A fórmula do supertop

Paulo Moura, Globe WCT Fiji 2006

Que tipo de combinação genética produziu um competidor como Kelly Slater? Só o tempo dirá… Foto: ASP World Tour / Tostee.

Acompanho o circuito mundial há mais de 20 anos, passando por Mark Richards, Dereh Ho, Richie Collins, Potter, Carroll, Curren, Occy, Tinguinha, Picuruta, Teco, Fabinho, Renan, Vitinho, Peterson, até chegar aos heróis de hoje, Neco, Mineiro, Moura, Odirley, Raoni, Andy, Taj e… Slater?
 
Quem é esse tal de Kelly Slater? Muita coisa já foi dita, escrita, filmada, fotografada e ninguém consegue definir tamanho destaque num universo recheado de estrelas das mais brilhantes, mas onde um homem só se aproxima de ser o sol no mundo do surf.
 
De onde veio e pra onde vai esse cara com esse nível de surf anormal?

 

Na 21a colocação, Paulo Moura é o brasileiro mais bem colocado no ranking do WCT. Foto: ASP World Tour / Karen.
Por que um cara só consegue virar na base de uma direita de 2,5 metros em Bells, subir mais do que reto e sentar uma cacetada esculachando o lip, segurando na borda, girando a rabeta e voltar mesmo despencando com toneladas de massa d?água sobre as costas?
 
Parece piada, parece surreal, mas não é. Parece milagre, e pode até ser… Qual a combinação que construiu KS?
 
Ultimamente os centros de treinamento de atletas andam polindo estilos, apoiando psicologicamente, fisicamente e financeiramente. Legal! Altíssimo nível. Essa é a evolução do surf competição, um conglomerado de forças amparando e impulsionando surfistas que têm objetivos competitivos.
 
Mas venhamos e convenhamos que nada nem ninguém vai conseguir plantar talento no corpo e na mente de um ser humano. Lapidação jamais vai significar que algum atleta emergente venha a se destacar sem ser realmente um fora de série.
 
Olho o ranking do WCT do segundo colocado para baixo e me pergunto como Slater se sobressaiu tanto que está todo mundo de Ferrari e ele de nave espacial. Agora com essa contusão pode ser que tenhamos uma certa dose de emoção entre os Top 16 do circuito, mas mesmo assim acho difícil alguém segurar a escalada de Slater rumo a mais um caneco.
 
Mas e os brasileiros? O que está acontecendo, rapaziada? O mar está muito perfeito? Depois de 15, 20 anos no circuito os juizes continuam passando a mão nas notas de vocês? Por favor, alguém me explica isso!
 
Noventa por cento chegam em 33, 19º lugar. Não, por favor, não façam o torcedor fanático aqui perder as esperanças, vai. Pelo menos um Top 10 e uns dois como Top 16, será que é esperar muito, guerreiros?
 
Fazer sete resultados bons no WQS, em ondas ruins, regulares e boas vários conseguem, mas e fazer uns cinco resultados bons no WCT, com ondas de boas a excelentes, não rola. Onde estamos falhando?
 
Todos já cansaram de treinar em picos de qualidade e ondas tubulares, não tem mais a desculpa que os gringos treinam desde cedo em barrels quadrados e em point e reef breaks. Queremos pódio! Queremos a bandeira lá no alto.
 
Quero ver o Fanning morrendo de medo de perder pro Mineiro, quero ver o Taj preocupadíssimo em quebrar o tabu com o Raoni sem ganhar dele nas ultimas cinco baterias. Quero ver o Neco ano que vem dando calor no Slater. Quero ver a baforada de Teahupoo três segundos antes de o Moura aparecer no 10 unânime na final.
 
Dream on galera. O mundão tá aí, é só saber chegar. Calem a minha boca com resultados, por favor!

 

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