Jaguaruna

O despertar da Laje

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A chuva na região sul do Brasil durou por quase dois meses. O rei sol, que não aparecia por muito tempo, quando decidiu surgir, trouxe consigo um bom swell de sul / sudeste.

A equipe da ATOWINJ vinha monitorando os gráficos durante toda semana, e sabia que havia a possibilidade do swell ser bom. Hoje, podemos dizer com muita convicção que vivemos e respiramos em prol de dois picos de ondas grandes em Santa Catarina, a Praia de Jaguaruna e o Farol de Santa Marta. Esses dois sustentam as maiores ondulações que quebram pelo litoral brasileiro.

No último sábado (07/11), não foi diferente e a função, dessa vez, foi nas mutantes ondas da Laje da Jagua. Temos um grupo nas redes sociais no qual analisamos juntos todos os swells que entram na costa brasileira. Através das análises, vimos que esse swell não seria dos maiores, mas como o período era alto, chegando aos 14 segundos, a laje poderia mostrar suas garras. Agilizamos todas as funções, que não são poucas, e organizamos mais uma barca para off shore atrás das grandes ondas.

Na barca estiveram presentes: Fabiano Tissot, João Baiuka, Jarvis Gaidzinski, Richard Fretta, M. Morona, Thiago Jacaré, o piloto do barco Marcos Vinicius e os cinegrafistas Lucas Barnis e Rafa Shot.

Quando chegamos ao pico, logo de cara vimos que a onda seria a direita. Séries de aproximadamente 10 pés com algumas maiores quebraram na rasa bancada da Laje. Nossa ideia inicial era surfar a onda na remada, mas como a ondas estava quebrando muito na pedra decidimos arriscar primeiro um tow-in. João Baiuka logo foi pra água e de cara já veio numa boa onda da série. Baiuka é membro da Atowinj e um dos locais mais casca grossa do Farol de Santa Marta. Jarvis, que representa a família Gaidzinski do falecido Alexandre, Xande, um dos pioneiros do surf de ondas grandes no Farol e que veio a falecer ali mesmo na Laje da Jagua há alguns anos mergulhando, foi o segundo a ir para tow-in e surfou boas ondas. 

Depois foi a minha vez. Dessa vez quem me rebocou foi Fabiano Tissot, como diria o big rider Luis Roberto Formiga “o garçom oficial da Laje”. Tissot tem o feeling do reboque no pico, mesmo ficando muito tempo sem rebocar, se dedicando muito a remada, chegou e deu um show à parte. Pilotou tão bem, que logo na minha primeira onda me lançou num dos tubos mais irados que já surfei na Laje. Foi tudo tão rápido que os caras que estavam registrando nem conseguiram capturar direito a onda, mas a onda da Laje tem dessas coisas. Depois dessa, peguei mais umas cinco ondas e fiquei com a cabeça feita.

Logo, foi a vez do Tissot ir pro surf, então trocamos de posto e eu fui rebocá-lo. O cara estava fora da casinha (risos). Vinha lá de trás e botava pra dentro dos tubos com muita insanidade, bem em cima das pedras que borbulhavam a todo vapor na rasa bancada. No final da sessão, ainda encaramos umas ondas na remada, pois o vento nordeste apertou e a maré virou deixando a onda melhor para esquerda.

“Nunca imaginava que veria ondas assim aqui mesmo no Brasil, essa onda merece respeito e é sem dúvida a pérola do big surf no país”, relatou M. Morona em sua primeira trip no pico.

As imagens no pico através de vídeos foram feitas pelo local Lucas Barnis que trabalha com a equipe desde 2009 e as fotos captadas pelo mestre das lentes, Rafa Shot, fotógrafo que vive registrando momentos incríveis das ondas pela região.