Surf seco

A hora da verdade

Yuri Sodré, O?Neill World Cup of Surfing 2005, Sunset Beach, Hawaii

Carioca Yuri Sodré mostra disposição e consistência nas etapas disputadas em Haleiwa e Sunset, Hawaii. Foto: Bruno Lemos / Lemosimage.com.
Como um fanático ?freak? do surf de ondas grandes e das competições que sou, e hoje como comentarista esportivo, fica aqui minha mensagem: na era da internet, quando o circuito mundial chega ao North Shore de Oahu, Hawaii, todo mundo fica ligado na tela do computador.

 

É ali, nas pesadas ondas de Haleiwa, Sunset e Pipeline, que reputações são construídas e destruídas, ou, como dizem os estrangeiros, ?onde os homens se diferenciam dos garotos?.

 

Nas bancadas havaianas a dimensão é totalmente diferente das que estamos acostumados. Sem dúvida nenhuma o Hawaii é o lugar em que todos os profissionais gostariam de vencer um dia.

 

Na perna havaiana Adriano Mineirinho não manteve o ritmo impressionante que o levou ao título do WQS. Foto: Brunos Lemos / Lemosimage.com.
Além das ondas, a Meca do surf tem algo especial no ar, a vibe é outra, ainda mais nos meses de novembro e dezembro. As imagens da internet estão excelentes e o show ao vivo está incrível.

 

Os brasileiros estão mandando bem, com destaque para as performances de Raoni Monteiro, Léo Neves e Yuri Sodré em Haleiwa e Sunset. Eles mostraram surf de classe mundial nas morras.

 

Outros que também mandaram bem nestes dois primeiros eventos, mesmo passando somente algumas fases, foram Bruno Santos e Peterson Rosa, além de Renan Rocha, Marcelo Nunes, Guilherme Herdy e o jovem Pablo Paulino.

 

Yuri Sodré em Sunset merece destaque depois de ter surfado à altura do tricampeão mundial e big local Andy Irons em Haleiwa 12 pés numa bateria de ritmo impressionante. Este ano ele foi muito bem nas etapas do WQS e já está garantido no WCT 2006.

 

Além disso, Yuri vem ganhando respeito da comunidade por estar arrepiando ainda mais do que nos beach-breaks da vida nas ondas de Sunset e Haleiwa. Com esse desempenho ele tem condições até de vencer em Sunset este ano, difícil é ganhar dos locais.

 

Já o número um do WQS Adriano de Souza infelizmente não terminou o circuito como gostaria. Além de não ter dado sorte nas baterias, o garoto ainda é um garoto. Mas essas duas derrotas certamente irão amadurece-lo para o próximo ano. Hawaii é drama e mexe muito com o íntimo dos surfistas.

 

Em Haleiwa ele pegou o swell abaixando e acabou boiando na bateria. Em Sunset faltou malícia no pico, pois ali o conhecimento é fundamental. Mesmo assim ele pegou boas ondas e mostrou surf de linha, soltinho, colocou pra dentro no inside, mas não saiu. O lip que o derrubou no final do tubo, com swell de norte, é velho conhecido dos mais experientes.

 

Não basta ter surf, títulos, apoio e orientação para se dar bem no Hawaii. Para fazer por merecer ele terá que ?encarnar? nos picos, gastar pelo menos seis horas por dia em Sunset  com uma prancha 8 pés, durante vários dias, esteja o mar bom ou ruim.

Outra dica é esquecer Rocky Point, a mídia que o procure. Fotos só no Backdoor, Off The Wall, Sunset ou Pipeline para fortalecer o surf do nosso Adriano “Fenômeno”.

 

Dois jovens locais esbanjaram conhecimento e arrepiaram em Sunset: Makua Rothman, filho do velho conhecido dos brasileiros Fast Eddie, e Nathan Carroll, garoto de 20 anos. É lá que o rei Andy Irons mostra que surfa muito e não dispensa a etapa como faz Slater.

 

A minha previsão é que o swell chegue na sexta-feira ou no sábado. A temporada também promete. Este ano o Atlântico Norte chegou ao número recorde de 25 tempestades tropicais e furacões, batendo o recorde de 21, registrado em 1969.

 

Todos sabem que o inverno de 69 foi um dos que mais deram onda no Hawaii. Vamos ver se a história se repete. Jaws que aguarde a potência 1200 dos jets-skis rebocando os monstros do big surf.

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