Criado pela ASPI (Associação de Surf Praias de Itajaí), o projeto Drop Solidário é uma forma que a entidade encontrou para mostrar o trabalho dos surfistas e de empresários locais.
A entrevista mais recente é com Jonathan Busetti, um dos atletas que mais ganhou títulos no ano passado em Itajaí, e que acaba de lançar um vídeo em parceria com a produtora The Cave.
Na entrevista abaixo, Jonathan conta um pouco dos seus 19 anos de surfe, seus picos e manobras favoritas, e explica o trabalho que faz com os shapers da região.
Quando começou a surfar?
Comecei a surfar no verão de 2001. O surfe sempre me chamou a atenção desde criança e meus pais me incentivaram desde o início.
Você chegou a se profissionalizar? Quais as principais dificuldades enfrentadas e qual o melhor campeonato que você participou?
Cheguei a me profissionalizar sim, mas a experiência foi curta. Competi profissionalmente por dois anos. Muitas dificuldades para competir devido aos custos na época serem muito elevados.
No meu último ano de Pro Junior aconteceram vários campeonatos da Quiksilver, Oakley, Hurley. Várias marcas apoiando na época. Acredito que por causa destes eventos e deste apoio é que esta geração de surfistas profissionais brasileiros está arrebentando no circuito mundial.
Quais os campeonatos que você mais gosta de competir?
Os campeonatos que eu mais gosto de competir são os profissionais. Com boas ondas para todos os atletas mostrarem seu potencial.
Quem é o seu principal adversário?
Meu principal adversário sou eu mesmo. O surfe é um esporte individual e não tem contato, então o lado psicológico conta muito. Também é preciso ter um bom preparador físico, fazer análise dos vídeos das ondas. Mas acho que a batalha do surfista é com ele mesmo.
Como fazer para não detonar a prancha mágica?
Comigo isso sempre foi muito complicado. Em no máximo três meses as minhas pranchas mágicas quebravam. O que eu tiro sobre a prancha mágica é que ela sempre quebra e a prancha ruim dura para a vida inteira. A prancha mágica, infelizmente quebra (risos).
Como replicar a prancha mágica?
Para fazer a réplica da prancha mágica temos que contar com um shaper qualificado. Um shaper que consiga entender as necessidades do atleta e que entenda e consiga fazer a réplica. Eu acho muito difícil, uma prancha sempre fica muito diferente da outra.
Mesmo que você mande fazer uma cópia com as mesmas medidas e dimensões, às vezes uma variação no bloco, na resina que é usada, ou no tecido, acaba alterando a composição da prancha e da performance.
Você tem apoio de alguma marca de prancha? Se sim, como é o trabalho que você faz com o seu shaper.
Atualmente eu faço um trabalho com dois shapers: Ricardo Kertchika, de Navegantes, e Sérgio Emílio, aqui da Praia Brava. Os dois são animais e produzem pranchas de alta performance. Meu surfe está evoluindo muito com eles. Acredito que com meu feedback eles também conseguem evoluir como shapers. É um trabalho muito importante para que no final seja a evolução do surfe.
Você consegue viver do surfe hoje?
Hoje eu não consigo viver do surfe. Não tenho patrocinadores, somente apoiadores.
Você acabou de lançar um vídeo. Conte um pouco da sua parceria com a produtora The Cave.
Faço um trabalho forte com a The Cave produtora de vídeos. Temos boas referências e o Luan Felipe Melo é sensacional nesta parte de produção. Ele tem a visão, tem o dom e se dedica. É um trabalho super importante aqui para a cidade. Não é só o surfe, precisamos estar no meio digital, publicando e movimentando as redes sociais, que são muito importantes e trazem uma imagem animal aqui para a cidade.
Qual é a sua manobra favorita?
Eu gosto muito de tubo. As praias aqui favorecem esta manobra, como a Praia Brava. Também gosto de dar aéreos, surfar forte, com trocas de bordas, fluidez e com manobras inovadoras. Não tenho uma manobra favorita, mas acho que é o tubo porque conecta o surfista com a onda.
Qual sua praia favorita?
Aqui o quintal de casa é muito bom, não tem uma praia favorita. Amo demais a Atalaia, o Molhe, a Brava. As praias de Itajaí são as minhas favoritas.
Uma surf trip inesquecível?
Com certeza foi para a Costa Rica. Foi um lugar mágico que conheci e peguei altas ondas. Conheci uma cultura animal, uma cultura que levo para a minha vida. A positividade, a Pura Vida. Foi sensacional ter conhecido aquele país.
O surfe em Itajaí foi proibido outra vez. Como é ficar sem surfar no período que tem mais ondas do ano?
Cara é muito complicado. Este período tem altas ondas.
Como é ficar sem competir?
Estava comentando na água com o Eloin (Trevisan) que estava morrendo de saudade de competir. Sinto que estou no auge. Usei este tempo a meu favor para me preparar mais, treinar mais. Ficar mais forte não só fisicamente, mas psicologicamente e espiritualmente. Estou louco para competir, mas temos que esperar.
Manda um recado para galera que curte o teu surfe.
O recado é para a galera se conscientizar, porque hoje o surfe está proibido em Itajaí. Devemos pensar no todo e não de forma individual. Isto é passageiro, vamos nos fortalecer para evitar esta contaminação. Acho que temos que parar de ser egoístas e pensar em todo mundo.