Arpoador Surf Club

Campeões definidos

0

No ano em que completa 10 anos de parceria com a Osklen, a associação dos surfistas do Arpoador (Arpoador Surf Club), realizou nos dias 30 e 31 de outubro a quarta e última etapa do circuito local da praia do Arpoador.

Na véspera do campeonato, um potente ciclone extratropical, que se formou entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul, provocou ventos de mais de 50 nós sobre o oceano gerando uma sólida ondulação de sul-sudoeste que atingiu com força a região sudeste do Brasil.

Se por um lado o excesso de energia (considerada a ressaca mais forte de 2016) provocou destruição em vários pontos do litoral, durante o ápice do swell (no sábado, 29/10), por outro lado provocou grande movimentação de areia nas praias mais expostas do Rio, o que foi benéfico para o Arpoador. Um banco de areia raso se formou ao lado do Pontão, provocando arrebentações extremamente rápidas e tubulares, quebrando para os dois lados. Sorte de uns, azar de outros, já que poucos atletas conseguiram se adaptar ao novo line up com a agilidade que uma competição exige.

Competição – As disputas iniciaram na manhã do último domingo (30/10), com a triagem da categoria Open (aberta a todas as idades), onde três atletas da Rocinha (São Conrado), convidados pela organização, disputaram duas vagas no evento principal. Melhor para Carlos Belo (Mister M) e Popó, que conseguiram avançar. Em seguida, começou a primeira fase, composta por cinco baterias duplas com 6 atletas em 30 minutos com regra de prioridade. Os oito primeiros dentre todos os participantes se classificam para as semifinais. Os maiores destaques nessa fase foram o ex-surfista profissional Marcelo Bispo ‘Preto-Loro’ e Floriano Pinheiro, local de Itacoatiara que venceu a última etapa do Circuito (o Arpoador Clássico).

Após a última bateria Open, veio a bateria da organização com os convidados pelo presidente do ASC, representantes dos apoiadores e patrocinadores do evento. O grande destaque foi Fellipe Kizu, campeão mundial de surfe adaptado. Kizu, não se intimidou com as ondas cavadas e colocou pra baixo, deixando todos na areia admirados com sua coragem e habilidade.

Após o show de Kizu, vieram os atletas da Grand Master (a partir de 40 anos), categoria que tem o mesmo formato de competição da Open. O grande destaque dessa primeira fase foi o ex-campeão Eduardo Chalita, seguido pelo até então líder do ranking, Marcelo Boscoli.

A final Mirim (até 16 anos), foi para a água com os dois maiores expoentes da nova geração do Arpoador em disputa direta pelo título da temporada. Anderson Picachú e Bernardo Bordovsky estavam até então empatados no ranking, cada um com uma vitória e um vice na soma. Quem ficasse na frente nessa etapa seria o campeão. E foi Picachú (1º) quem se deu melhor, fazendo bom uso das direitas que foram melhorando ao longo do dia. Bê (2º), Mancine Carvalho (3º) e Hugo Rafael (4º) completaram o pódio.

Em seguida, vieram os Legends do Longboard (a partir de 50 anos), que mesmo entrando na água no auge da maré cheia tiveram muita dificuldade com a velocidade da arrebentação das ondas. Ainda assim os veteranos colocaram pra baixo, mostrando que a não estão ali apenas pela confraternização. Roberto Coelho (1º), o campeão antecipado da categoria, cravou a borda e rasgou forte uma esquerda para vencer essa etapa. Gagoo (2º), Mauro Levy (3º) e Ricardo Sirotsky (4º) completaram o pódio.

As semifinais Open e Grand Master foram para a água na melhor hora do mar, com a ondulação começando a virar para sul-sudeste. Nesta fase da competição idealizada pelo ASC os atletas somam duas ondas à média da primeira fase, em um formato de pontos corridos. Na primeira semi Grand Master, se classificaram Eduardo Chalita e Léo Leite, o único que ainda podia ultrapassar o líder do ranking, Marcelo Boscoli (que entraria na água a seguir). O legend Ricardo Bocão (3º) e Guilherme Penteado (4º) foram desclassificados. Na segunda semi, Marcelo Boscoli dominou completamente a bateria e sepultou as chances de Léo, se consagrando o grande campeão da temporada 2016. Em segundo, se classificando para a final ficou Haroldo Junior (2º), apenas alguns centésimos à frente do local Pedro Secco (3º). Completou a bateria Guilherme Ferreira (4º).

Na Open, a primeira bateria foi dominada pelos locais Marcelo Bispo e Bruno Coutinho, com Bruninho (que estava na briga pelo título do ranking) atacando as esquerdas de backside e Marcelo (sem pretensões no ranking) atacando também as direitas, que quebravam tubulares em direção à pedra. Foram desclassificados o local de Guaratiba João Marinho (3º) e o local do Arpex Bruno Gorayeb (4º). A segunda semi foi mais disputada, com dois atletas que estavam na briga direta pelo título (Pablo Becker e Rafael Cury) contra dois atletas de fora que vinham se destacando no campeonato, Floriano Pinheiro (Itacoatiara) e Popó (São Conrado). Todos surfaram muito bem, mas, Rafinha se destacou e venceu com clareza. A segunda colocação foi bem disputada e o resultado foi apertado. A média da primeira fase ajudou Pablo Becker a ficar em segundo e ir para a final disputar o título da temporada. Caíram de pé nessa Floriano (3º) e Popó (4º).

Na segunda-feira (31/10), o sol apareceu, o mar acertou, e rolaram altas ondas para as finais Feminino, Grand Master e Open. Entre 9 e 11 horas os atletas e o público foram agraciados com condições perfeitas para a definição dos campeões de 2016.

Na Feminino, as meninas entraram no mar tomando uma das séries mais consistentes do dia na cabeça. A líder do ranking (Mari) foi varrida e viu a bateria começar da areia enquanto corria de volta à pedra para entrar junto com a correnteza. Mesmo perdendo energia e concentração no início, Mari Taboada (1ª) deu a volta por cima e venceu convencendo, com a maior nota da bateria. Em segunda ficou a habilidosa Monika Takaki (2ª), seguida por Irene (3ª), das Ilhas Canárias, e Gabriela Pulcherio (4ª).

A final Grand Master foi para a água com o campeão do ranking já definido, mas nem por isso a disputa foi menos acirrada. Marcelo Boscoli (1º) jogou duro e não deixou ninguém carimbar sua faixa de campeão do ano, vencendo também esta etapa. Em segundo ficou Eduardo Chalita (2º), seguido por Haroldo Júnior (3º) e Léo Leite (4º).

A última bateria do ano foi também a mais emocionante. A final Open tinha três pretendentes ao título da temporada em uma disputa direta, com a presença do melhor surfista do campeonato até então, Marcelo Bispo. Apesar de tudo que estava em jogo, vale destacar o espírito esportivo de todos. As disputas foram limpas, com todos respeitando uma prioridade “extra-oficial” determinada por eles mesmos dentro da água. No fim, os quatro pegaram boas ondas durante os 35 minutos de bateria e o melhor foi Marcelo Bispo (1º). Mas, o grande vencedor foi mesmo Bruno Coutinho (2º), que com um backside afiado conquistou o vice-campeonato nesta etapa (na frente dos seus concorrentes diretos) e garantiu o título da categoria principal do Circuito ASC 2016. O único goofy da final, Rafael Cury, buscou os tubos e as rasgadas na borda para tentar se diferenciar do ataque vertical dos regulars. Rafinha terminou em 3º e avançou algumas posições no ranking, finalizando o ano como vice-campeão. O campeão de 2015 e até então líder do ranking, Pablo Becker, não conseguiu mostrar toda a força do seu surfe nesta final, terminando a bateria em quarto e em terceiro no ranking final.

Terminada a competição, os atletas (que podiam) voltaram correndo pra água para se juntarem ao crowd em mais um dia mágico no Arpex. Vale destacar que a categoria Iniciante foi adiada por questões de segurança e será realizada no próximo domingo (06/10), às 9 horas.

Contrapartida ambiental – A forte ressaca da véspera trouxe muito lixo para a praia do Arpoador, uma ótima oportunidade para o ASC realizar, em parceria com a Rasta Wax, mais um mutirão de limpeza da praia, ação que faz parte de um movimento (Juntos pelo Arpoador) que começou quando o Arpoador Surf Club passou a denunciar os crimes ambientais praticados por alguns eventos realizados clandestinamente na praia do Arpoador, como o “Luau Sem Controle”, que deixam enormes quantidades de lixo no local.

Esta ação teve por foco o microlixo (como: guimbas de cigarro, pedacinhos de embalagens plásticas, canudinhos de bebida, papel de bala, chiclete, tampinhas de bebida, lacres de latinha, etc), que vai se acumulando atingindo enormes quantidades ao longo do tempo, pois além de ser muito difícil de ser coletado pelo gari, o tempo de desintegração na natureza pode ser de centenas de milhares de anos. Com isso, pode comprometer o ambiente seriamente, e ainda causar a morte de tartarugas, gaivotas, peixes e outros animais marinhos, que confundem esse lixo (em grande parte carregado para o mar devido à ação das ondas e marés) com alimento. Aqueles que coletaram mais lixo foram premiados pela Rasta Wax com uma amostra grátis dessa parafina que vem agradando a todos.

Resultados finais

 

Open

1 Marcelo Bispo
2 Bruno Coutinho
3 Rafael Cury
4 Pablo Becker
Campeão do ranking: Bruno Coutinho
Vice-campeão: Rafael Cury

Grand Master

1 Marcelo Boscoli
2 Eduardo Chalita
3 Haroldo Junior
4 Léo Leite
Campeão do ranking: Marcelo Boscoli
Vice-campeão: Mario Marinho

Mirim

1 Anderson Picachú
2 Bernardo Bordovsky
3 Mancine Carvalho
4 Hugo Rafael Boi
Campeão do ranking: Anderson Picachú
Vice-campeão: Bernardo Bordovsky

Legends

1 Roberto Coelho
2 Gagoo
3 Ricardo Sirotsky
4 Mauro Levy
Campeão do ranking: Roberto Coelho
Vice-campeão: Gagoo

Feminino

1 Mari Taboada
2 Monika Takaki
3 Irene
4 Gabriela Pulcherio
Campeã do ranking: Mari Taboada
Vice-campeã: Ariane Mateik