Com a entrada de mais um swell no Sul do País, havia possibilidades reais para uma chamada do Mormaii Big Wave Challenge, evento de ondas grandes que vai até 30 de novembro no Farol de Santa Marta (SC).
Com o passar dos dias, fomos monitorando os gráficos pela internet e observamos que o swell perdia força. Com isso, inviabilizou a chamada para o evento. Lá fomos nós para o plano B: surfar. O objetivo era fazer uma sessão no Cardoso ou Laje da Jagua. Acabamos optando em surfar a Laje. O swell havia perdido tamanho e o vento ganhava intensidade, fazendo com que nossa logística na Laje fosse cedo e enxuta.
Equipe Atowinj (Associação de Tow-in de Jaguaruna) reunida. Acordamos cedo e já estávamos com a presença de Sebastian Rojas e Gustavo Nogueira na base da Jagua. Rojas teria sua primeira trip na Laje da Jagua, e a expectativa era grande. Logo chegou João Baiuka e Maikol Miara que juntaram-se a mim, André Paulista e Lou Meneghetti. Barca armada, tudo pronto, e lá fomos nós pra mais um dia de big surf em águas brasileiras.
Chegando à Laje, de cara já vimos que o surfe seria na direita e que a onda estava daquele jeito cavernoso como sempre, dobrando na rasa e afiada bancada. Os primeiros a surfar foram Gustavo e Lou. Gustavo foi rebocado por André Paulista, que estava em dia inspirado na pilotagem, colocando seu parceiro em várias ondas boas. Os dois ficaram se revezando durante o banho.
Eu logo fui pilotar para puxar minha aluna casca-grossa, Lou Meneghetti. Era a primeira sessão de Lou na Laje, lembrando que apenas quatro mulheres já haviam surfado lá antes. Fui para trás do pico e fiquei um bom tempo dialogando com ela. Tenho treinado a Lou para esse dia, e sabia que ela faria a coisa certa. Entrou a série e logo veio uma massaroca daquelas! Ela botou pra baixo e quando virou na base a onda desnivelou na pedra, fazendo com que Lou caísse na onda.
Quando vi a cena, cheguei a ficar preocupado, ainda mais olhando parq o canal e vendo que toda galera estava preocupada também. Fui resgatá-la na bancada e Lou apareceu 15 segundos depois, ou seja, caldão! Ela chegou a ficar duas ondas debaixo d’água e quem surfa a Laje sabe do sufoco que é tomar duas sem subir.
Quando a peguei na bancada ela estava roxa, mas faz parte, o importante é que ela estava bem treinada. Surfou mais umas duas ondas e depois deu um tempo no canal do pico. Na sequência surfei sendo puxado pelo João. Gustavo e Paulista iam se divertindo e surfando boas ondas. Surfei algumas ondas e vi que a parada estava faixa-preta, bancada toda pra fora e a onda totalmente em cima da pedra.
A direita da Laje, se você não conhecer bem, pode se dar mal, pois a onda é muito imprevisível, pode estar perfeita, linda e maravilhosa e do nada ela te surpreende se transformando num monstro. Tomei alguns caldos, um deles pesadão. Quando fui resgatado por João, vi o Paulista dar um jump sinistro numa bomba e tomar uma lipada tenebrosa. Por pouco ele não pega o tubo da vida.
Logo comecei a puxar João, coloquei o “marvado” em várias ondas boas. A cada onda surfada, passávamos pelo canal e víamos o sorriso estampado na cara de Sebastian. Era a primeira vez dele no pico e com certeza era um enorme prazer para a equipe Atowinj receber na Jagua um dos maiores fotógrafos do mundo. Na sequência fui puxar novamente a menina.
“Foi uma experiência incrível, a Laje é uma onda que faz você pensar muitas vezes antes de encará-la e foram as maiores ondas que já vi no Brasil”, comentou Lou Meneghetti.
Lou estava muito mareada, o que acontece muito com quem encara a Laje pela primeira vez. Lá fomos nós outra vez. Pegamos mais umas duas e depois puxei Maikol, que veio através da Sanáutica Brasil para dar suporte dentro d’água com apoio nos jets. Sessão finalizada! A galera ficou amarradona com o treino.
Nos reunimos e fizemos uma oração em memória a Zeca Scheffer, grande desbravador do pico. Chegando à praia fomos recepcionados com um belo churrasco feito pelo amigo Gaivira. Aloha e até a próxima.
