Praias de risco

As dez mais perigosas de Floripa

Estatísticas revelam locais que mais registraram salvamentos, afogamentos, arrastamentos e mortes nas últimas três temporadas na capital catarinense. Praia Brava lidera a lista.

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Praia Brava do lado norte de Florianópolis lidera ranking das dez praias mais perigosas da ilha.

Um ranking obtido com exclusividade pelo jornal ND revela as dez praias mais perigosas de Florianópolis. A relação apresenta aquelas que mais registraram ocorrências de salvamentos (resgate de vítima propriamente dita), afogamentos (afogamento de grau 1 a 6), arrastamento (pessoa que entra em corrente de retorno e é salva antes de entrar em afogamento) e morte (grau 6 sem reversão).

Os dados correspondem ao período entre janeiro de 2021 e janeiro deste ano, abrangendo três temporadas. A praia Brava, no Norte da Ilha, lidera as estatísticas com folga, registrando 705 ocorrências. Matadeiro (481), Campeche (471), Barra da Lagoa (471) e Ingleses (425) fecham o ranking nas cinco primeiras posições entre as mais perigosas.

Os números foram compilados e repassados pelo CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina). Conforme o major Fernando Ireno Vieira, subcomandante do 1º BBM (Batalhão de Bombeiros Militar) de Florianópolis, estão elencadas no ranking as dez praias mais perigosas da Capital, porém, há outras de alta periculosidade e que não registram tantas ocorrências.

“Temos praias como a Lagoinha do Leste, que é bastante perigosa, mas que não gera tanta ocorrência, porque para chegar nela só por trilha, levando 40 minutos pelo Pântano do Sul, ou duas horas pelo Matadeiro. Em números, não se reflete (o perigo) porque tem poucos turistas se comparado às praias que estão no ranking”, explica o major.

Ele cita ainda os exemplos de praias como Naufragados, Lagoinha do Leste e Galheta. “A Galheta é outra praia perigosíssima, mas tem um público mais restrito e poucos registros de ocorrências em comparação a outras praias. Naufragados é outro exemplo, também com acesso dificultado por trilha, mas muito perigosa”, diz Vieira.

O major ressaltou, ainda, que a Capital tem outras praias não elencadas no ranking que trazem perigos, mas são supervisionadas de tal forma que os números não refletem verdadeiramente o risco que impõem às pessoas.

“Da mesma forma, a Mole, que é bastante perigosa, é uma praia de tombo, no entanto, as pessoas que frequentam sabem do risco e evitam o banho de mar em excesso. Já a Barra da Lagoa e os Ingleses são mais tranquilas, porém, mais perigosas porque têm muita gente na água e correntes de retorno, então, o número de ocorrências é alto”, explica Vieira.

“Ou seja, a Mole oferece mais perigo, no entanto, o número de ocorrências na Barra e Ingleses é maior pelo número de pessoas”, completa.

Pessoas subestimam o risco

Dados da Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático) mostram que 15 pessoas morrem afogadas no Brasil diariamente e 45% dos afogamentos ocorrem no verão.

A prevenção é a principal ferramenta para evitar acidentes, especialmente na alta temporada, quando piscinas, praias, rios, lagos e lagoas costumam ser utilizados com mais frequência.

O secretário-geral da Sobrasa, David Szpilman, destacou que, ao contrário do que as pessoas pensam, a maioria dos afogamentos não ocorre em praias, mas na água doce.

O motivo é que, geralmente, nesses lugares não há guarda-vidas ou pessoas qualificadas para prestar socorro. “Mais de 70% das mortes ocorrem em rios, lagos e represas. Nas praias as pessoas se afogam e, por ter guarda-vidas, são salvas”, disse Szpilman.

O secretário-geral diz ainda que muitas situações de afogamento ocorrem porque as pessoas subestimam o perigo. “O ideal é que a gente saiba os riscos do ambiente e a nossa competência aquática. Toda situação de afogamento, independentemente de ser em piscina, cachoeira, rio, lago, represa, praia, surfando ou fazendo esporte aquático, exige um balanço entre o risco do ambiente e a sua competência aquática, a capacidade de enfrentar o perigo”, ressalta.

Segundo Szpilman, em situações de afogamento, a pessoa deve manter a calma, procurar boiar e pedir ajuda. Evitar nadar contra a correnteza também é uma dica importante, já que a pessoa estará gastando a energia que deveria utilizar para aguardar o socorro.

“No sufoco, a primeira coisa a fazer é guardar as forças para flutuar, não nade contra a correnteza. Encha o pulmão e tente boiar. Peça ajuda e espere”, explica.

Para quem está vendo alguém se afogar, a recomendação é buscar ajuda imediatamente e evitar entrar na água. Em relação aos cuidados com as crianças, a principal recomendação é nunca perdê-las de vista.

Também é preciso cercar piscinas, esvaziar baldes e outros utensílios onde os pequenos possam se afogar. Em praias, rios e lagos, a recomendação também é nunca tirar os olhos e sempre avaliar os locais que são mais arriscados.

Fonte Ndmais