O final de semana mais importante do SUP race mundial aconteceu nos últimos 30/09 ao 02/10, com a realização do Pacific Paddle Games. Como já era esperado, as maiores feras do esporte marcaram presença nas areias e águas de Dana Point, Califórnia (EUA), para testarem seus limites no mais alto nível que existe.
DIA 01 – As disputas começaram na sexta-feira (30/09) com as provas de paddleboard. Primeiro a race de longa distância, vencida pelo australiano Matt Poole e pela guarda-vidas norte-americana Carter Graves, na categoria profissional masculino e feminino respectivamente.
Em seguida, na race técnica, com elevado grau de dificuldade devido às ondas, os dois vencedores da longa distância novamente subiram ao pódio na primeira colocação.
A sexta-feira foi também marcada pelo início das baterias eliminatórias do race técnico, considerada a prova mais emocionante e disputada entre todas que foram realizadas na PPG 2016. Ao final da competição, os vencedores da categoria profissional seriam aqueles que obtivessem a melhora somatória de resultados entre as provas técnicas e de longa distância.
Apenas quatro competidores brasileiros marcaram presença: Guilherme Dos Reis, Vinnicius Martins, Caio Vaz e Lucas Belchior. E, ainda que eles tenham representado muito bem nosso país, é uma pena que dentre tantos atletas de qualidade que temos por aqui, somente esses remadores brazucas participaram de uma prova tão importante. Acredito que para um atleta de alto nível, nada deve ser mais gratificante do que competir entre os melhores. Dessa forma, foi realmente uma pena não termos muitos brasileiros na prova. Talvez isto seja um reflexo da crise econômica pela qual atravessa nosso país ou falta de visão de empresários e atletas. Difícil julgar, mas, deixo o questionamento no ar para refletirmos.
O lado bom dessa história é que todos os quatro mandaram muito bem no dia 01. No entanto, Guilherme teve um grande susto logo ao chegar à praia. É que o atleta não se atentou para o fato de que a categoria profissional (Elite) da PPG é disputada com pranchas 14 pés. Sem saber disso, Guilherme viajou com duas races 12’6” e quando chegou ao local de competição teve que correr atrás de uma prancha 14 pés.
Uma falha boba que poderia ter custado muito caro ao atleta. É certo que essa foi sua primeira viagem internacional para competir, e a gente deve dar um desconto para o garoto, mas, esse é o tipo de falha que só se comete uma vez. Que fique a lição!
Enfim, voltando à disputa. Guilherme passou em segundo em sua bateria, competindo com uma 14 pés larga e lenta, emprestada pelos donos da marca Riviera que, após perceberem o potencial do garoto, prontamente ofereceram outra, mais veloz, com 24″ de meio, para ele competir nos outros dias de prova. Ainda sim uma prancha larga para os padrões do Gui, que usa races com 22″ de largura.
Vinnicius, nosso atleta mais experiente em provas internacionais, Lucas e Caio, também avançaram no dia 01.
DIA 02 – No sábado, nova rodada de baterias eliminatórias, feira bombando na praia, eventos paralelos e bateria amadoras. A PPG é mais do que uma competição. É também um grande encontro entre shapers, fabricantes, atletas, empresários e entusiastas do esporte. Tudo isso apresentado ao mundo através de uma transmissão ao vivo de alto nível, apontada como a melhor já feita em uma prova de SUP.
Na água, novo show protagonizado pelos remadores nas eliminatórias da race técnica. Nomes conhecidos pelo grande público foram, a cada nova rodada, ganhando destaque: Travis Grant, Connor Baxter, Zane Schweitzer, Titouan Puyo, Mo Freitas, Kai Lenny, Dany Ching entre os homens e Annabel Anderson, Candice Appleby e Olivia Piana, entre as mulheres, foram alguns dos destaques do dia em que as baterias avançaram até as semifinais.
Caio Vaz e Lucas Bechior pararam nas quartas, enquanto Vinnicius Martins parou na semifinal e por muito pouco não conseguiu uma vaga na grande final marcada para domingo.
Em uma prova de nível tão alto, remadores consagrados como Casper Steinfath, Trevor Tunnington e Toby Cracknell, também não consguiram uma vaga na cobiçada finalíssima.
Guilherme Dos Reis, no entanto, remou forte e garantiu sua vaga entre os 16 remadores mais rápidos do planeta. Um feito e tanto para o jovem que recém completou 18 anos e competiu com uma prancha emprestada.
DIA 03 – O domingo encerrava as disputas do PPG 2016. O dia foi marcado pela prova de longa distância de SUP race e pela final da race técnica. O remador que obtivesse o melhor resultado em ambas ficaria com o título “overall” da prova e levaria para casa um cheque de US$ 8.000,00, tanto no Masculino, quanto Feminino.
A manhã começou com a race de longa distância. Fortes ventos tornaram a disputa ainda mais extenuante. Superando as condições desafiadoras, após remarem por cerca de 15 km, a neozelandeza Annabel Anderson e novato australiano Michael Booth, foram os primeiros a cruzar a linha de chegada.
A briga pela segunda colocação no Masculino foi eletrizante. Depois de remarem parelhos por quase uma hora, Connor Baxter e Georges Cronsteadt definiram a segunda colocação da prova somente na corrida, já na areia, em direção à linha de chegada, com Baxter chegando à frente por apenas três décimos de segundo.
Vinnicius Martins foi o primeiro brasileiro na prova, chegando na 13ª colocação. Guilherme Dos Reis chegou 44º e Lucas Belchior em 52º.
Em seguida, mais de 200 remadores das categorias amadoras entraram em ação para disputas em circuitos de 3 e 6 milhas. Um tempo precioso para que os 16 finalistas da race técnica recuperassem o folego e as energias gastas na prova de longa distância.
Finalmente, com o termino das provas amadoras, chegava a hora da prova mais aguardada de todo final de semana: a grande final do race técnico.
Primeiro, foi a vez das mulheres. A jovem Shae Foudy, de apenas 17 anos, teve uma largada impressionante, porém, aos poucos, Annabel Anderson e Candice Appleby se aproximaram e a briga ficou polarizada na três remadoras.
Quando elas se aproximaram da boia final, Foudy caiu da prancha enquanto Anderson seguiu firme rumo à liderança e tudo indicava que a kiwi seria a campeã overall da prova. No entanto, uma escolha ruim de onda, somada a um mau posicionamento, fez quem que a neozelandesa ficasse longe da última boia de contorno e isso abriu uma oportunidade preciosa para que Candice a ultrapassasse para se sagrar a campeã da prova técnica e também overall. Em uma prova com esse nível técnico, qualquer erro pode ser fatal. E foi o que aconteceu.
Chegava a hora da grande final masculina. Mo Freitas, que ficou fora da prova de longa distância devido a fortes dores nas costas, largou forte e assumiu a liderança com boa vantagem sobre os demais competidores que se acotovelam em um enorme grupo de “monstros do SUP” e, entre eles, o brasileiro Guilherme Dos Reis.
O momento decisivo da prova ocorreu na segunda volta da corrida (eram três voltas no total), quando Kai Lenny, Slater Trout e Connor Baxter conseguiram surfar uma boa onda e alcançar Freitas.
Os quatro então formaram o pelotão de Elite (a elite da Elite) e brigaram pela primeira colocação até o fim, mas foi Connor quem conseguiu se sobressair sobre os demais cruzando a linha de chegada na primeira colocação.
Guilherme Dos Reis terminou a prova na 15ª colocação, fazendo bonito em sua primeira participação internacional, mostrando ao mundo que certamente irá dar muito trabalho daqui pra frente.
Com a soma dos resultados, Baxter foi o campeão da Overall, seguido pela revelação de 2016 Michael Booth (AUS).
O dia terminou com uma divertida batalha de tag team entre marcas vencida pela equipe starboard.