Os níveis de oxigênio da água do Centro da Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC), se aproximaram de zero na última quinta-feira (28) criando uma “zona morta” de vida.
A situação foi constatada três dias após o rompimento da estrutura de esgoto tratado da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) no local, no dia 25 de janeiro, causando grande impacto ambiental.
A análise da água é do biólogo e professor dos cursos de pós-graduação em Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFCS) Paulo Horta, em entrevista ao portal ND+.
Segundo o especialista, a falta de oxigênio pode implicar na morte de todos os organismos que vivem no fundo da lagoa, como siris, camarões e linguados.
O pesquisador é um dos signatários da nota técnica da UFSC que alerta para os danos ambientais da enxurrada da Lagoa da Conceição. “É triste o cenário porque, infelizmente, aquilo que a gente previu na nota está se concretizando”, lamenta.
Segundo a CASAN, os técnicos da Companhia estão fazendo coletas diárias das águas da região, tanto da Lagoa da Conceição quanto no entorno, com o intuito de monitorar a qualidade da água.
A empresa alegou ainda que está em contato com os laboratórios especializados da UFSC para elaborar um plano de diagnóstico e recuperação dos danos ambientais, mas que a prioridade é o atendimento às famílias.
De acordo com Paulo Horta, os danos podem ser maiores se algo não for feito imediatamente.
“A ausência de ação agora deve intensificar um ciclo vicioso: você tem muita matéria orgânica, muito nutriente, tem floração de organismos que ocupam toda a superfície da coluna d’água. Com isso, falta luz no fundo da lagoa e, assim, morrem os organismos que estão em profundidade maior por falta de oxigênio”, constata.
Impacto na cidade
Após o rompimento da estrutura ser constatado no bairro Lagoa da Conceição, em Florianópolis, no início da manhã de segunda-feira (25), o volume de água foi tão grande que casas foram atingidas, carros arrastados e a Avenida das Rendeiras, principal via de acesso da região, foi interditada.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a enxurrada ocorreu por volta das 6h30. Uma pessoa foi levada ao hospital após sofrer escoriações e outra precisou de atendimento médico no local.
Florianópolis sofre com chuvas
Conforme o Waves publicou, as fortes chuvas que atingem a região na segunda metade de janeiro já deixaram 65 pessoas desalojadas, cinco desabrigados e duas mortes. A prefeitura decretou situação de emergência na tarde do dia anterior ao rompimento (24).
Ao menos 30 ocorrências, incluindo deslizamentos e alagamentos, foram atendidos pela Defesa Civil municipal. Na Grande Florianópolis choveu mais em uma semana que o esperado para 30 dias.