Várias vezes fui o primeiro a entrar na água, ainda à noite, e confesso que sempre um pouco grilado. Por vários dias apareciam dezenas de golfinhos que chegavam a surfar conosco, mas da hora que apareciam até identificar que eram golfinhos, dava um medo. Algumas vezes amigos saiam da água dizendo que tinham visto tubarões. Houve registro de um tubarão de 15 pés na praia ao lado. Mas nada que realmente nos fizesse desistir de surfar ali.
Poucos dias depois que fui embora, assisti junto com milhões de pessoas àquela cena terrível. Fiquei sem ação e totalmente apreensivo esperando o desfecho daquela situação, que graças a Deus foi ótimo dentro das circunstâncias. Mick, um dos surfistas mais admirados do mundo, saiu de uma situação tão adversa sem nenhum arranhão. A questão é, e agora? Continuarão os campeonatos em locais de risco? O que poderemos fazer para minimizar estes riscos? Poderemos desrespeitar um pouco os tubarões e nos cercar de alguns itens de segurança como redes? Estas dúvidas devem ser debatidas, mas as vidas dentro do possível têm que ser preservadas.
A África do Sul é um país lindo e muito barato para ser explorado. O povo é hospitaleiro e tem altas ondas. No campeonato Prime, ganhei uma bateria e fiquei em terceiro na outra, mas Alejo Muniz quebrou e garantiu o seu retorno ao CT em 2016, me deixando bastante feliz, pois é um atleta exemplar. Com relação ao CT, convivi alguns dias com os surfistas, os brasileiros estão muito bem, mas me impressionou o profissionalismo e disciplina de Mineirinho, é um exemplo.
Como chegar
Fui de Bali para Johanesburgo e de lá para Durban, mas se sair do Brasil, ida e volta fica por volta de US$ 1 mil. Cada perna leva cerca de 10 horas e a South Africa tem voos diretos e sem muita burocracia para as pranchas.
Locomoção / Hospedagem Balllito
Em Durban, aluguei um carro cerca de US$ 35 / dia e segui para Ballito, que fica a 30 km e a estrada é ótima. Dá para ficar em Ballito e conferir os shoppings de Durban, pois é muito perto. Hospedei-me em um flat Le Ballito, a 100 metros da praia por US$ 50 / dia para um apartamento para quatro pessoas. Mas há outros na frente da praia com bons preços também (Kenwyn-on-sea, Beachcombers e outros).
Gastronomia
A comida é impressionantemente barata, come-se bem de 5 a 10 dólares em bons restaurantes e com vinhos bons e baratos também. Cuidado com a pimenta, passei mal um dia.
O que fazer em Ballito
Toda orla é bem charmosa e tem uma pista de corrida e caminhada muito boas. São aproximadamente 2km de praias divididas por moles de pedras. Não peguei nenhum mar especial, mas as ondas são bem divertidas, e não precisa de prancha grande. Nesta época tem que cair com roupa de borracha. Do lado do flat, Le Ballito tem um pequeno shopping com uma loja de surf onde você pode fazer reparos em sua prancha caso necessite. Tem baladas à noite para quem gosta, também com preços acessíveis e bem frequentadas.
Locomoção / Hospedagem J-Bay
Em Porth Elizabeth, aluguei um carro e fui para J-Bay, são 80 km de boa estrada, me hospedei no Supertubes Guest House, em frente ao pico, é um pouco mais caro, mas tem um tremendo café da manhã e um cara chamado Winston que atende muito bem. Existem várias opções de hospedagens com bons preços semelhantes a Ballito. Também se come muito bem com preços baixos, igualmente para os vinhos. Comi todos os dias no restaurante Nina’s, muito bom e com muita variedade de pratos.
Melhores picos
Para surfar, o a melhor onda é Supertubes, mas há outras opções 1km para esquerda e 2km para a direita do pico. Quando o swell alinha certo, forma uma das melhores direitas do mundo, infelizmente não peguei nenhum dia tão especial, mas foi bem legal. No fim da rua principal tem uma oficina que conserta pranchas caso necessite. Para Supertubes é prudente levar umas pranchas um pouco maiores. Tipo 6’2.
Para mais informações, siga o atleta no Instagram @lsilveira96, acompanhe o blog http://lucassilveiradosurf.blogspot.com.br/ ou a página de Lucas no Facebook.