Solidariedade no RS

Médicos surfistas dão uma força

Associação Brasileira de Surf Médico junto com Instituto Dunga de Desenvolvimento do Cidadão oferecem atendimento médico gratuito e de qualidade para atingidos pelas inundações no RS.

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Paciente recebe atendimento pelo projeto.

Em meio à devastação causada pelas cheias no Rio Grande do Sul, um projeto inovador surge como um raio de esperança para as famílias desabrigadas. Idealizado pelo Instituto Dunga de Desenvolvimento do Cidadão (IDDC), em parceria com a Associação Brasileira de Surf Médico (Abrasmed), a iniciativa oferece atendimento médico gratuito e de qualidade para os atingidos pelas inundações.

A iniciativa teve início no mês de junho e conta com a expertise de médicos da Abrasmed, que utilizam um aplicativo desenvolvido pelo Dr. Wilson Zatt, de Santa Maria, para agendar consultas e realizar atendimentos presenciais. A plataforma facilita o acesso à saúde para a população afetada, que muitas vezes enfrenta dificuldades para encontrar serviços médicos em meio ao caos das cheias.

O projeto ganhou ainda mais força com a parceria do Laboratório Aché e da Lauduz Telemedicina Avançada, que garantem a realização de exames e a oferta de teleconsultas especializadas para os pacientes. A Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e as faculdades de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) também se uniram à iniciativa, reforçando o compromisso com a saúde da população em situação de vulnerabilidade.

Caio Scocco, médico oftalmologista, coordenador da área de saúde no Instituto Dunga e integrante da Abrasmed, explica que, já na pandemia da Covid, integrantes da Abrasmed atuaram com telemedicina, em modelo que buscou atender quem precisava cuidar da saúde, mas devia seguir restrições sociais e isolamento.

No caso das últimas cheias, que ainda mantêm desalojados milhares de gaúchos e que segue em algumas regiões, a proposta foi chegar em quem perdeu celular e/ou ficou sem condições, inclusive, de comunicação e de recursos. Foi aí que surgiu a proposta de utilizar um equipamento possível para abrigos.

A doação da Aché, para aquisição de equipamentos da empresa gaúcha Lauduz, permitiu adaptar o aplicativo a este novo contexto e mobilizar voluntários, contribuindo para facilitar o cuidado e acesso à saúde, totalmente gratuito e via voluntariado, em momento de crise.

“A Abrasmed foi nossa tropa de elite a desbravar essa ação. E o médico cardiologista Cristiano Pederneiras Jaeger, de Porto Alegre, também da Abrasmed, foi o primeiro a prestar a modalidade, como projeto piloto, dentro do Abrigo Emergencial 60+, na rua João Pessoa, na Capital, no começo deste mês, através do Consultório Digital (tablet com equipamentos e acoplado por Bluetooth)”, destaca Caio Scocco.

Por meio da Abrasmed, Juliano Cardoso, presidente da Região Sul, fez um chamamento para trabalho médico voluntário do grupo surfista, que foi o primeiro organizado para atuar com telemedicina em meio à catástrofe ambiental.

Ainda segundo Caio Scocco, a experiência piloto do projeto TeleMed SOS RS, de cerca de três dias, foi exitosa, agilizando o serviço que deve seguir durante dois meses. Dificuldade em dispor de qualidade em celular, sinal de internet e equipamento para prestar atendimento em telemedicina foram questões consideradas para avançar nesta iniciativa, levando em conta que a maioria das vítimas das enchentes perdeu tudo. Segundo ele, a telemedicina semipresencial via Consultório Digital já é adotada internamente, em algumas instituições, em ambiente controlado. No entanto, nunca foi adotada em cenário de crise como este.

Dinâmica Operacional – Para o TeleMed SOS RS, estão disponíveis 60 equipamentos, com 20 já instalados para o Consultório Digital. As enfermeiras Carolina Xavier e Eduarda Klein, do Instituto Dunga, são gestoras do projeto. Com a Amrigs, houve a capacitação de facilitadores (dentro dos abrigos), que organizam a demanda e ajudam os pacientes no acesso ao equipamento. O fluxo das consultas ocorre conforme a disponibilidade de médicos voluntários, que indicam o horário a doar para o projeto, sendo feita uma escala e acerto com o respectivo abrigo. Cada local tem sua dinâmica e, em abrigo ou centro comunitário participante, a pessoa interessada procura a coordenação e agenda a consulta. A ideia, de acordo com Caio, é funcionar em três turnos diários.

Atualmente, o projeto, que mobiliza 62 profissionais, precisa de mais voluntários e, agora, busca psicólogos. “A demanda pelo serviço é complexa”, revela Caio, ao assinalar o uso dessa telemedicina para resolver casos mais simples e evitar colapso em saúde, tanto em Unidade Básica como sistema hospitalar. Assim, normalmente as consultas são voltadas a receitas, queixas, como dor de cabeça ou sintomas gripais, e relacionadas à saúde mental, por exemplo.

Esse projeto está sendo acompanhado por Ufrgs e UFCSPA, que irão relatar a experiência para o meio médico, com vistas a descrever resultados de forma científica, ampliando e qualificando o trabalho.

Projeto TeleMed SOS RS – O Telekit já foi instalado em 20 locais, entre abrigos e centros comunitários participantes. E o Consultório Digital é um modelo de telemedicina semipresencial em que o paciente acessa equipamentos (kits com tablet, esfigmomanômetro e oxímetro), em aplicativo composto por lista de espera, prontuário eletrônico e sistema de prescrição on-line.

A Abrasmed reúne, pelo esporte, médicos do país. Além de competições, promove encontros profissionais. No Sul, atua há 23 anos, a partir de amigos médicos com paixão pelo surf.

Médicos que desejam se voluntariar podem se cadastrar pela plataforma do projeto. E, agora, o projeto está em busca de psicólogos voluntários para participar dessa ação via Consultório Digital. Para mais informes e contato: (51) 9733-0875 (WhatsApp).

Fonte Correio do Povo