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A contusão de Medina

Gabriel Medina, Billabong Pipe Masters 2013, Pipeline, Hawaii

Gabriel Medina entuba durante bateria no Billabong Pipe Masters 2013, Pipeline, Hawaii. Foto: © ASP / Kirstin.

Recentemente, o atleta brasileiro Gabriel Medina teve a infelicidade de fraturar a fíbula surfando a pesada onda de Off the Wall, no Hawaii. Uma fechadeira onde muitos surfistas profissionais se arriscam pra fazer boas imagens para os patrocinadores e, claro, completar alguns tubaços também, nas séries que abrem. Jeremy Flores, por sinal, tirou um animal, no início dessa temporada.

 

Sempre triste ver um atleta de ponta se contundir, mas na verdade não foi isso o que chamou a minha atenção. Depois do acidente, Medina deu uma entrevista para imprensa declarando: “Ainda bem que foi no período de férias e vou ter mais de três meses para me recuperar até a primeira etapa na Gold Coast”.

 

Confesso que essa declaração, embora faça todo o sentido em se tratando do raciocínio de um atleta profissional, me fez parar e refletir um pouco.

 

Um garoto que completará agora 20 anos de idade, com uma temporada havaiana inteira pela frente, se machuca e, em vez de ficar chateado por ter de abrir mão de 2 meses surfando ondas perfeitas e pesadas no paraíso do surf, agradece a Deus pela contusão ter ocorrido em um período de férias do circuito mundial. É tão lógico e racional que chega a não fazer sentido pra muitos surfistas, acredito.

 

É claro que a declaração de Gabriel Medina não é nada mais do que um reflexo do foco e profissionalismo que, praticamente, todos jovens que correm o circuito mundial têm, atualmente. E chega a ser louvável, mas também existe o outro lado da moeda.

 

Embora com menos de 20 anos de idade, Medina e toda essa nova geração já tenham ido pro Hawaii por diversas temporadas, a evolução que mais um inverno havaiano proporciona para um jovem surfista profissional é imensurável, ainda mais em se tratando de um atleta de altíssimo nível como Medina, que tem condições de forçar e buscar o seu limite em cada onda.

 

É aquela velha história que estamos acostumados a discutir, no meio do futebol, sobre a importância da pré-temporada e tal. No surf, o inverno havaiano tem um pouco esse caráter, não só pra relaxar das competições, mas, principalmente, pra buscar uma contínua evolução em ondas pesadas de qualidade. Evolução que poderá fazer diferença em etapas da ASP como Tahiti, Fiji e Pipeline. Kelly Slater que o diga. Parece não precisar, mas está todo ano lá, por uns 2 meses.

 

Durante o circuito mundial, surfando baterias após baterias, o surf fica no pé, mas a verdadeira evolução acontece no free surf, no treinamento, e é muito importante que a qualidade da onda colabore.

 

Boa sorte para Gabriel em sua recuperação e espero poder vê-lo arrebentando, no Hawaii, na próxima temporada, porque, certamente, este é um ingrediente de extrema importância na bagagem que o conduzirá ao tão sonhado – e cada vez mais alcançável – título mundial.

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