Balneário Camboriú

Praia alargada encolhe 70 metros

Segundo a prefeitura de Balneário Camboriú (SC), situação da faixa de areia já era esperada e está sendo monitorada.

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Imagem de novembro de 2021 de faixa de areia alargada da praia Central de Balneário Camboriú (SC). Área encolheu 70 metros.

Um trecho da praia Central, em Balneário Camboriú (SC), cuja faixa de areia foi alargada há 18 meses, “encolheu” cerca de 70 metros desde que a obra foi concluída. A situação na cidade no litoral de catarinense já era esperada e está sendo monitorada pela prefeitura, segundo o engenheiro civil e fiscal da obra Rubens Spernau, que foi prefeito entre 2002 e 2008.
O recuo é registrado em um trecho de 200 metros de extensão, entre a rua 4800 até o molhe da Barra Sul, o que corresponde a 3,4% da praia, que tem 5,8 quilômetros.

Quando a obra foi concluída, esse trecho estava com 180 metros de faixa de área –do calçadão até a água do mar. Agora, está com 110 metros.

Um dos sinais do processo de erosão é um degrau de areia de cerca de um metro de altura que acabou se formando no final da praia, no limite entre a praia e o mar.

Na praia, o recuo da faixa de areia já é percebido por banhistas e por trabalhadores que atuam na área. O comerciante Giovanni da Igreja, 56, administra um quiosque da família há mais de 20 anos.

“Acho que é maior [o recuo do que o anunciado], uns 80 metros para mais. Antes eu não conseguia enxergar o mar (do quiosque)”, disse. O comércio dele fica em uma região estratégica, em frente ao parque Unipraias, com grande movimentação.

Antes do alargamento, mal havia faixa de areia no local, e não era possível colocar cadeiras para os banhistas alugarem, conta ele.

O recuo, porém, agora preocupa. “Assusta um pouco pela velocidade que está acontecendo. Será que vai continuar recuando? Para nós, temos certeza que a obra foi boa”, disse.

Já a comerciante Mariará Barros, 21, diz não ter notado a redução da faixa de areia. “Mas é bem provável que esteja ocorrendo. Sempre que tem maré alta, leva um bocado de areia”, conta.

Porém, segundo o engenheiro Spernau, a praia “aumentou” ao lado de onde está sendo registrado esse recuo, o que já é notado por banhistas já que por ali a água está mais rasa.

“A modelagem já previa que ali haveria, como já houve no passado, um carreamento [transporte] de areia no sentido de diminuir a parte emersa”, disse o engenheiro. “Só que essa areia ela não sai da praia e vai embora. Ela fica na região, vai se depositando na parte imersa ou aumentando um pouco a praia em áreas adjacentes àquela região”.

A movimentação da areia nesses locais está relacionada às correntes marítimas e ao registro de ressacas do mar, ainda conforme o engenheiro. No local, o movimento das ondas é de leste-nordeste.

Antes do alargamento, a faixa de areia estava bastante reduzida neste ponto da praia de 200 metros e era comum o alagamento da Avenida Atlântica, em frente ao mar, em dias de ressaca. Em março deste ano, a prefeitura abriu licitação para contratar uma empresa para conter o recuo da praia.

A técnica é chamada de “geotubos”, que são bolsas de contenção colocadas em locais mais afetados e depois jogada a areia por cima.

No final de maio, a Penascal -Engenharia e Construção, com sede em São Paulo, apresentou um orçamento de cerca de R$ 3,5 milhões para fazer a obra em um prazo de três meses.

A maior parte do valor será destinada para o fornecimento e instalação dos geotubos, feitos em tecido 100% de prolipropileno.

Segundo a prefeitura, a licitação já foi homologada e a empresa está apresentando os documentos necessários para a assinatura do contrato, que deve ocorrer em breve.

A região sul da praia Central já havia sido aterrada e também houve avanço do mar. Porém, demorou para ocorrer, segundo Spernau, que era prefeito na época.

A obra ocorreu entre 2002 e 2003 -na época, o molhe estava sendo construído. O engenheiro explica que foi utilizada areia do próprio rio que passa ao lado para fazer o “engorde” da praia.

O curso d’água estava sendo dragado e a prefeitura conseguiu uma licença com os órgãos ambientais para fazer o serviço. “A gente não tinha praia na região sul numa extensão bastante grande”, explica Spernau.

O processo de avanço do mar, segundo o engenheiro, foi ocorrendo aos poucos. E, em 2017, a água começou a bater nas pedras e no muro de arrimo que separa a praia do calçadão. “Não foi um aterro com tanta areia como nós fizemos agora, a quantidade de areia era bem menor, mas aquilo ali durou 14 anos.”

Fonte UOL