O Maui and Sons Pichilemu Women’s Pro by Royal Guard foi encerrado com chave de ouro nas ondas excelentes de Punta de Lobos, em Pichilemu, no Chile. A jovem surfista da Costa Rica, Leilani McGonagle, de apenas 17 anos de idade, conquistou o título com sua segunda nota 10 no último domingo (8) e precisava disso para superar a australiana Freya Prumm, 26 anos, que tinha largado na frente com duas ondas que valeram 8.17.
Leilani foi vice-campeã na final do ano passado com a campeã mundial Sofia Mulanovich e agora festejou sua primeira vitória no WSL Qualifying Series na inédita decisão sem nenhuma sul-americana em quatro anos do QS 1500 do Chile. A argentina Josefina Ané e a peruana Daniela Rosas, ficaram nas semifinais.
“Eu estava com muita vontade de ganhar esse evento, porque no ano passado fiquei em segundo, então estou muito feliz por ter conseguido minha primeira vitória no QS aqui”, diz Leilani McGonagle. “As ondas estavam superboas e não existe um evento com ondas tão boas como essas. Tomara que tenha um QS 6000 aqui nos próximos anos, porque as ondas têm muita qualidade para isso. Todas as meninas surfaram superbem e estou superfeliz por estar aqui, fazendo outra final e dessa vez ganhando o título então, não tenho palavras para descrever toda a emoção que estou sentindo agora”.
No domingo, Punta de Lobos continuou bombando boas ondas de 2 metros, porém aumentou bastante o intervalo entre as séries, com poucas entrando nas baterias no mar congelante do Chile. A escolha das melhores ondas ganhou peso decisivo e não poderia perder qualquer chance de surfar. Sem exceções, todas as surfistas saíam da água destacando a qualidade internacional da onda de Punta de Lobos. A comissão técnica aumentou o tempo das baterias de 30 para 35 minutos e buscou as melhores condições para realizar as fases decisivas, inclusive a grande final, que só foi iniciada as 17:15 no Chile.
Final nota 10 A costa-riquenha Leilani McGonagle vinha embalada pela nota 10 recebida na semifinal, com a potência das suas manobras de frontside nas esquerdas pesadas de Punta de Lobos. Mas, foi a australiana Freya Prumm quem surfou a primeira onda na decisão do título, atacando forte de backside com batidas e rasgadas executadas com pressão. Leilani começou um pouco lenta, alongando as manobras e fazendo outras sem nada tão expressivo. Os juízes deram nota 8.17 para a australiana largar na frente e 5.67 para a surfista da Costa Rica.
A segunda série demorou para entrar e Leilani pegou uma boa esquerda, dessa vez atacou com mais força, variando longas rasgadas com batidas explosivas durante todo o trajeto da onda. Na de trás, Freya Prumm pega uma maior, já manda uma batida incrível no lip da onda e segue botando potência nas manobras para se manter na frente depois da primeira boa apresentação da sua adversária. A nota da Leilani saiu 7.60 e Freya ganhou outro 8.17 dos juízes, abrindo 8.74 de vantagem sobre a costa-riquenha.
As duas voltaram a sentar lado a lado no outside, perto das pedras no visual magnífico de Punta de Lobos, para esperar a próxima série de ondas. O tempo passava rápido e Leilani entrou numa quando já restavam 12 minutos para o término da bateria, mas era fraca e ela logo abandonou, voltando para perto da australiana, que tinha a prioridade de escolher a próxima. Logo, Leilani pegou outra que ela deixou passar e essa armou o paredão no outside para mandar duas manobras explosivas e seguir atacando a onda com força e velocidade até o fim para receber nota 8.03, mas ainda precisava de 8.31 para vencer.
A australiana permaneceu no outside até entrar uma série enorme a 5 minutos do fim. Ela arriscou uma manobra muito forte, mas caiu e a de trás ficou para Leilani. A onda era bem melhor, abriu o paredão para a surfista da Costa Rica arrancar aplausos da praia com uma apresentação simplesmente fantástica, fazendo uma série de grandes manobras abrindo leques de água numa onda muito longa. Os juízes deram outra nota 10 para ela virar o placar para 18.03 a 16.34 pontos e faturar o título do Maui and Sons Pichilemu Women’s Pro.
“Foi muito legal fazer a final com a Freya (Prumm), que é uma grande amiga minha”, diz Leilani. “Eu sabia que tinha que surfar forte, porque ela começou bem e poderia aumentar a vantagem a qualquer momento. Eu estava um pouco nervosa, porque tinha pouco tempo e não sabia se ia pegar outra onda. Mas, no final apareceu essa superboa onda e me senti em casa. Eu necessitava de uma nota bastante alta e graças a Deus eu consegui fazer todas as manobras que tentei e estou muito contente pela nota 10”.
Com os 1.500 pontos da vitória no Chile, Leilani saltou da 47a para a 32a posição no ranking do WSL Qualifying Series e faturou o prêmio de 10 mil dólares oferecido à campeã. Apesar da derrota na final, Freya Prumm ficou satisfeita pelo vice-campeonato em sua primeira decisão em etapas do QS esse ano. Com os 1.125 pontos recebidos na primeira final sem nenhuma sul-americana em quatro edições do Maui and Sons Pichilemu Women’s Pro, a australiana subiu do 76o para o 59o lugar no WSL Qualifying Series.
“Eu adorei Punta de Lobos, a onda aqui é incrível, certamente uma das melhores esquerdas que eu já surfei em campeonatos”, diz Freya Prumm. “Eu só tenho que elogiar a Leilani (McGonagle). Ela foi absolutamente fantástica e não consigo acreditar que deixei ela pegar aquela onda nota 10. Mas, está tudo certo, vivendo e aprendendo. Eu quero agradecer a todos vocês que vieram na praia nos apoiar esses dias e por terem um país tão maravilhoso, que eu desejo conhecer mais. Obrigado”.
Semifinais Nas semifinais, Freya Prumm ganhou sua última bateria no Chile. As longas calmarias foram fatais para a argentina Josefina Ané, que tinha feito um grande duelo contra a líder do ranking da WSL South America, Anali Gomez, batendo a peruana no primeiro confronto do dia com um ataque incrível na onda que surfou no último minuto e valeu nota 9.60. Contra a australiana, ela começou forte com 8.50 na primeira onda, porém foi a única que surfou durante os 35 minutos da bateria e acabou eliminada por 12.83 a 8.50 pontos.
“Estou um pouco triste, porque vinha surfando bem, comecei a bateria com uma onda boa, mas depois o mar ficou flat. Aí esperei, esperei, mas não consegui pegar uma segunda onda, lamentavelmente”, diz Josefina Ane, que subiu de 59 para 49 no WSL Qualifying Series e assumiu a sexta posição no ranking sul-americano da WSL South America. “Mesmo assim, estou contente com o meu desempenho. O campeonato foi incrível, com altas ondas, todas as meninas surfaram muito bem e agora vamos ver a final, quem vai ganhar”.
Na outra semifinal, Leilani começou a comandar o espetáculo nas ótimas ondas de Punta de Lobos. Era um duelo entre adolescentes com muito potencial para brilhar no circuito da World Surf League num futuro próximo. A peruana Daniela Rosas, de apenas 15 anos de idade, foi a grande surpresa do evento e vinha mostrando muita atitude para encarar o mar pesado do Chile com seu backside vertical. Mas, a costa-riquenha começou forte com nota 7,83 e massacrou sua segunda onda de uma forma tão incrível, que arrancou nota 10 unânime dos cinco juízes pela primeira vez no ano em Pichilemu. Daniela não teve o que fazer, mas foi um dos destaques do evento no Chile.
“Foi um campeonato incrível e a Trini (Trinidad Segura) está de parabéns por fazer esse evento, que certamente é um dos melhores do QS no mundo”, diz Daniela Rosas. “As ondas estavam incríveis nos três dias da competição, eu consegui surfar bem em quase todas as baterias, algumas bem difíceis, então estou muito contente pelo resultado. Apesar de nesta bateria não ter conseguido surfar muitas ondas, o terceiro lugar foi bom para mim também”.
Sul-americano Daniela Rosas subiu para o quinto lugar no ranking sul-americano, que continua liderado pela também peruana Anali Gomez, seguida pela equatoriana Dominic Barona. Outra peruana, Melanie Giunta, está em terceiro lugar e a quarta colocada é a argentina Lucia Cosoleto. Mais duas etapas vão decidir o título sul-americano de 2017 da WSL South America, ambas estreando no calendário do WSL Qualifying Series. A próxima é no Brasil, o QS 1500 Neutrox Weekend nos dias 20 a 22 de outubro na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. E a outra é o Reef & Paris Women´s Pro nos dias 28 e 29 em San Bartolo, no Peru.
Anali Gomez foi barrada no primeiro duelo do domingo, que ela liderou do início até o último minuto. Foi quando ela deixou passar uma onda achando que não tinha potencial, mas a argentina Josefina Ané pegou e ela abriu uma longa parede para fazer várias manobras. Os juízes deram a maior nota do evento até ali – 9.60 – e a peruana acabou eliminada por 17.10 a 16.33 pontos. Anali ficou em quinto lugar no Maui and Sons Pichilemu Pro, empatada com as norte-americanas Marissa Shaw e Autumn Hays e com a surfista do País Basco, Leticia Canales Bilbao, que foram derrotadas nas outras baterias das quartas de final.
“Esse é um dos melhores eventos do QS e estou contente com minha participação. Cometi um erro ali no final, mas a Josefina (Ané) mereceu vencer, surfou muito bem a onda e mereceu. Estou feliz por estar aqui e pelas ondas que surfamos nesse lugar incrível que é Punta de Lobos”, disse Anali Gomez, que depois ficou torcendo para a jovem Daniela Rosas na transmissão ao vivo pelo worldsurfleague.com. “Esse é o futuro do surfe peruano”, vibra “La Negra”, como Anali é conhecida, depois de Daniela vencer a americana Marissa Shaw nas quartas de final.
Pichilemu Women’s Pro 2017
Resultado
1 Leilani McGonagle (CRI)
2 Freya Prumm (AUS)
3 Josefina Ané (ARG)
3 Daniela Rosas (PER)
5 Anali Gomez (PER)
5 Leticia Canales Bilbao (EUK)
5 Marissa Shaw (EUA)
5 Autumn Hays (EUA)
Galeria de campeãs
2017: Leilani McGonagle (CRI) derrotou Freya Prumm (AUS) na final
2016: Sofia Mulanovich (PER) derrotou Leilani McGonagle (CRI)
2015: Alessa Quizon (HAV) derrotou Sofia Mulanovich (PER)
2014: Dax McGill (HAV) derrotou Josefina Ané (ARG)
Ranking sul-americano depois de três etapas
1 Anali Gomez (PER) – 1.980 pontos
2 Dominic Barona (EQU) – 1.825
3 Melanie Giunta (PER) – 1.445
4 Lucia Cosoleto (ARG) – 1.040
5 Daniela Rosas (PER) – 980
6 Josefina Ané (ARG) – 860
7 Karol Ribeiro (BRA) – 840
7 Tainá Hinckel (BRA) – 840
9 Maju Freitas (BRA) – 733
10 Lorena Fica (CHL) – 695
G-6 do WSL Qualifying Series depois de 35 etapas
1 Silvana Lima (BRA) – 15.300 pontos
2 Tatiana Weston-Webb (HAV) – 14.150
3 Caroline Marks (EUA) – 13.430
4 Keely Andrew (AUS) – 13.050 e top-10 do CT
5 Bronte Macaulay (AUS) – 12.950
6 Sage Erickson (EUA) – 12.650 e top-10 do CT
7 Coco Ho (HAV) – 11.700
8 Johanne Defay (FRA) – 11.200 e top-10 do CT
9 Paige Hareb (NZL) – 10.510