O Pro France recomeçou após um dia sem disputas nas ondas de Culs Nus, em Hossegor. Todas as oito baterias do terceiro round masculino foram realizadas, e sete brasileiros avançaram para a fase dos 16 melhores. Kanoa Igarashi é o único a arrancar nota dentro do critério excelente nesta sexta-feira (22), e avança com autoridade para enfrentar Edgard Groggia nas oitavas.
Clique aqui para ver as fotos
O mar continuou bagunçado em Culs Nus. As ondas passaram dos 2 metros nas séries e a maioria com parede espumada e irregular. Nove brasileiros começaram o dia ainda vivos na terceira etapa do Challenger Series.
Alex Ribeiro abriu a fase com boa atuação. Ele mostrou que estava em sintonia com o pico francês do início ao fim da bateria. O brasileiro fez as maiores notas da disputa (6.93 e 6.83), que foram conquistadas nas esquerdas e com boas rasgadas, batidas e ataques fortes às junções.
O holandês Beyrick De Vries demorou a entrar no ritmo do confronto, mas avançou em segundo lugar. Ele conquistou a vaga quase no final, após executar uma batida vertical embaixo do lip de uma junção casca-grossa (6.40). O australiano Callum Robson ficou na necessidade de 6.97 pontos e chegou a ameaçar com 5.73, porém foi eliminado.
A terceira bateria teve três brasileiros. Jesse Mendes mostrou desde o começo que estava conectado com o mar de Hossegor. Ele abriu com 3.00 pontos, e na sequência acertou uma forte batida de frontside para colocar mais 4.67 no somatório.
Enquanto Edgard Groggia e Marcos Correa tinham dificuldade em achar ondas boas, Jesse pegou outra esquerda. O atleta rasgou com pressão e bateu forte para conquistar 6.83 pontos. Jesse trocou de nota novamente com o outro ataque de frontside antes do final da primeira metade do confronto. Ele bateu e executou um layback na junção de espuma para anotar 5.40.
Edgar acordou e surfou duas esquerdas em poucos minutos. Ele executou duas manobras em cada onda e anotou 5.13 e 6.57 pontos para complicar a vida do terceiro colocado. Marcos Correa (3º) não conseguiu reagir e acabou eliminado do Pro France. Jesse venceu o duelo.
“Eu vi que o mar subiu e eu estava 100% preparado. Eu prefiro surfar nessas condições, do que em ondas pequenas. Com o mar assim, qualquer um pode ganhar, então fiquei focado no meu surfe e estou feliz por ter avançado”, diz Jessé Mendes. “Acho que surfei umas ondas de 8-10 pés e foi uma pena ter sido uma bateria só com brasileiros. O Edgard (Groggia) é o melhor amigo do meu irmão e o Marcos (Correa) mora bem perto da minha casa. Nós crescemos juntos e foi uma pena um ter perdido. Mas, estou bem feliz por ter conseguido pegar várias ondas para mostrar o meu surfe”.
A quinta bateria da fase teve Yago Dora, Lucas Silveira e Carlos Muñoz. O atleta da Costa Rica começou acelerado. Ele largou com 6.50 pontos conquistados numa direita que teve uma boa rasgada, que foi linkada com um ataque à junção.
Yago também teve um bom início. Ele atacou uma esquerda e colocou 6.17 pontos no somatório. Lucas também correu atrás e anotou 5.33 com uma performance de frontisde numa direita que não foi da série, mas que foi atacada do começo ou fim.
Carlos voltou a ação aos oito minutos de bateria. O surfista fez estrago em outra direita. O costa-riquenho começou com um layback, foi na base e emendou com uma batida reta. O surfista foi para o inside fazendo algumas curvas até fechar com mais uma batida. A nota 7.83 pontos aumentou a distância dele para os brasileiros.
Na sequência Yago fez três manobras de backside e assumiu a segunda posição ao conquistar 5.50 pontos. Mas Lucas rapidamente deu o troco. Ele surfou uma esquerda e acertou uma batida vertical e uma rasgada. Lucas retomou o segundo lugar com a nota 5.47.
A bateria ainda não tinha chegado na metade, porém os surfistas não conseguiram melhorar suas pontuações até o fim. Yago ainda surfou quatro ondas, porém não conquistou os 5.57 pontos que precisava e foi eliminado.
A disputa seguinte também teve dois brasileiros. Mateus Herdy abriu com uma direita e fez uma rasgada, além de um cutback. A atuação valeu 4.17 pontos.
João iniciou com 3.00 pontos e na sequência pegou uma direita, fez duas rasgadas boas, além de um cutback e um ataque à junção espumada. Com 5.83 ele foi para a primeira posição. Dois minutos depois ele fez uma direita similar e recebeu a nota 5.00. Enquanto isso, o espanhol Aritz Aranburu tinha apenas duas ondas fracas e estava em último.
Mateus precisava de 6.66 pontos para liderar e foi para o ataque de frontisde. O brasileiro rasgou com estilo e executou uma forte batida na junção. Com 7.33 ele assumiu o primeiro lugar.
A bateria chegou na metade e Aritz ensaiou uma reação. O espanhol começou a atuação na direita com uma batida para ganhar a seção, e emendou com um forte layback. Depois seguiu na onda, mas sem fazer manobras de destaque. Logo atrás Mateus rasgou e fez um forte ataque à junção, chutando a rabeta num layback. Aritz anotou 5.17 pontos, e Mateus 6.27.
Quanto restavam dez minutos, João tinha a prioridade e Aritz estava ativo, atrás dos 5.67 pontos que necessitava para tirar a vaga do brasileiro. O espanhol pegou seis ondas até o final, mas não conseguiu a pontuação que precisava. Quem melhorou o somatório nesse tempo foi Mateus, que manobrou forte em outra direita e recebeu 6.57 para confirmar a vitória.
Samuel Pupo foi o último brasileiro a competir nesta sexta-feira. Ele participou do sétimo confronto junto dos australianos Jordan Lawler e Wade Carmichael. A bateria ficou embolada durante todo o tempo. Jordan chegou no terceiro terço do confronto em primeiro lugar. Samuel estava em segundo, sofrendo pressão de Wade.
O brasileiro achou uma esquerda um pouco mais limpa quando restavam nove minutos para o fim. Ele rasgou duas vezes e fez uma junção de backside. A nota 5.93 pontos deu mais tranquilidade para ele, que assumiu a liderança.
Os australianos passaram a lutar pela segunda posição, mas continuaram errando alguns movimentos na performance e na escolha das ondas. Jordan avançou e Wade (3º) foi eliminado.
“Foi uma bateria bem difícil, mas usei minha estratégia de ficar bem próximo dos dois e estou feliz por ter passado”, fala Samuel Pupo. “O mar está bem difícil hoje. Na minha última bateria, consegui uma nota acima de 9 e nessa passei com um total de 10 pontos nas duas. Até busquei algumas rampas, mas não consegui achar as boas para mandar os aéreos. Quem sabe amanhã. Agora vou dar uma analisada nessa bateria, curtir a vitória, descansar e me preparar para amanhã”.
Kanoa endiabrado – O nome do dia foi Kanoa Igarashi. O japonês conquistou duas notas no critério excelente e avançou com autoridade para as oitavas de final. O peruano Lucca Mesinas começou a quarta bateria do terceiro round com 4.67 e 7.00 pontos. Kanoa ficou muito ativo. Iniciou com 5.50 e depois pegou duas ondas fracas até colocar mais 5.43 no somatório. Mas o melhor estava por vir.
Kanoa surfou uma direita da série quando restavam dez minutos para o fim. Ele rasgou duas vezes com estilo e força antes de acertar um layback expressivo na junção. A nota foi 8.17 pontos. O japonês assumiu a liderança e o peruano foi pra segundo. O australiano Dylan Moffat tentava achar ondas com potencial, mas estava apagado na bateria, com notas fracas.
O japonês deu o último golpe no minuto final. Kanoa pegou outra direita e com duas manobras conseguiu 8.10 pontos para sacramentar a vitória. Lucca avançou em segundo lugar e Dylan se despediu do Pro France.
Vagas no CT 2022 – Depois do Pro France, só restará uma etapa no Havaí para definir os 12 homens e as 6 mulheres, que completarão a elite que disputará os títulos mundiais no World Surf League Championship Tour 2022. Os rankings masculino e feminino computarão três resultados, com um deles podendo ser a maior pontuação obtida nas etapas do WSL Qualifying Series de 2020, disputadas até o mês de março, antes do Circuito Mundial ser cancelado por causa da pandemia do Covid-19.
Próxima chamada – A próxima chamada para o Pro France acontece neste sábado (23), às 3h15 (de Brasília). A previsão indica que as ondas de Culs Nus devem ficar limpas, com cerca de um metro e vento terral.
Assista às disputas ao vivo aqui no Waves.
Pro France
Round 3 Masculino
3º=17º lugar (2.000 pontos e US$ 2.000)
1 Alex Ribeiro (BRA) 13.76, Beyrick De Vries (HOL) 12.87, Callum Robson (AUS) 11.63
2 Connor O’Leary (AUS) 13.17, Maxime Huscenot (FRA) 9.86, Jacob Willcox (AUS) 9.50
3 Jesse Mendes (BRA) 12.23, Edgard Groggia (BRA) 11.70, Marcos Correa (BRA) 5.90
4 Kanoa Igarashi (JPN) 16.27, Lucca Mesinas (PER) 12.47, Dylan Moffat (AUS) 5.80
5 Carlos Munoz (CRI) 14.33, Lucas Silveira (BRA) 11.87, Yago Dora (BRA) 11.67
6 Mateus Herdy (BRA) 13.90, Joao Chianca (BRA) 10.83, Aritz Aranburu (ESP) 8.00
7 Samuel Pupo (BRA) 10.63, Jordan Lawler (AUS) 8.60, Wade Carmichael (AUS) 7.20
8 Frederico Morais (PRT) 12.17, Michel Bourez (FRA) 9.43, Jorgann Couzinet (FRA) 8.46
Oitavas de final
3º=9º lugar (3.500 pontos e US$ 2.750)
1 Alex Ribeiro (BRA) x Maxime Huscenot (FRA)
2 Connor O’Leary (AUS) x Beyrick De Vries (HOL)
3 Jesse Mendes (BRA) x Lucca Mesinas (PER)
4 Kanoa Igarashi (JPN) x Edgard Groggia (BRA)
5 Carlos Munoz (CRI) x Joao Chianca (BRA)
6 Mateus Herdy (BRA) x Lucas Silveira (BRA)
7 Samuel Pupo (BRA) x Michel Bourez (FRA)
8 Frederico Morais (PRT) x Jordan Lawler (AUS)
Quartas de final Femininas
2ª=5º lugar (5.000 pontos e US$ 3.500)
1 Sawyer Lindblad (EUA) x Dimity Stoyle (AUS)
2 Alyssa Spencer (EUA) x Brisa Hennessy (CRI)
3 Molly Picklum (AUS) x India Robinson (AUS)
4 Vahine Fierro (FRA) x Caitlin Simmers (EUA)