Orgulhoso de ser um dos únicos e últimos profissionais no mundo do surf que se dedicam exclusivamente às fotos, Basilio Ruy pode ser chamado de testemunha ocular do Hang Loose Pro Contest. Ele trabalhou na cobertura jornalística do histórico evento de 1986 na Praia da Joaquina, em Florianópolis, e ainda tem na memória vários momentos marcantes.
Agora, 30 anos depois, o paulista radicado em Florianópolis não só recorda, como estará em ação novamente, trabalhando no retorno do evento para a capital catarinense, no mesmo estilo. “Muito legal a ideia de reviver o Hang Loose e, mais ainda, estar com saúde e na ativa para poder ser novamente convidado, como fui, para trabalhar. Com certeza vai ser emocionante”, afirma.
Com início marcado para esta terça-feira (1º), o Hang Loose Pro Contest 30 anos, etapa 6000 da WSL Qualifying Series, reunirá 144 surfistas de 22 países, sendo 86 estrangeiros na reta final do ranking que classifica os 10 melhores para a elite mundial de 2017. O evento celebra os 30 anos do emblemático campeonato, que colocou o Brasil de volta ao Circuito Mundial e segue até domingo, contando com 11 atletas do CT, incluindo os campeões mundiais Gabriel Medina e Adriano de Souza.
Aos 60 anos, Basílio continua em plena atividade na beira do mar, registrando os surfistas, com seu jeito descontraído. Em 1986, trabalhou na cobertura na Joaquina pela Revista Fluir. “Tinha acabado de chegar de uma viagem pelo Mundo de um ano e meio. Fiquei morando 10 meses no Havaí em 85, passei pelo Japão, Indonésia, Europa e quando voltei, a Fluir me mandou para lá”, conta.
“Não acreditei no que vi. O público, onda e muita festa. O governador na época era o Esperidião Amim e abriu a casa do Governo para uma recepção de gala para os atletas e imprensa. Por sinal, tem surfistas que encontro e até hoje lembram daquela recepção”, lembra Basílio, que tem como a foto marcante, uma panorâmica da praia lotada. “Era muita gente. Essa foto foi usada na abertura da matéria da Fluir”, destaca.
O início na profissão de fotógrafo de surfe havia começado um pouco antes e desde 1983 atuava profissionalmente com a Fluir. “Comecei com fotografia médico-científica em 1976 e meus brothers na época pediam para eu levar a câmera para o litoral (norte paulista). Na época, não tinha alma viva em Camburi, Maresias”, recorda, também citando a diferença de material.
“Nos anos 80 era tudo analógico né? Só revelávamos o material depois de terminar tudo. Hoje, se não está legal, você repete. Tem tudo online. A agilidade é muito grande”, argumenta Basilio, orgulhoso de ter visto todos os talentos da geração que vêm fazendo história no Circuito Mundial surgirem e crescerem. “Estamos muito bem, com um time de responsa. Garotos surfando demais e com muitas chances de mais títulos pela frente”, completa.
Para quem não puder acompanhar o Hang Loose Pro Contest 30 anos, as disputas serão transmitidas ao vivo pela Worldsurfleague.com.