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Remador faz a circunavegação de Florianópolis a bordo de um SUP

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Aluã Ferreira amarradão após completar o desafio de cerca de 130 km de remada solo. Foto: Celso Martins.

 

Filho de nativos, nascido e criado em Florianópolis (SC), Aluã Ferreira é “quase um crustáceo”, como ele mesmo se autodenomina para exemplificar a relação íntima com o mar que estabeleceu desde pequeno.

 

O primeiro contato com o SUP veio alguns anos atrás, após deixar seu trabalho na  Marína de Santo Antonio e começar a trabalhar com aluguel de pranchas na praia de Sambaqui, norte de Floripa. Em pouco tempo Aluã estava remando de stand up e disputando competições. Em 2016, sagrou-se campeão catarinense de SUP race amador, mas seu feito mais impressionante foi realizado em abril deste ano ao completar, remando de SUP, cerca de 130 km que compreendem a circunavegação da Ilha de Santa Catarina, como é conhecida a parte insular de Florianópolis, em 51 horas.

 

Uma aventura e tanto considerando-se os fortes ventos, ondulações e correntes oceânicas em alguns pontos da ilha que tornam a navegação muito perigosa. Nosso editor, Luciano Meneghello, entrou em contato com Aluã para saber mais sobre o feito. Confira a entrevista:

 

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Aluã e sua 12’6″ companheira da aventura. Foto: Arquivo pessoal.

Luciano – Como surgiu a ideia de fazer essa circunavegação de Florianópolis remando de SUP?

 

Aluã – Eu decidi fazer a travessia para treinar e também conhecer alguns pontos da ilha que eu não conhecia. 

 

Luciano – E quanto tempo você levou para completar a travessia?

 

Aluã – Fiz a partida e achegada aqui de Sambaqui. Levei 51 horas para completar a volta. Sai ao meio dia de segunda-feira e cheguei na quarta-feira as três e pouco da tarde.

 

Luciano – Que equipamento você usou durante a travessia e como se alimentou?

 

Aluã – Usei minha prancha 12’6” que é muito boa e um remo alumínio e pá de plástico, igual a esses de caiaque, uma mochila de hidratação com água, um celular com câmera, pão e banana. Quase todo tempo da travessia me alimentei com pão e banana. Nas paradas que fiz comprei mais um pouco de água e umas barrinhas de proteína e de cereais.

 

Luciano – E como foram feitas as suas paradas?

 

Aluã – Fiz duas paradas. A primeira foi em Pântano do Sul, onde dormi em uma embarcação. Na verdade foi mais um descanso e uma pausa para me proteger do frio e da chuva e esperar clarear para seguir com a remada. A segunda parada foi no Santinho, onde dormi na casa da minha namorada e depois segui até Sambaqui.

 

Momento da chegada em Sambaqui:

 

Luciano – Você tinha algum tipo de apoio em terra ou no mar?

 

Aluã – Não, mas eu avisei o Kido (do SUP Sambaqui, onde Aluã treina) para deixar o celular ligado pois eu ligaria pra ele no caso de uma emergência.

 

Luciano – Quais foram os momentos mais tensos durante a travessia?

 

Aluã – Antes de sair eu sabia que haveria vento constante e um pouco de chuva, mas o vento iria soprar a favor boa parte da travessia. De Sambaqui até o Ribeirão da Ilha, que é uma região abrigada, foi tranquilo, mas quando contornei a ilha, em direção a Naufragados, tinha muita movimentação de água por causa dos backwash e o vento, que era nordeste, ficou contra e me empurrava pra fora. Essa foi a parte que mais deu adrenalina, mas depois, chegando em Pântano do Sul, o mar ficou mais calmo e foi mais tranquilo e fiz a minha primeira parada pra descanso. Depois, logo cedinho, desse trecho até o Campeche peguei um vento nordeste contra, e foi duro, mas, a partir dali, o vento virou pra sul e favoreceu a remada. Fiz downwind até o Santinho, onde fiz minha última parada, passando pela Praia Mole, Moçambique, em pouco tempo. Dali até chegar a Sambaqui peguei mais um pouco de vento contra, mas a parte mais difícil foi a de Naufragados.

 

Luciano – Concluída essa aventura você tem novos planos de travessia?

 

Aluã – Hoje minha relação com o SUP está bem forte. Treinando aqui com o pessoal do SUP Sambaqui peguei o amor que eles tem pelo esporte e estamos pensando em fazer novas travessias. Talvez em fazer a volta direto, sem dormir, porque, descontado o tempo em que eu fiquei em terra, descansando, eu levei 21 horas remando, que dá menos do que um dia inteiro, então temos que tentar né? Nem que a gente leve algumas horas a mais pra concluir a volta. E quem quiser me acompanhar nesse desafio está feito o convite!

 

Confira o relato da travessia feito por Aluã: