Mickey Bernardoni

A boa e velha session

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Há mais ou menos um ano, meu patrocinador de longa data e eu terminamos uma relação de quase dez anos. Um patrocínio que me abriu portas e somou muito à minha projeção no cenário do surf. 

 

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Felizmente, ao longo dos anos sempre trabalhei como produtor de imagens e nunca dependi do patrocínio para surf trips ou qualquer dos meus projetos, praticamente tirava do bolso para realizá-los. 

 

Vejo uma falha grande em diversos surfistas no Brasil que dependem só de campeonatos, muitas vezes falidos, e marcas para se sustentarem e isso impressiona. Acredito que em qualquer esporte, por mais bem sucedido, devemos ter uma atividade paralela, uma especialização ou algo que proporcione um plano B na vida. 

 

Meu pai sempre admirou o surf, ajudou meu irmão mais velho a montar uma das melhores fábricas de prancha de Balneário Camboriú, se não do Brasil, na década de 80, a Skip Free. 

 

Ele fica orgulhoso ao ver meus vídeos em canais de TV, internet e matérias em revista, mas sempre fez questão que eu me formasse na faculdade e traçasse este paralelo. Hoje, vejo o quanto ele estava certo. Ao mesmo tempo, reconhece o quanto o surf foi e é importante. Ele pagou metade da minha faculdade, na época dos campeonatos universitários, com bolsa-esporte.

 

Eu nunca soube na verdade me enquadrar como surfista profissional, free surfer, competidor ou qualquer outra denominação. Talvez, por eu ser somente um surfista instigado que somava um pouco de tudo. A curtição de filmar com os amigos e montar a boa e velha session nunca irá mudar, seja com ou sem patrocínio. 

 

Felizmente, hoje surfo sem me preocupar em render material para ninguém, somente pra mim mesmo. E é essa essência que devemos manter como surfistas, pegar onda pela simples diversão de surfar.

 

Foto de capa Osvaldo Pok