Kitewave

A onda agora é kitesurfar

Guilly Brandão, Pipeline, Oahu, Hawaii,

Guilly Brandão encara as esquerdas de Pipeline com sua pipa. Foto: Sylvio Mancusi.

A onda agora é kitesurfar. O forte vento que já foi grande inimigo dos surfistas, hoje pode tornar-se um grande aliado.

 

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Quantas vezes você não foi obrigado a sair do mar na hora do vento? Em uma época de festas e ano novo, me senti na obrigação de compartilhar uma de minhas maiores alegrias, a prática do kitewave.

 

Creio que para nós surfistas, o kite tem três diferenciais consideráveis. O primeiro é a qualidade da potência das manobras.

 

O segundo é de passar sessões da onda impossíveis para o surf na remada. Com a pipa você pode imprimir velocidade por fora da espuma em sessões onde a onda fecha e alcançar novamente a parte manobrável da onda.

 

Já o terceiro diferencial é o de simplesmente ir para a água quando entra o vento. Nos últimos anos a modalidade foi uma das que mais cresceram em números de adeptos nos quatro cantos do mundo, principalmente na Europa.

 

Criado e desenvolvido em meados da década de 1990 por atletas como o francês Manu Bertain, o foco do novo brinquedo sempre foi o de surfar as ondas rebocado pela pipa.

 

Mas infelizmente, o design das pipas ainda não proporcionava o surf, mas sim o desenvolvimento de manobras aéreas. Foi criado então a modalidade freestyle, na qual os praticantes importaram grande parte das monobras do wakeboard para o kite.

 

Os designers dos kites não perderam a esperança de praticarem um surf rebocado pela pipa e criaram um design revolucionário, o kite modelo “bowl”. Ele basicamente possui um sistema inverso do acelerador de um carro, onde você puxando a barra do kite para seu corpo você acelera o kite e soltando-a em direção a pipa você tira a potência.

 

Não posso deixar de salientar que alguns dos melhores kitesurfistas do momento já estão até pegando tubos rebocados com a pipa. O paulista Guilly Brandão surfou um tubo intenso nas Ilhas Mauritius, onde foi destaque internacional nas melhores revistas especializadas.

 

Já presenciei vários tubos kitesurfados ao redor do planeta. A pergunta que naturalmente vêm a cabeça é: Mas e as linhas, cortam a crista da onda? Sim, cortam. É claro que os detalhes técnicos para esse fim digamos que seriam nos últimos estágios da modalidade, como no surf.

 

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Kitewave já é uma constante em dia de big surf em Mavericks, Califórnia (EUA). Foto: Sylvio Mancusi.

Hoje já existem alguns campeonatos nacionais e mundiais para os praticantes do kitewaves e o Brasil já tem motivo para orgulho. Em 2006 Guilly Brandão venceu uma etapa internacional e em 2007 ficou em terceiro lugar na etapa realizada na praia de Matanzas, Chile.

 

Outros ícones no Brasil são os surfistas Eduardo “Rato” Fernandes, Aldemir Calunga, Eraldo Gueiros, Jorge Pacelli, Haroldo Ambrósio, entre outros.

 

No ano passado aqui no Hawaii durante sessões de freesurf no meio dos ícones do esporte Guilly foi destaque. Posso até afirmar que contamos com o maior ou um dos maiores talentos do mundo, que bem lapidado pode nos render muitas alegrias.

 

Em uma sessão entrou para surfar o outside de Pipeline rebocado com seu kite em ondas de até 15 pés. A praia estava fechada para o surf e muitos tentaram impedí-lo, mas o salva-vidas radicado no Hawaii, Vitor Marçal, emitiu o alvará e Guilly pegou altas bombas abrindo muitas mentes em como o kite pode também ser utilizado para surfar ondas grandes.

 

No começo do ano em Mavericks, Califórnia (EUA), alguns kitesurfistas também fizeram história ao encarar o pico com 20 pés de onda. Também já foram realizadas sessões em Teahupoo, Tahiti, e em picos pesados no Oeste australiano.

 

No Brasil existem diversos picos para a prática do kite, mas sempre lembrando que os surfistas tem prioridade no outside.

 

Um detalhe muito importante é a segurança, que não deve ser esquecida desde a primeira aulas. A modalidade é uma das mais fáceis no processo evolutivo, mas é muito importante nas primeiras investidas estar acompanhado de professor ou alguém capacitado.

 

O preço de um equipamento novo é apimentado, todas as melhores pipas são fabricadas na China e o preço pode variar. O conselho para quem está começando é comprar um material usado que pode variar de R$ 800 a R$1,5 mil.

 

A prancha utilizada para a prática do kitewaves é uma prancha pequena com alças (entre 5?6 e 6?0), sendo que muitos praticantes utilizam pranchas de surf tradicionais (entre 5?10 e 6?2).

 

Meu conselho nesse caso é pegar uma prancha velha de surf e colocar alças. Dessa forma você terá mais segurança e similaridade no aprendizado.

 

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