Entre os dias 24 a 27 de setembro, aconteceu a 6ª edição da Conferência Mundial de Medicina de Surfe (The World Conference on Surfing Medicine) em Newquay, Inglaterra.
Promovido pela Surfing Medicine Internacional, o encontro abordou muitos assuntos interessantes como o surfe nas olimpíadas, o papel do surfe na preservação ambiental, câncer de pele, dentre muitos outros. Mas, o que mais chamou a atenção, foi o surfe como terapia.
Sim, está provado cientificamente que a prática desse abençoado esporte tem bons resultados terapêuticos. Na Holanda, um grupo de fisioterapeutas introduziu uma rotina de surfe aos pacientes com sequelas neurológicas causadas por acidente vascular cerebral (AVC) e observaram uma melhora significante em suas funções motoras.
Na Inglaterra é utilizado como tratamento de diversas doenças psiquiátricas infantis, nos EUA existe um programa para ex-combatentes do exército para amenizar os traumas de guerra e no Brasil temos alguns programas para autistas e desabilitados motores.
Porém, ainda são muitos poucos programas e na maioria iniciativas criadas por ONGs. Nosso país faz muito bonito nos campeonatos, mas necessitamos de muito mais incentivo, não só ao surfista, mas ao surfe e a programas como esses.
Mas quais os “princípios ativo” desse remédio? São diversos:
– Ativação muscular global (membros e tronco), estimulando o equilíbrio
– Melhora da função cardiopulmonar
– Melhora da ativação neuromuscular, através dos estímulos constantes de reflexo e propriocepção
– Diminuição da ansiedade promovendo um estado de relaxamento
– Melhora da atenção e foco
– Melhora da autoestima e confiança
– Liberação de endorfina
– Melhora da relação entre paciente e terapeuta
Além de todos esses citados, a integração com a natureza e com a água do mar possui uma magia particular inexplicável.
O surfe vai além do esporte. Vivemos na era das piscinas de onda, o parque de diversão de qualquer surfista. Essa nova modalidade pode ampliar ainda mais o poder terapêutico do surfe, promovendo a saúde para aqueles que não possuem fácil acesso à praia, em um ambiente controlado pelo homem.
Por essas e muitas outras razões o campo da medicina do surfe cresce cada vez mais, com diversos estudos na área e novos projetos acontecendo. Ano que vem, a Conferência Mundial de Medicina do Surfe (WCSM19) será na Austrália, aguardamos todos lá!
É preciso cuidar bem do surfe porque ele cuida muito bem de nós…uma “dose” de surfe, pode ser o melhor remédio para aquele seu velho problema. Surfe é saúde!
Dr. Guilherme Vieira Lima, o Guiga, é especialista na área de medicina esportiva e médico da Surfing Medicine International. Para saber mais sobre o seu trabalho, siga o perfil @SurfeSaude no Instagram.