Ilhas Mentawai

Regalias do Kandui

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Apesar de ainda não ter amanhecido, já estou acordado, mas ainda deitado numa cama super confortável, lembrando as altas ondas que quebraram no dia anterior em Mentawai.

Saindo para o café da manhã, me deparo com o nascer do sol, uma brisa suave está batendo e um pensamento passa pela minha cabeça: “Vai ter onda hoje também, sempre tem, maiores ou menores que ontem, mas sempre tem” – e como um mantra, vou com este pensamento tomar o café da manhã.

Logo encontro os novos amigos formados numa relação de cumplicidade que o surfe faz de forma mágica, num papo entusiasmado planejando com o pessoal do resort onde será a primeira queda do dia, e depois de uma refeição caprichada todos estão preparados para sair atrás das ondas.

Para os que ainda não saíram de suas camas, o surf guide vai até o atracador e com um pedaço de pau bate com força em um bambu, 15 vezes, avisando a todos que em 15 minutos o primeiro barco está saindo, 10 vezes para 10 minutos da saída e 5 para os últimos minutos de espera. O som surdo ecoa por todo resort e os mais fissurados estarão lá na hora da partida.

Saindo por um manguezal, o barco desemboca no mar e de lá parte para o destino já determinado, todos ansiosos para cair logo no melhor pico do dia. Essa ansiedade aumenta à medida que se resolve checar mais de um pico, para ter certeza se está sendo feita a escolha certa.

O barco mal ancora e já tem neguinho pulando na água, remando entusiasmado para o pico, são os primeiros a entrar e vão servir de referência para mim e para outros que fazem uma análise mais aprofundada das ondas antes de cair. 

Ancorado atrás do pico com uma visão privilegiada para as ondas, o fotógrafo do resort já se posiciona, enquanto os últimos surfistas remam em direção às ondas.

As ondas surfadas pelos amigos vão me dando confiança e cada vez mais vou me posicionando na parte mais crítica para entrar na onda, cada vez mais aproveitando o potencial delas, curtindo o visual das ondas e do surfe de outros caras, com pessoas que poucos dias atrás você não conhecia e agora estão compartilhando momentos intensos e mágicos contigo.

A volta para o resort é sempre carregada de histórias de tubos, manobras e vacas, bebendo sucos, refrigerantes e comendo bolachas e salgadinhos à disposição de todos em um cooler no barco.

Uma piscina aconchegante está me esperando, para depois almoçar, descansar um pouco e POC, POC , POC… Já estão chamando novamente para mais uma sessão de surf. Onde vai ser desta vez? Qual a melhor opção? Vamos nessa…

Fim do dia, chegamos de volta junto com o pôr do sol a tempo de curtir uma Bintang (cerveja local muito boa) na piscina e conhecer melhor as novas amizades.

Este ano, viajei com um velho amigo Marcelo Bolzan, que nos primeiros dias machucou o ombro e se limitou a curtir o resort e a arredores.

Uma boa surpresa foi reencontrar o Scott Chambers, que mora em Dubai, um cara super gente fina que estava também na outra vez em que estive no Kandui Villas.

Michael, um australiano com seu surf clássico e o livro embaixo do braço, era uma companhia muito agradável, e a Stephanie e Jake eram o casal romântico australiano. Sempre apareciam abraçados e se beijando na sessões de fotos, levando todo mundo a gargalhadas e comentários hilários.

Não podia faltar a galera brasileira, que sempre está por lá e que acabei conhecendo este ano, trazendo boas lembranças de André Mello, Alexandre Garcia, Alexandre Rebouças e Felipe Serra, do Recife.

O bodyboarder Marcelo Barral levou a família, Clarissa e o filho Pipo, que deram um astral todo especial este ano ao Kandui Villas. Pipo um moleque de um ano super especial, conquistou a simpatia de todos no resort.

Um jantar maravilhoso, em volta de muitas histórias e risadas assistindo a vídeos e fotos do dia num monitor atrás do bar, e assim se encerra mais um dia em Mentawai, em um lugar onde as pessoas que estão ali trabalhando estão fazendo de tudo para te ver feliz. Obrigado Jordan Heuer e todos do Kandui Villas por me proporcionarem esses dias de sonhos.