Ao longo da história o esporte provou ser uma ferramenta poderosa de transformação social, especialmente para jovens de comunidades vulneráveis. No Brasil, iniciativas como o Centro de Apoio e Desenvolvimento do Surfe (CADES), localizado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, exemplificam o impacto positivo dessas ações.
Fundado em 1998 pelos educadores Pedro Robalinho (atualmente técnico de Imai Kalani Devault), Luiz Azevedo e Henry Ajdelstajn, o Cades utiliza o surfe, o skate e outras atividades esportivas como meio de inclusão, educação e desenvolvimento pessoal.
A ideia de um projeto social que tem o esporte como base não é novidade. Algumas grandes iniciativas dessa natureza já foram idealizadas por meio de leis de incentivo, patrocínios, doações entre outros subsídios. Deles partiram grandes atletas que fizeram e fazem parte da história do esporte mundial.
Esses atletas são exemplos de como o acesso ao esporte pode transformar trajetórias e criar oportunidades, mesmo diante de desafios sociais e econômicos. A ONG que há cinco promove o projeto Rio Surfe Social, patrocinado pela Shell através da Lei de Incentivo ao Esporte, para jovens com idades entre 7 e 18 anos.
A sede do projeto, intitulado Rio Surf Social, fica estrategicamente localizada a cerca de 50 metros da Praia da Macumba, um dos locais mais constantes e diversos em termos de onda no Rio de Janeiro. A mesma distância o separa da Comunidade do Terreirão, onde há grande demanda de jovens em idade escolar.
“Nós visitamos as escolas públicas do nosso entorno em busca de alunos para nosso projeto. O Recreio é um bairro em que o surfe e o skate são bem presentes e as crianças realmente gostam muito”, diz Henry.
As aulas são ministradas todas as segundas e quartas-feiras em dois turnos: 8h às 11h e 14h às 17h e além do surfe os jovens contam com aulas de skate – mini ramp e simulador de surfe -; atendimento com psicóloga e assistente social.
“A ideia é que daqui saim cidadãos conscientes de seu papel na sociedade. Nos preocupamos com a situação familiar, escolar e por conta disso ao longo desse tempo temos resultados realmente efetivos”, analisa Luiz Azevedo, coordenador do projeto.
O projeto já faz parte da paisagem de quem surfa ou frequenta o Recreio. E os “amarelinhos” como são conhecidos os alunos por conta do uniforme amarelo, são divididos nas turmas pré-espuma – para crianças que ainda estão no processo de adaptação com o mar -, Espuma – para aqueles que já iniciaram no surfe – e Marola, voltada para alunos com mais vivência na água.
O Cades e outros projetos sociais demonstram que o esporte vai muito além da competição: ele é um caminho para a inclusão, o desenvolvimento pessoal e a formação de cidadãos conscientes.
A partir dessas iniciativas, jovens de comunidades carentes encontram um espaço para sonhar, superar barreiras e construir um futuro melhor. Ao investir no esporte como ferramenta de transformação, a sociedade não apenas revela talentos, mas também cria uma base sólida para um país mais justo e igualitário.
As atividades não se limitam ao esporte, integrando também atendimento psicológico, social e educativo (com psicóloga e assistente social no local), garantindo um suporte holístico aos participantes.
Entre os que já passaram pelo Cades, podemos citar Silvana Lima, duas vezes vice-campeã mundial de surfe; Pablo Paulino, bicampeão mundial júnior; Samuel Igo (atleta da elite brasileira) Claudemir “Bibi” Lima, Diego Brigido, e talentos como Yanca Costa e Cauã Costa.
Além disso, o Cades promove eventos e competições, estimulando o desenvolvimento técnico e competitivo dos alunos.
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