No último final de semana os melhores remadores de SUP do Brasil se encontraram em Florianópolis para competir na primeira etapa do Circuito Brasileiro de 2017, o Praia Mole Grand Slam, que também foi válido como seletiva para o Mundial da ISA que acontecerá no mês de setembro na Dinamarca.
Não faltou ninguém entre os grandes e quem acompanhou as provas ao vivo ou via internet, pode testemunhar o nível altíssimo em que se encontram nossos atletas. Esse fato, por si, já vale uma coluna, mas, gostaria de expressar aqui o meu espanto com a safra de juniores que competiram Florianópolis.
Em sete anos de circuito brasileiro de SUP race nunca houve uma geração tão numerosa e forte de juniores. E posso falar com convicção, pois cubro o circuito desde o início. Tivemos, sim, fenômenos ascendentes forjados nas categorias de base como o próprio campeão brasileiro, Guilherme dos Reis, mas nunca houve tantos garotos competindo em um nível tão alto nessa categoria.
Três nomes já haviam chamado a minha atenção durante a pré-temporada: Robson “Feijão” Sapucaia, Guilherme Thawirê e Guilherme Cunha. No entanto, o que vi em Florianópolis foi muito além das minhas expectativas. A começar pela incrível performance de David Nascimento De Leão. Esse baiano de Itacaré, aos 15 anos de idade, ficou com a 8ª colocação na prova de longa distância, remando ao lado dos melhores remadores do Brasil – E lembre-se que nessa prova não faltou ninguém!
Mas David não foi o único a deixar todos de queixo caído. Gui Thawirê ficou em 15º e Feijão em 18º na mesma prova. Enquanto Guilherme Cunha ficou com a primeira colocação na Race Amadora seguido de outro atleta júnior, Fabrício Rodrigues Souza, na segunda colocação da mesma prova. E devo reforçar que estou falando de categorias adultas!
Mas confesso que fiquei um pouco decepcionado ao ver a disputa da Júnior. Não pelo nível dos competidores, mas pela curta distância da raia, que, diga-se de passagem, foi determinada a pedido dos próprios, de cerca de 1 km. Não deu nem graça, pois a prova acabou muito rápido, tamanho o nível dessa garotada. Aos 02m57s, Guilherme Cunha, primeiro colocado, cruzava a linha de chegada.
Ainda assim, além dos nomes anteriormente citados, Cauê Menezes, Lucas Galant, Flavio Logam Goes Souza, Murilo Da Rosa e Tiago Leite Fróes Da Motta e, em especial, Gabriel Ortiz De Carvalho, me chamaram a atenção. Todos com idade entre 14 e 16 anos, remando forte e com uma técnica já bem desenvolvida.
Ficou claro que estamos com algo muito precioso em nossas mãos. Se hoje essa molecada, que ainda está encorpando e amadurecendo psicologicamente, já está remando nesse nível, o que esperar deles quando chegarem à fase adulta?
No entanto, até lá, precisamos mantê-los interessados em competir e treinar, sem esquecer de que um bom rendimento escolar está diretamente associado à construção de um caráter sólido e à formação de um adulto mais preparado. “Mens sana in corpore sano”.
Quero, portanto, chamar a atenção dos empresários para que apoiem esses atletas, seus treinadores e competições que apoiem essa categoria. Aos organizadores de eventos, creio que chegou a hora de se repensar as provas destinadas aos juniores, incluindo percursos mais técnicos e distâncias maiores.
Mas, como nem tudo são flores, foi uma pena constatar que a prova Junior Feminino não foi realizada por falta de atletas. Única representante da categoria, Iasmim Morais, 16 anos, teve que competir na Race Amadora por falta de quórum e foi a primeira colocada na prova técnica dessa categoria, mostrando que nossos diamantes também estão prontos para serem lapidados entre as meninas.