Com o objetivo de preencher um espaço fundamental em um veículo especializado em surf, a equipe do Waves.Terra dá as boas-vindas ao preparador físico Eduardo Faria, mais novo colunista do portal.
Surfista há 30 anos e profissional renomado na área de treinamento desportivo, Edu Faria vai passar aos internautas toda sua experiência de mais de 20 anos treinando e orientando atletas de diversas modalidades.
Licenciado em educação física com pós-graduação em treinamento desportivo, Faria trabalha com preparação física desde 1983 e já participou de vários cursos no Brasil e em países como Cuba, Estados Unidos e Europa.
Durante os anos noventa, assinou uma coluna na revista Fluir e trabalhou com os atletas Jojó de Olivença, David Ribeiro e vários surfistas amadores. Na mesma época começou a preparar tenistas profissionais e amadores.
De 1998 até 2004 treinou Fernando Meligeni e integrou a equipe brasileira de tênis da Copa Davis.
Também trabalhou com os tenistas Gustavo Kuerten, Flavio Saretta, Ricardo Mello, entre outros. Edu Faria é ainda autor do livro Tênis & Saúde, guia básico de condicionamento físico.
Atualmente é responsável pelo treinamento físico do big rider Sylvio Mancusi, além de trabalhar na academia Unisys Arena, em São Paulo, onde realiza treinos, avaliações físicas e prescrições de treinamento.
Antes de entrar no assunto que interessa a todos, quero agradecer o convite do site Waves.Terra para escrever e contribuir com informações importantes sobre saúde e preparação física para surfistas e esportistas em geral, pois todos um dia irão sentir os efeitos do tempo – ou seja, o envelhecimento do corpo.
Nos últimos anos tenho respondido a todo tipo de perguntas sobre como manter a forma e praticar um surfe prazeiroso, com energia e disposição. As dúvidas mais freqüentes são com relação a dores. Todo mundo tem uma dor, nos ombros, costas, joelhos, pescoço, tornozelo e, de alguma forma, temos que aprender a viver e a lidar com elas.
O atleta de alto nível não tem escolha, tem que superar as dores e colocar sempre o corpo acima dos limites: é uma escolha pessoal que acarreta na exigência da profissão. Mas, para o pseudo-atleta, aquele indivíduo que pratica por prazer, por amor, é desnecessário desgastar o corpo com treinos excessivos, não respeitando os avisos de cansaço e os sinais de dores e da falta de energia.
A melhor maneira de evitar lesões é manter-se bem condicionado fisicamente. Vou para o litoral Norte de São Paulo há 30 anos e a única coisa que não mudou nesse tempo todo é a força das ondas.
E para atravessar a arrebentação várias vezes e surfar durante horas é preciso força e disposição. Ou seja, se você não se preparar para essa carga de trabalho o corpo pode sofrer muito. O surfe é um esporte de alta intensidade e é difícil mensurar o seu esforço comparado a uma corrida, por exemplo.
Na corrida você consegue calcular o ritmo das passadas, a intensidade de esforço, que acontece de forma cíclica (exercício contínuo). Além disso, as surpresas em um trajeto em linha reta são quase inexistentes, diferente do esforço do surfe, em que você enfrenta a arrebentação, as ondas, os tombos, as variações das remadas e todo desafio de encarar tanta energia da natureza.
O que eu quero dizer é que se você não surfa todo dia e faz do surfe a sua principal atividade física, cuidado: você pode se machucar. Sem o devido preparo você não vai desfrutar de todo o potencial de prazer provocado pelo esporte, vai surfar menos e pode acabar se frustrando.
Uns dos principais perigos é surfar cansado. Sem energia você não tem força, sem força você não coordena os movimentos e pode cair da prancha, provocando acidentes. Então, prepare-se!
A realidade é que o surfe é um esporte único e quem surfa sabe o privilegio que é subir numa prancha e deslizar sobre as ondas. O verdadeiro surfista é aquele que quer pegar onda até o fim dos seus dias.
Nos próximos artigos vamos desenvolver uma seqüência de dicas sobre como se preparar fisicamente para desfrutar e atingir o potencial máximo de surfe, com mais disposição, com o corpo melhor preparado e com menos dores.
Até breve, aloha!