Coluna do Doc

A polêmica do anti-doping

Willian Cardoso - pan-americano equador 2003 salinas fae

William Cardoso recolhe material para ser analisado durante o Pan-americano de surfe ocorrido no Equador. Foto: Phillipe Demarsam.
Diretor do Projeto Marazul, Marcelo Baboghluian é o novo colunista do Waves.Terra. Médico especialista em medicina esportiva, Baboghluian surfa há mais de 20 anos e é responsável pelo condicionamento físico de surfistas como Danilo Costa.

 

Neste espaço, Baboghluian irá dar dicas de saúde e relatar sua experiência no tratamento de problemas clínicos exclusivos de surfistas e praticantes de esportes de ação.


Nesta primeira coluna, Baboghluian fala sobre a implantação do anti-doping no surf amador brasileiro, bem como nas etapas da ASP (Association of Surfing Professionals). Bem-vindo, doutor Marcelo Baboghluian!

 

Há duas semanas a notícia de que as etapas européias do mundial de surf teriam a realização do teste anti-doping gerou discussões acaloradas, apesar de não ser uma novidade. Esta matéria busca esclarecer um pouco mais, de forma técnica, o que isso significa.

 

O uso de recursos que melhorem o desempenho durante a prática de esportes  é muito antiga. Existem relatos de que já no final do século III a C, atletas olímpicos da Grécia antiga utilizavam-se de recursos para esse fim.
 
Em 1952, nos Jogos Olímpicos de Inverno, o uso de estimulantes foi largamente aplicado; em 1954 os atletas da então União Soviética tiveram seu desempenho em provas de força atribuído ao uso de esteroides alnabolizantes.

 

Em 1960, a morte, devido a ingestão de anfetaminas, de um ciclista dinamarquês na abertura dos Jogos Olímpicos levou as primeiras iniciativas de controlar a dopagem. Sete anos após, em 1967, o Comite Olímpico Internacional instituiu uma Comissão Médica, que a partir dos jogos de 1968 iniciou o trabalhou antidopagem em Olimpíadas e Campeonatos Mundias.

 

No Brasil,  o Conselho Nacional de Desportos instituiu o controle de dopagem em 1974.

 

O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem uma extensa lista de substâncias e métodos considerados doping, e a Comissão Médica, presidida pelo brasileiro Dr De Rose, atualiza constantemente esta lista e ela tem servido de base para a elaboração de regulamentações próprias de outras Federações Esportivas.

 

Não apresentarei aqui os efeitos de cada substância ou métodos, vou apenas citá-las. A lista  é basicamente dividida nos seguintes grupos:

 

I Classes de substâncias proibidas


A Estimulantes

Como exemplo de substâncias pertencentes a esse grupo estão as chamadas aminas simpatomiméticas (anfetamina, metanfetamina, efedrina, fenilpropanolamina e compostos relacionados), a cafeína e a cocaína

 

B Narcóticos

Como exemplo: heroína, metadona, morfina, pentazocina, petidina e compostos análogos

 

C Agentes anabólicos.

São os esteroides anabólicos androgênicos (Metandienona, boldenona, metenolona, metiltestosterona, mesterolona e estanozolol, entre outros ) e os angonistas beta-2, que são anabólicos porém não esteroides ( clenbuterol)

 

D Diuréticos


E Hormônios peptídicos, miméticos e análogos.

Gonadotrofina coriônica (hCG). Hormônio Luteinizante (LH), Adrenocorticotropina (ACTH), Hormônio de crescimento (GH), Fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), Eritropoietina (EPO), Dehidroepiandrosterona (DHEA) e Insulina, são os exemplos mais comuns dessas substâncias


II Classes de Métodos proibidos

 

A Dopagem sangüínea
É a administração de sangue ou derivados que contenham glóbulos vermelhos.


B Administração de carreadores artificiais de oxigênio e expansores do plasma


C Manipulações farmacológicas, químicas e físicas.

São exemplos desses métodos a cateterização, a substituição, diluição ou adulteração da urina e a administração de substâncias inibidoras da excreção.

 

III Classes de drogas sujeitas a certas restrições

 

A Álcool

B Maconha

C Anestésicos locais

D Corticosteróides

D Bloqueadores beta-adrenérgicos

Vale lembrar que cada uma destas substâncias ou métodos tem suas aplicações clínicas, ou seja, servem para tratar alguma alteração ou patologia e não somente para o doping, devendo o atleta e o médico responsável notificar a organização de competições que realizam testes antidopagem, do uso clínico de determinada substância.

 

Também é bom ressaltar que existem substâncias e métodos que melhoram o desempenho e que não são considerados doping, por exemplo o uso de roupas com material que diminuam o atrito, também vitaminas, aminoácidos, carbohidratos, que apesar de efeitos nocivos a saúde quando empregados de forma errada podem melhorar a performance.

 

O teste antidopagem, a despeito de qualquer discussão, é uma forma de se moralizar o esporte.


 

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