Caso Ricardinho

A justiça se aproxima

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Nas últimas semanas, as ondas em Kandui, nas Ilhas Mentawai, quebraram perfeitas. Sessões épicas foram registradas nas tubulares ondas indonésias e centenas de surfistas fizeram a cabeça, mas parecia que faltava alguém na água. 

No dia 20 de janeiro deste ano, o Brasil perdeu um dos seus mais habilidosos tube riders, Ricardo dos Santos, assassinado brutalmente com três tiros em frente à sua casa, na Guarda do Embaú. Exatos 170 dias se passaram e o responsável por sua morte, o ainda soldado Luis Paulo Mota Brentano continua impune. Desde aquele fatídico dia, que causou grande comoção social, amigos, parentes e fãs ainda aguardam justiça.

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Soldado Mota continua preso  no quartel da PM, aguardando julgamento. Foto: Reprodução

Apesar de continuar preso no quartel da PM, em Joinville, Brentano segue fazendo parte da corporação, já que seu processo administrativo ainda não foi concluído. Normalmente, quando um policial é investigado, esse tipo de procedimento dura 40 dias, mas no caso do soldado Mota, esse período foi prorrogado duas vezes, devido ao surgimento de novos fatos.

Um deles seria o aparecimento de uma testemunha que diz ter visto um facão no dia do crime, mas, segundo o Coronel Benevenuto Chaves, comandante da 5º região da PM /SC, a testemunha foi ouvida, o fato não foi provado e nenhuma arma foi encontrada.

Entramos em contato com o Coronel Chaves, incumbido da decisão de excluir ou não o então soldado Mota da corporação. Por telefone, o Coronel disse ter recebido o processo somente nesta terça-feira e que já iniciou a leitura dos autos.

“Recebi ontem todo o processo e já iniciei a leitura. Eu acredito que em uma semana e meia já terei a decisão. É preciso analisar tudo com calma”, disse o comandante da 5º região da PM /SC. “Também temos interesse na resolução do caso, pois a corporação não acoberta infratores. Não sei se é o caso, mas estou lendo o processo e tudo será apurado”, completou.

Vale lembrar que o Soldado Mota já havia respondido por outros processos disciplinares por lesão corporal e tortura, esse último, segundo o Coronel Chaves, já foi arquivado por falta de prova.

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Ricardinho foi atingido por três tiros em frente a casa onde morava na Guarda. Foto: Reprodução

Já na justiça comum, Mota foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e porque a vítima não teve chance de se defender, além de embriaguez ao volante já que o exame toxicológico detectou que Brentano havia consumido álcool no dia do crime. 

O processo já está na justiça, e a juíza Carolina Ranzolin Nerbass Fretta ainda vai decidir se o soldado deve ir ou não a júri popular. Em seu último despacho, a magistrada convocou Roseli, suposta testemunha que alega ter visto um facão no dia do crime e que, segundo a defesa de Mota, é uma artesã local.

Mas os familiares de Ricardinho discordam da informação. De acordo com Andrei Malhado, padrinho do surfista, Roseli seria uma hippie que não gostava de Ricardinho. “Roseli vivia no terreno do avó de Ricardinho e quando o surfista decidiu construir sua casa no local, ela teve que sair. É por isso que não gostava de Ricardinho”, relata Andrei.

“Acreditamos na justiça, sabemos que ela leva tempo, mas está mais do que na hora de as respostas aparecerem. A família entende os prazos e estamos cooperando para que tudo seja apurado com calma, para que depois não haja desculpas ou brechas para impunidade”, finaliza.

O prazo para que a testemunha seja ouvida é de 30 dias. Uma nova audiência será marcada assim que o relato de Roseli for adicionado ao processo.

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A justiça se aproxima, e todos esperam que seja feita!. Foto: William Zimmermann