Surfe no cartão-postal

Ondas açucaradas

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Por ter trabalhado intensamente de sexta a sábado em três expedientes fora do surfe, entendi que havia perdido a oportunidade de fotografar grande surfistas em suas buscas por grandes ondas. Então resolvi, no domingo, Dias dos Pais, surfar com meu filho, mas no fim de tudo realizei um sonho: surfar nos pés do cartão postal carioca, o Pão de Açucar.

Comecei a trabalhar à meia-noite de sexta-feira e era uma festa funk, Miami Bass, que acabava às 4h da matina. Às 3h fui embora, pois tinha que estar às 7h em Santa Cruz, bairro que fica a duas horas horas da minha casa. Resumindo, dormi somente 40 minutos. Trabalhei o dia todo e na noite de sábado, trabalhei numa festa de uma grande amiga de infância, Julinha, que fazia 35 anos, e ai já viu, festa noite adentro com os amigos.

Acordei no domigão, Dia dos Pais, e resolvi curtir o dia com meu filhão, João Pedro. Perguntei a ele o que queria fazer, e ele disse “Vamos surfar, papai”. Aproveitando que o posto 6 de Copacabana estava com boas ondas, lá fomos nós com um longboard do nosso grande amigo Bruno Coelho.

Demos uma queda e logo João ficou com frio, pediu pra ficar um pouco na areia e fui surfar um pouco sozinho. Logo depois, ele e minha esposa Tathyana me avisaram que o Fedoca, grande fotógrafo dos anos 60, estava na areia fotografando, e aí convidei o filhote pra surfar novamente e ele ficou muito empolgado, sabendo que teríamos belas fotos. Fedoca ficou feliz que iria me registrar com a cria e fomos novamente para água. O resultado foi incrível e tivemos um belo registro do nosso amigo e professor Fedoca Lima.

Fomos embora almoçar, mas no meio do caminho convidei a família para ver as ondas na praia do Flamengo, já que muito amigos me dizinham que estava rolando “clássico”. Porém, quando parei o carro no estacionamento que fica ao lado do monumento Estácio de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro, me deparei com uma bela onda que quebrou no meio da Baía de Guanabara, perto de um barco e próximo à costa de pedras, uma onda de 1 metro.

Não pensei duas vezes, nunca tinha visto aquela onda rolar, e olha que já vi muitas ressacas por ali – em 1997, surfei pela primeira vez na praia do Flamengo e sempre acompanhei essas ressacas.

Sonhamos durante muito tempo com esses momentos e nem sabíamos se isso se realizaria um dia, o surfe no Cartão Postal saiu do sonho de muitos nestes últimos dias.

Bom, fui pra água e peguei belas ondas que foram registradas pela minha esposa e pelo amigo também fotógrafo Ricardo Índio. Um dia que vai ficar na história, pois o guardador de carros que lá passou o dia todo disse empolgado: “Cara, tu vai entrar para o Guiness, ninguém surfou essa onda, só você, incrível o que você fez, parabéns pela coragem”.

Agora, não sei se ele estava falando da coragem de surfar perto das pedras ou de ter surfado nas águas poluídas da Baía (risos), que, por sinal, nestes 20 anos em que surfo por aqui, estão mais limpas, pelo menos no que diz respeito aos resíduos sólidos. Polêmicas à parte, o que valeu foi o registro, e o momento histórico. Aloha!