A aventura foi durante o carnaval, partindo da cidade histórica de Piranhas (AL), iniciando no sábado (25), com a participação de André Silva, atleta amador, militar da aeronáutica e instrutor de sobrevivência, Termício Soledade, atleta amador, capoerista, adepto ao ciclismo e Jota Neves conhecido como “ JotaSUP” instrutor de stand up paddle.
A proposta seria fazer a descida de stand up paddle sem nenhum tipo de apoio terrestre, sendo auto-suficientes levando a própria alimentação e dormindo às margens do rio quando completassem uma determinada quilometragem pré-definida.
“Água mineral foi o único recurso que tivemos que conseguir durante as paradas. Onde existia um povoado ou grande município, parávamos para comprar no mercadinho local e rapidamente iniciávamos a jornada de remar”, conta Jota Neves. A escolha da data para a expedição foi justamente para aproveitar o período de carnaval e fazer a remada da descida do São Francisco até a Foz sem interrupções.
O “Velho Chico” apesar de sofrer com o pouco volume de água liberado pela barragem de Xingó ainda continua lindo. Águas cristalinas convidativas para o mergulho, prainhas paradisíacas e um visual incrível.
Cada supista levava em sua prancha uma ou duas mochilas tipo Dry Bags, quilha extra, água (o consumo de água foi de aproximadamente 6 litros por atleta/dia), um remo extra (cada) para qualquer eventualidade de um rempo partir ou quebrar, duas barracas de camping, barras de proteína como suplementação e sachês de Carb Up e repositor hidroeletrolítico. Quanto à alimentação, os remadores levaram o equivalente a alimento para 6 dias (café, almoço e janta).
“Optamos pela comida tipo ração americana ou ração militar pronta para uso (MRE). É possível comprar em várias lojas online especializadas de camping ou sobrevivência. Calculamos o peso excedente aproximado em 25 – 27 kg que cada um atleta levou em sua prancha. Como não tínhamos apoio externo, decidimos por utilizar um equipamento tipo transponder ou rastreador pessoal com funções de SOS e Ajuda para o caso de alguma necessidade”, explica Jota Neves.
As jornadas de remo começavam com o dia ainda escuro. Sempre a partir das 4h30 da manhã, pois, para remar no Veho Chico, o quanto antes melhor, uma vez que o vento sopra forte a medida que as horas avançam. Portanto, quanto mais cedo, maior o rendimento da remada.
A correnteza do rio é muito fraca em alguns pontos e fica mais forte quando do estreitamento das margens ou canais.
O vento realmente é o maior obstáculo pois começa a soprar contra muito forte, anulando a correnteza e o esforço para remar aumenta consideravelmente. Na parte da tarde é que se torna insuportável remar. O vento chega a levantar marolas de tão forte.
Em muitos pontos dos rio ele se torna extremamente raso, a ponto de ser necessário descer da prancha e suspendê-la para a quilha não bater em pedras ou na areia.
O remadores prosseguiram como o planejado. Saindo sempre muito cedo e procurando estenter o máximo possível a remada até quando o vento permitisse. Dessa forma diminuíam em muito o trecho do dia seguinte. Sempre que alcançávam o ponto determinado que seriam os grandes municípios, eles paravam para o almoço, abastecimento de água e então seguiam avançando até encontrar um bom local para armar acampamento.
Existem vários locais proprícios para acampar às margens do rio. O cuidado era escolher o que melhor desse proteção contra o vento que levantava muita areia e sacudia bastante a barraca.
Durante toda a expedição o convívio entre os atletas foi do melhor possível. Todos bastante condicionados fisicamente e com um astral super bacana e descontraído.
Durante todo o percurso não houve incidentes. Tudo tranquilo. Jota Neves comenta o único perrengue da expedição: “A única parte que envolveu uma certa tensão foi depois de Propriá, onde por volta das 13 – 14 horas o vento realmente chegou violento onde não conseguimos avançar e tivemos que retornar alguns kms até encontrar um local para montar acampamento e dormir. Atitude sensanta pois algums quilômetros abaixo não teríamos um local bom para tal.”
Quanto a qualidade da água, os remadores chegaram a tomar a água do Velho Chico depois de colocar algumas pastilhas para torná-la própria para o consumo. A água com boa qualidade é a mais próxima de Piranhas, depois o rio começa a receber muito dejetos das outras cidades. Em Propriá, por exemplo, era possível sentir o cheiro forte de esgoto na primeira parada.
“Percebemos que não existe uma preocupação dos municípios de tratamento sanitário e do esgoto e joga-os diretamente no rio”, lamenta Neves que, apesar dessa constatação, recomenda fortemente a aventura:
“Recomendamos as pessoas a conhecerem o rio e fazerem esse percurso. Exige-se muito preparo físico e em alguns momentos muita força para superar o vento. Não é uma remada fácil. Atentar para a hidratação pois o sol é escaldante e o vento sopra quente. Muita hidratação para repor os sais minerais com algum repositor hidroeletrolítico.
O Velho Chico está cada vez mais com o nível dágua baixo. Tivemos a oportunidade ainda de conhecer o rio vivo e bonito, mas até quando estará assim e um mistério”, finaliza.
Quem tiver mais interesse de saber maiores detalhes e planejamento de uma futura SUP Expedition como esta, pode entrar em contato com o Jota pelo [email protected].