Andrea Moller

Férias do big surf

Recordista mundial e residente no Havaí, big rider Andrea Moller passa férias em Ilhabela, litoral paulista.

0
Andrea Moller é especialista em Jaws, onde alcançou o recorde de maior onda da história já surfada por uma mulher na remada.

Surfista de ondas gigantes e recordista mundial de maior onda já surfada por uma mulher na remada, Andréa Moller fugiu do flat do verão havaiano e foi passar férias em Ilhabela, litoral paulista.

Há 15 anos na ilha de Maui, ela voltou à sua cidade de origem durante as férias escolares da filha, ressaltando a importância do local para a sua formação como atleta. “Ilhabela me proporcionou momentos que poucas crianças tiveram. Uma criança que cresce em um apartamento, precisa ir para academia, ter um técnico ensinando, aqui a natureza me ensinava”, conta a big rider.

No Havaí, Andrea foi evoluindo aos poucos em ondas grandes e conquistou o respeito da comunidade local.  “Os homens não queriam nos levar junto, no máximo deixavam a gente pegar o rabinho do rabinho da onda. Mas nós queríamos realmente ter a mesma diversão que eles e juntas compramos um jet-ski para podermos cair na água todos os dias e aprender com os próprios erros”, lembra Moller.

Quase dez anos depois, em Jaws, Andréa surfou uma onda que em 2019 lhe renderia o prêmio de maior onda já surfada na remada por uma mulher no Big Wave Awards, premiação organizada pela World Surf League.

“Quando o Bill Charter (criador do prêmio) me avisou que teria a categoria de maior onda surfada na remada, eu mandei uma foto. Ele procurou no mundo todo, as meninas mandaram várias fotos e eu nem me empenhei tanto, só queria mesmo ver no que ia dar”, conta.

Realizar grandes travessias é outra paixão antiga da big rider.Tati Santoro
Realizar grandes travessias é outra paixão antiga da big rider.

A foto que Andréa enviou foi de uma onda de 14 metros surfada no inverno de 2016 na praia de Jaws, no Havaí. Além do prêmio inédito concedido pela WSL, ela também entrou para o Livro dos Recordes.

Embora nunca tenha pensando em prêmios quando começou, Andréa acredita que o reconhecimento aliado ao seu pioneirismo e ativismo no esporte podem ajudar as mulheres das próximas gerações. “Como mulher eu sabia que não conseguiria viver do esporte, talvez a geração que vai crescer agora, depois de tanta luta, consiga”.

Por isso, Andréa foi para a faculdade, se formou e hoje em dia trabalha como paramédica no arquipélago havaiano. Com uma rotina corrida, em que intercala plantões de 48h com folgas de quatro dias, em que consegue se dedicar não só ao surfe, como a sua outra paixão: a canoa polinésia.

“O meu ano é em blocos: fevereiro a março é canoagem de uma pessoa, no canal de Molokai 2 Oahu, e campeonatos quase todo fim de semana. Em junho, julho, agosto e setembro é stand up e canoa de 6. Em outubro, tiro folga do remo e foco no surfe, época em que as ondas começam a chegar. Outubro, novembro, dezembro e janeiro eu foco no surfe, apneia e alongamento, para me manter ágil e rápida”, conta.

Além do trabalho e do calendário multiesportivo, Andréa separa sempre duas semanas por ano para visitar a família em Ilhabela. “Volto todo ano e ficaria mais se pudesse. Ilhabela é o Havaí brasileiro, proporciona várias condições, tem águas abertas, ondas no Bonete, Castelhanos e muito mais”, finaliza.