Billabong Pro Tahiti

Slater volta ao topo

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Kelly Slater vence o Billabong Pro Tahiti e quebra jejum de vitórias na elite mundial. Foto: © WSL / Cestari.

 

Com uma campanha espetacular no Billabong Pro Tahiti, arrancando quatro notas 10 durante a prova, o norte-americano Kelly Slater voltou a vencer uma prova do Championship Tour nesta terça-feira, em Teahupoo.

Clique aqui para ver o vídeo das finais

Desde dezembro de 2013 sem faturar um evento da elite mundial, Slater mostrou continua em forma e quebrou o jejum aos 44 anos, dando um verdadeiro show na bancada taitiana.

Na final, o lendário atleta desbancou o havaiano John John Florence, que ficou precisando de uma combinação de notas para reverter a situação.

Depois de ver Florence sair na frente com 8.00 e 7.23, Slater não se abalou e reagiu com 9.77, tomando a liderança com 8.57 em sua segunda onda.

Não satisfeito, o norte-americano disparou na liderança com 9.90 e complicou de vez a vida do adversário. Ainda deu tempo de descartar 7.40 em sua despedida da final.

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John John Florence fica com o vice e assume a liderança isolada do ranking. Foto: © WSL / Cestari.

 
O duelo marcava uma revanche entre Slater e John John. Derrotado por Kelly Slater numa semifinal histórica em Teahupoo no ano de 2014 – na etapa vencida por Gabriel Medina -, o havaiano acabou sofrendo a sua oitava derrota em 13 confrontos com o adversário.

A última vitória de Slater em etapas do Tour havia sido justamente contra John John Florence, em dezembro de 2013, em Pipeline.

“Quando olho para trás, esta certamente será uma das melhores vitórias que já tive”, disse Slater. “Ter John John na final é um sonho para mim. Não é segredo que estou chegando ao fim da minha carreira. John John e Gabriel estão em suas trajetórias e esses caras são monstros. John John é o surfista predileto de todos nós, então quero ver quantas baterias posso ter com ele antes que eu me aposente, e aqui, onde ele e Gabriel são os favoritos. É um momento muito especial para mim. Estou amarradão”, falou o campeão.

Slater comentou também a sintonia com as ondas no último dia do Billabong Pro Tahiti. Eu estava nas ondas certas, eu estava em sintonia e totalmente relaxado o tempo todo. Estar nessa final com John John e perder não seria problema algum para mim. Eu estava encarando cada bateria como um bônus. Eu tive uma campanha muito ruim, historicamente, ao longo dos últimos dois anos, que qualquer coisa seria boa”, declarou o norte-americano.

Antes de encarar o amigo na decisão, o atleta da Flórida recebeu o prêmio Andy Irons Forever, destinado ao surfista mais atirado de cada edição do evento em Teahupoo.

“Eu estou muito feliz, tenho trabalhado por isso há anos“, revelou Slater. Andy estaria igualmente louco e amarradão porque eu ganhei isso. Na última vez em que surfei contra Andy, ele estava aqui em Teahupoo e ganhou o evento. Foi sua última vitória, e eu perdi para ele nas semifinais. Foi uma bateria muito especial para mim e isso é um prêmio muito especial. Isso é irado e eu não posso esperar para colocar o prêmio em minha casa. Sinto como se já tivesse vencido o evento“, falou antes da decisão.

Novo líder

Apesar da derrota na final, John John Florence tem motivo de sobra para comemorar. Depois de chegar à semifinal e superar o brasileiro Gabriel Medina em uma batalha épica, o havaiano já foi para a decisão com a liderança garantida do Tour e vai usar a lycra amarela pela primeira vez na carreira na próxima etapa, em Trestles, Califórnia (EUA).

“Estou muito amarradão por ser o líder do ranking”, comemorou John John. “Mas, por outro lado, é apenas uma lycra amarela e o que conta é o fim do ano. Ainda há muito o que rolar”, contou o havaiano.

Derrotado na semifinal, Medina permanece em terceiro lugar na temporada e está a apenas 300 pontos do vice-líder Matt Wilkinson e a 4.200 de John John, que possui 39.900.

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Gabriel Medina perde em duelo acirrado na semifinal. Foto: WSL / Poullenot.

 
Bateria perfeita

O último dia do Billabong Pro Tahiti foi marcado por um festival de notas máximas. O bicho começou a pegar logo cedo, na quinta fase, quando Kelly Slater encarou o havaiano Keanu Asing.

Asing começou encontrando os melhores tubos e colocando vantagem com 8.33 e 6.37. Slater foi pegando o ritmo na água e fazendo boas notas, até descolar uma nota 10 em um cilindro incrível.

Não demorou muito para o experiente atleta mandar 8.10 e deixar Keanu em situação complicada. Em ritmo eletrizante, Slater novamente partiu em busca de uma onda sensacional e arrancou outro 10 depois de jogar pra dentro do tubo sem colocar as mãos na borda.

“O primeiro 10 da bateria foi uma onda mais difícil, mas o segundo foi num tubo maior, mais perfeito, clássico”, diz Slater. “Achei que o primeiro foi muito mais difícil, então não tinha certeza se eles (os juízes) me dariam um 10 na outra onda. Se pegasse aquele segundo tubo em qualquer outra bateria eles provavelmente me dariam um 10. Tenho me sentido bem durante toda a semana. A minha primeira bateria foi um pouco devagar e tive que ralar naquela primeira vitória contra Michel (Bourez). É por isso que o Championship Tour é tão acirrado atualmente. Se Keanu (Asing) pegasse aquela onda, eu teria perdido. A bateria muito apertada. Uma bateria perfeita não vai acontecer muitas vezes em sua vida, então estou amarradão”, comemora Slater.

Foi a nona vez na história do Championship Tour que um atleta completou o somatório máximo. Em 2005, Slater também registrou duas notas 10 numa mesma bateria em Teahupoo, daquela vez numa final contra o conterrâneo Damien Hobgood.

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Bruno Santos descola o quinto lugar. Foto: WSL / Poullenot.

 
Revanche com Bruninho

Nas quartas de final, Slater conseguiu outra nota máxima em Teahupoo e desequilibrou o duelo com o brasileiro Bruno Santos.

Bruninho começou forte, com 9.63, mas Slater respondeu bem, somando 9.27.

A bateria estava bastante equilibrada até o niteroiense usar a prioridade em uma onda pesada, mas que não quebrou tubular. Pouco tempo depois, o norte-americano teve a chance de arrancar a sua terceira nota 10 nesta terça-feira e a quarta no Billabong Pro Tahiti 2016.

Kelly sumiu por dentro de outro canudo e venceu a bola de espuma para ser novamente premiado com nota máxima pelos juízes.

Com a performance do norte-americano, Bruno Santos passou a buscar 9.65 para vencer e até fez algumas tentativas, mas suas notas 7.80 e 6.90 não foram suficientes.

Mais 10

Ainda pelas quartas, o australiano Julian Wilson chegou a entrar para a galeria de notas 10 em Teahupoo com um belo canudo contra John John Florence, mas perdeu o duelo por 17.34 a 16.60 pontos.

Depois de superar o compatriota Jadson André em um duelo muito acirrado na quinta fase, Gabriel Medina cresceu de produção em Teahupoo e massacrou o australiano Josh Kerr nas quartas com uma performance fantástica.

Medina deu um show de tubos e somou 8.93 e 8.97 nas duas melhores ondas, dando-se ao luxo de descartar 7.33, 7.47, 7.50, 7.67, 8.43 e 7.63. Todas as seis notas descartadas entrariam no somatório do seu adversário, que obteve 6.17 e 7.23.

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Jadson André cai em bateria muito acirrada com Gabriel Medina. Foto: WSL / Poullenot.

 
Duelo épico

Na semifinal, Medina chegou a descolar o último 10 do Billabong Pro Tahiti, mas perdeu para John John Florence na bateria mais emocionante de toda a prova.

Medina e Florence deram show do início do início ao fim e levaram a galera ao delírio.

Com uma virada nos minutos finais, o havaiano superou o brasileiro por 19.66 a 19.23, seguindo para enfrentar Kelly Slater na grande final.

No melhor momento da bateria, Medina arrancou uma nota 10 em um cilindro espetacular e logo atrás John John veio com tudo de backside para receber 9.93 dos juízes.

A virada veio nos minutos finais, em uma onda sem muito tamanho, mas muito bem surfada por Florence, que buscava 9.31 e conseguiu 9.73.

“Foi uma bateria muito divertida”, disse Medina. “John é sempre duro de ser batido em qualquer lugar. Nós pegamos boas ondas. Hoje foi o seu dia. Estou ansioso por Trestles”, resumiu o brazuca.

A outra semi foi vencida por Slater, que levou a melhor sobre o australiano Adrian Buchan com notas 9.63 e 8.77, contra 8.17 e 7.93 de Buchan.

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John John Florence e Kelly Slater celebram no pódio. Foto: © WSL / Cestari.

 
Resultado do Billabong Pro Tahiti 2016

1 Kelly Slater (EUA)

2 John John Florence (HAV)
3 Gabriel Medina (BRA)
3 Adrian Buchan (AUS)
5 Julian Wilson (AUS)
5 Josh Kerr (AUS)
5 Kolohe Andino (EUA)
5 Bruno Santos (BRA)
9 Jadson André (BRA)

Ranking do Championship Tour 2016 depois de 7 etapas

1 John John Florence (HAV) 39.900
2 Matt Wilkinson (AUS) 36.000
3 Gabriel Medina (BRA) 35.700
4 Adrian Buchan (AUS) 26.200
5 Julian Wilson (AUS) 25.200
5 Jordy Smith (AFR) 25.200
7 Adriano de Souza (BRA) 24.900
8 Kelly Slater (EUA) 24.450
9 Italo Ferreira (BRA) 24.000
10 Mick Fanning (AUS) 23.450
11 Kolohe Andino (EUA) 21.650
12 Sebastian Zietz (HAV) 21.500
13 Michel Bourez (PLF) 21.200
14 Josh Kerr (AUS) 20.200
14 Joel Parkinson (AUS) 20.200
16 Caio Ibelli (BRA) 19.950
17 Filipe Toledo (BRA) 18.950
18 Wiggolly Dantas (BRA) 18.900
19 Nat Young (EUA) 16.650
20 Dusty Payne (HAV) 14.950
21 Kanoa Igarashi (EUA) 14.500
22 Miguel Pupo (BRA) 13.200

Próximos brasileiros

26 Alejo Muniz (BRA) 12.000
28 Jadson André (BRA) 11.750
37 Bruno Santos (BRA) 5.200
38 Alex Ribeiro (BRA) 4.750

Veja alguns tubos de Kelly Slater

Veja o incrível duelo entre Medina e John John na semi

Melhores momentos da final

Veja a campanha de Slater

Veja a campanha de John John