Três etapas do circuito 2021, três finais. Gabriel Medina segue em excelente forma, voou alto no último dia do Narrabeen Classic e venceu a primeira do ano após dois vices em Newcastle (EUA) e Pipeline (HAV). Nesta terça-feira (20), o bicampeão mundial conquistou as três maiores notas de todo o evento, com aéreos impressionantes, sendo dois deles na final contra o norte-americano Conner Coffin que não viu a “cor da bola”.
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Com a vitória, Gabriel Medina confirmou a primeira posição no ranking e vai usar a camisa amarela de líder na próxima etapa, que também acontece na Austrália, mas em Margaret River, a partir do dia 2 de maio (dia primeiro no Brasil pelo fuso horário).
“É uma sensação incrível conseguir fazer uma performance como essa”, disse Gabriel Medina, logo que saiu do mar e foi cercado pela torcida que lotou a praia na terça-feira. “Foi uma final com boas ondas e bastante oportunidades para surfar e eu acertei todos os meus aéreos. É muito bom ganhar um evento e eu estava com saudade dessa emoção. Eu tenho chegado em várias finais (essa foi a quarta consecutiva), mas estava cometendo alguns erros que corrigi tudo nessa. É ótimo sentir essa sensação de que você está melhorando”.
As finais do Narrabeen Classic rolaram em ondas de 1 metro em média, lisas nas primeiras horas do dia e depois um pouco mexidas, mas fechando muito durante grande parte do tempo. E até o espetáculo da final, Gabriel Medina teve que mostrar porque é considerado por muitos um dos melhores competidores da história do surfe.
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Na raça e na técnica – Nas quartas de final ele deu uma aula de técnica e de como disputar uma bateria. Na terceira disputa da fase ele encarou Morgan Cibilic, australiano que anotou um high score e colocou pressão no brasileiro, mas o bicampeão mundial levantou a galera no Brasil e no mundo tirando leite de pedra.
Medina começou o confronto bem ativo e chegou a conquistar 5.83 pontos com manobras e aéreo reverse numa esquerda. Porém, após errar a aterrissagem de um voo, o australiano pegou a onda seguinte, dropou de backside já dentro do tubo, saiu limpo, deu um cutback e bateu. A nota 8.67 mostrou que Gabriel não teria moleza.
O brasileiro ficou uns cinco minutos com a prioridade, mas logo voltou a ficar ativo, sem esperar pelas melhores ondas. Primeiro ele soltou várias manobras numa canhota média e arrancou 5.87. Mas ainda faltavam 6.14 pontos e o aussie tinha uma nota fraca pra trocar (3.33), o que poderia complicar ainda mais o caminho de Medina.
O brazuca pegou duas ondas fracas e quando restavam seis minutos para o fim espremeu ao máximo uma esquerda intermediária, começando com um alley-oop, seguido de duas rasgadas. A nota 6.67 o colocou em primeiro e ele continuou tentando melhorar, porém quatro minutos depois Morgan escovou uma esquerda e virou com 4.00.
Mas não à toa, Medina é um dos competidores mais respeitados do mundo. Logo na sequência ele rasgou duas vezes e voou num reverse de frontside. Ele precisava de 6.01 e passou pra frente com 6.27. Mas ainda tinha o golpe final, e ele veio nos últimos segundos com um voo de frontside de rotação completa, aterrissando na base e não sendo derrubado pela espuma. A nota 9.30, a maior da etapa até aquele momento, carimbou o passaporte dele para as semifinais.
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Duelo entre amigos – O adversário foi o amigo Frederico Morais, que dominou o primeiro confronto das quartas contra o australiano Ethan Ewing. Na semi, contra Medina, o português repetiu o que o levou até a semi do Narrabeen Classic, mas pra vencer Gabriel Medina só o “feijão com arroz” na maioria das vezes não é suficiente. E mais uma vez não foi.
Após começar bem, com suas já conhecidas e boas manobras de backside, Frederico viu Medina pegar várias ondas muitas ruins, porém mesmo assim ele surfou bem e conquistou notas para o somatório.
Eles chegaram na metade do confronto quase empatados, mas com o português na frente, porém o brazuca seguiu pegando muitas ondas, arrancou as notas 6.50 e 6.00 e deixou o europeu precisando de 7.10 pra virar. Frederico até tentou, mas o mais perto que conseguiu foi 5.30 e ele acabou eliminado, finalizando a terceira etapa do tour 2021 da elite com um terceiro lugar.
Conner no caminho do pódio – Medina encontrou Conner Coffin na final. O norte-americano chegou na bateria mais importante do evento masculino após superar de forma fácil o japonês Kanoa Igarashi nas quartas. Numa bateria que teve 40 minutos no total, já que teve restart após não ter onda nos dez iniciais, o japonês só fez uma nota que não chegou a um ponto (0.80).
Kanoa parece ter ficado abalado quando no início remou numa onda, mas tinha o norte-americano no caminho. Ele reclamou, mas a WSL não fez nada. O norte-americano então foi trabalhando nas poucas oportunidades que surgiam, abriu com 6.33 e na última onda colocou mais 4.73 no somatório pra vencer com folgas.
Conner Cirúrgico – Na segunda semifinal o norte-americano foi cirúrgico, soube esperar por boas ondas e não desperdiçou as oportunidades, conquistando 6.50 e 7.33. O também surfista dos Estados Unidos, Griffin Colapinto ficou muito ativo, porém errou muito na escolha das ondas e também em manobras, e, apesar de acertar um aéreo com rotação de frontside (6.70), em nenhum momento ameaçou tomar a liderança de seu adversário e terminou o Narrabeen Classic em 3º lugar.
O espetáculo final – A finalíssima teve um Gabriel Medina matador. Após começar com uma onda fraca, Medina esperou e aos nove minutos entrou numa esquerda, rasgou invertendo totalmente a direção da prancha, aplicou uma batida na sequência e partiu para um aéreo reverse alto. Tudo isso valeu 9.27 pontos. Mas o pior para Conner ainda estava por vir.
Quando ainda restavam 21 minutos para o fim, Medina entrou numa direita, bateu e acelerou até voar em mais um reverse. Dessa vez a nota foi 9.50, a maior de todo o Narrabeen Classic.
Dali pra frente foi só festa, com Medina arriscando nas manobras, e com isso conquistou outra nota excelente (8.67) que acabou descartada, enquanto Conner tentava um final digno. E ele conseguiu com duas manobras fortes de backside que valeram 8.77. Porém ficou faltando uma nota máxima para vencer e ele não teve mais tempo pra nada.
“Aquela rampa foi demais (9.50). Quando eu entrei na onda, fiz a primeira manobra e depois só acelerei e fui para o aéreo. Quando aterrissei, eu sabia que ia receber outra nota 9 e pouco e aí pensei: acabou. Eu quero agradecer todo mundo aqui desse lugar incrível, as praias são fantásticas, a comida é ótima, as pessoas muito simpáticas e ter esse apoio da torcida é demais. Tenho me divertido muito e a Austrália nunca foi tão boa para mim assim”, falou Medina.
Rankiing – Com a vitória, Medina agora é o número um do ranking e Italo Ferreira caiu para segundo lugar. O havaiano John John Florence está em terceiro, seguido do japonês Kanoa Igarashi (4º) e de Conner (5º). Filipe Toledo, em 8º lugar, é o terceiro brasileiro na lista atual dos dez melhores.
Yago termina em quinto – O outro brasileiro que chegou vivo nas finais do Narrabeen Classic foi Yago Dora. Ele competiu na última bateria das quartas de finais e caiu para Griffin Colappinto. Depois de um início lento de bateria, o norte-americano acelerou de backside numa esquerda e decolou alto e rodando para faturar 8.50 pontos.
Yago ainda tentou diminuir a diferença com manobras de borda, já que os aéreos não estavam saindo, e chegou a anotar 7.00, mas acabou eliminado pelo placar de 12.50 a 12.00. Com o resultado, Yago terminou o Narrabeen Classic na quinta posição e agora ocupa o 11º lugar no ranking.
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Próxima etapa – A próxima etapa vai ser a terceira da perna australiana que terá quatro no total. Entre os dias 2 e 12 acontece o Margaret River Pro, nas poderosas ondas da Austrália Ocidental.
Assista às disputas ao vivo aqui no Waves.
Narrabeen Classic 2021
Final Masculina
Campeão Gabriel Medina (BRA) 18.77
Vice-campeão Conner Coffin (EUA) 14.10
Semifinais Masculiinas
1 Gabriel Medina (BRA) 12.50 x 10.70 Frederico Morais (POR)
2 Conner Coffin (EUA) 13.83 x 11.03 Griffin Colapinto (EUA)
Quartas de final Masculinas
1 Frederico Morais (POR) 13.84 x 11.83 Ethan Ewing (AUS)
2 Gabriel Medina (BRA) 15.97x 12.67 Morgan Cibilic (AUS)
3 Conner Coffin (EUA) 11.06 x 0.80 Kanoa Igarashi (JAP)
4 Griffin Colapinto (EUA) 12.50 x 12.00 Yago Dora (BRA)
Ranking Masculino
1 Gabriel Medina (BRA) 25.600 pontos
2 Italo Ferreira (BRA) 19.405
3 John John Florence (HAV) 14.650
4 Kanoa Igarashi (JPN) 12.810
4 Conner Coffin (EUA) 12.810
6 Morgan Cibilic (AUS) 12.160
7 Jordy Smith (AFR) 11.385
8 Filipe Toledo (BRA) 10.735
8 Griffin Colapinto (EUA) 10.735
8 Frederico Morais (PRT) 10.735
Outros brasileiros
11 Yago Dora (BRA) 9.395 pontos
13 Caio Ibelli (BRA) 7.970
15 Deivid Silva (BRA) 7.405
18 Jadson André (BRA) 6.905
20 Adriano de Souza (BRA) 6.340
22 Peterson Crisanto (BRA) 5.980
22 Miguel Pupo (BRA) 5.980
32 Alex Ribeiro (BRA) 2.925
Campeã Caroline Marks (EUA) 12.57
Vice-campeã Tatiana Weston-Webb (BRA) 11.34
Semifinais Femininas
1 Tatiana Weston-Webb (BRA) 13.90 x 10.80 Carissa Moore (HAV)
2 Caroline Marks (EUA) 13.60 x 13.57 Courtney Conlogue (EUA)
Quartas de final Femininas
1 Carissa Moore (HAV) 12.94 x 10.16 Keely Andrew (AUS)
2 Tatiana Weston-Webb (BRA) 11.90 x 10.40 Sally Fitzgibbons (AUS)
3 Caroline Marks (EUA) 12.50 x 10.46 Johanne Defay (FRA)
4 Courtney Conlogue (EUA) 12.16 x 9.17 Stephanie Gilmore (AUS)
Ranking Feminino
1 Carissa Moore (HAV) 23.885 pontos
2 Caroline Marks (EUA) 18.695
3 Tatiana Weston-Webb (BRA) 16.495
4 Tyler Wright (AUS) 15.220
5 Stephanie Gilmore (AUS) 14.235
6 Sally Fitzgibbons (AUS) 13.440
6 Courtney Conlogue (EUA) 13.440
8 Johanne Defay (FRA) 12.100
9 Keely Andrew (AUS) 11.875
10 Isabella Nichols (AUS) 11.455