Championship Tour

Richards critica mudança

Tetracampeão mundial, Mark Richards desaprova mudanças anunciadas pela WSL para o Championship Tour 2021.

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Mark Richards (centro) não acredita que seja justo coroar o campeão da temporada em apenas um dia.WSL / Kenneth Morris
Mark Richards (centro) não acredita que seja justo coroar o campeão da temporada em apenas um dia.

Quatro vezes campeão mundial, o australiano Mark Richards não poupou críticas ao novo formato do Championship Tour anunciado pela WSL para 2021.

Em depoimento ao site da revista Tracks, Richards opinou que não há sentido fazer todo um circuito para que o campeão da temporada seja coroado em apenas um dia.

Na última semana, a WSL propôs a inclusão deste “surf off”, onde o grande campeão seria decidido em uma disputa especial. A entidade ainda não deu detalhes sobre a nova regra, apenas adiantou que a mudança deverá acontecer a partir de 2021.

“Bem, sabe aquela coisa de mentes ociosas causarem problemas? Parece que é o que está acontecendo com a WSL agora”, afirma Richards, campeão mundial das temporadas de 1979, 1980, 1981 e 1982.

Ter um campeão decidido na água, na última bateria do ano, já era um desejo antigo da Liga, e a disputa pelo título no ano passado, entre Italo Ferreira e Gabriel Medina, animou de vez a entidade a tomar essa atitude.

“Os exemplos que vi no site deles: Superbowl e NBA, que terminam em um dia. Mas o que eles não sabem é que na NBA, por exemplo, eles têm cerca de sete partidas de desempate diferentes”, comenta o legend de Newcastle.

Disputa eletrizante no Billabong Pipe Masters de 2019 acelerou mudança na WSL.

“Me pareceu, mas posso estar errado, que tudo o que eles querem é um grande dia de emoção, como neste esportes coletivos. Eles mencionaram a Fórmula 1, onde não consigo imaginar os pilotos – especialmente o cara que dirigiu melhor em várias pistas e condições diferentes ao longo do ano – estarem felizes em ir para uma corrida final para decidir o campeão. Tudo o que aconteceu durante o ano não contaria”, relata.

Em 2017, uma reunião da entidade com os Tops teve sua pauta vazada pelo site australiano Stab. Na ocasião, a ideia era levar os seis primeiros do ranking masculino e as quatro melhores mulheres a Mentawai, Indonésia. Para ser o campeão mundial, o sexto do ranking competiria contra o quinto. Quem vencer, enfrentaria o quarto e assim por diante até chegar ao duelo final, contra o líder do ranking da temporada.

Sobre esta ideia de o campeão mundial ser decidido em Mentawai, Richards afirma: “Eu acho que é bastante óbvio, se você assiste ao Tour, que certos picos definitivamente favorecem certos surfistas – sem dúvida”, diz. “Há alguns locais onde você já sabe quem vai brilhar e quem será intimidado”, comenta.

“Então, acho que a minha principal preocupação é que todo o conceito do Tour é baseado em um sistema de pontos para cada evento. Digamos que você tenha uma quantidade ‘x’ de eventos por ano, em diferentes condições, de recifes de corais a banco de areia, com esquerdas e direitas. E você acaba com um cara que teve o melhor desempenho em uma variedade de condições durante um ano inteiro de surfe. Acho que é isso que deve realmente determinar o campeão do mundo. Agora, se você vai jogar tudo para que seja decidido em um dia, então, pra quê um circuito? Já que é para ser assim, o vencedor leva tudo e sai com US$ 5 milhões”, finaliza o aussie.