Torcedor Fanático

A turma do funil

Jadson André, Onbongo Pro Surfing 2008, Itamambuca, Ubatuba (SP)

Jadson André  batalha pela entrada na elite. Daniel Smorigo / ASP South America.

As etapas do WQS no Brasil são uma verdadeira loucura! Na grade das baterias fica evidente a nossa maioria esmagadora em números de inscritos de todas as partes desse planeta chamado Brasil, cada um com o seu devido propósito, ofuscamos a minoria gringa e mesmo assim um ou outro “haole” ainda chega perto de roubar a cena. Dustin Barca e Josh Kerr que o digam!

 

Final de ano o atleta está sob tensão total! É época de renovações contratuais, busca de novos parceiros para os circuitos do ano que vem, aumento de salário, aquela chance de mostrar ao atual patrocinador que tem condição de correr mais etapas ao redor do mundo, e mais! Para os atletas que disputam somente os circuitos nacionais e locais fica aquele gostinho de ganhar dos melhores do mundo, abocanhar uma verbinha extra na premiação, levantar a torcida local, fotos nos sites e revistas e encerrar o ano com chave de ouro.

 

O que acontece então, é um monte de surfistas profissionais sedentos por um lugar ao sol, independente de ?qual? sol cada um almeje. O resultado no final das contas é que os atletas nas melhores posições do circuito WQS acabem por ter obstáculos a mais nessa jornada e, o que tinha tudo para ajudar nossos atletas, acaba atrapalhando alguns.

 

O grupo dos desesperados no WCT tentando a reclassificação pelo WQS: Leo Neves, Jihad e Heitor Alves (esse último com mais chances pelo WCT); Pablo Paulino, que teve a grande chance esse ano de ser pré-classificado pela conquista do mundial pro-jr; e os que batalharam durante todo ano no ranking e tiveram uma queda do meio para o final do circuito: Raoni, Hizú e Pedro Henrique. Esses atletas são exemplos de que, o que parecia tranqüilo, pode se complicar em situações que parecem tranqüilas.

 

Os franco atiradores de plantão, Jadson André e Guigui Dantas, mostraram como essa sede pelo tal lugar ao sol pode estragar as pretensões dos que querem o sol do WCT.

 

É verdade que o Onbongo em Ubatuba não foi de todo mal e reacendeu as esperanças da maioria dos atletas citados acima. O que acontece agora é que o circo do WQS vai para a terra de Sunny e sua gang de black trunks com cara de poucos amigos. Lá eles surfam o ano todo de gunzeiras, dominam o pico e conhecem cada atalho nas volumosas e buraquentas ?ondas de verdade?.

 

Assim como os outros urubus atrás da carniça globalizados: os australianos, europeus e sul africanos, dentre outros. Ou seja, disputar os pontos agora na meca do surf, vai ser tão ou mais complicado do que a duríssima batalha que foram as etapas aqui em terras brasilis.

 

Quem não chegar antes para treinar e não estiver realmente focado no objetivo do Dream Tour vai ficar de fora MESMO. As posições na tabela ainda estão de altíssimo risco e nenhum dos brasileiros está matematicamente garantido pela divisão de acesso.

 

No WCT, esse clima de: ?não vem (quase) ninguém de peso para o Brasil?; é uma espécie de folclore desagradável e coloca um peso ainda mais negativo do que a falta de ondas compatíveis com o resto do circuito.

 

Os brasileiros, exceto Mineiro e o debutante Heitor Alves, estão devendo demais!

 

Rodrigo Dornelles está mais parecendo que vai se juntar ao Renan Rocha, Teco, Fabinho, Vitinho, Herdy e Peterson: vai se retirar do pega pra capar do WCT e correr somente os circuitos regionais. Ou seja, ritmo de aposentadoria do Tour, o que é uma pena! Seu surf já não tem mais acompanhado as peripécias mais modernas. Peripécias essas que eram feitas somente em marolas ou por um ou outro mais fora de série. Hoje em dia, elite mesmo faz o tubão profundo e manda aéreo na primeira junção que aparecer. Rodrigo ficou somente na parte do tubão.

 

Neco, infelizmente contundiu-se e nem dá mais pra falar dele nesse ano. Uma explosão de adrenalina, talento não lapidado e problemas pessoais. Poderia ter sido o nosso rebelde bem sucedido. Após a superação de traumas, suspensão e correria do WQS para voltar à elite. Apostei nele na minha última coluna do ano passado e me enganei feio. Suas chances esse ano viriam nas etapas finais, justamente agora que a contusão se agravou. Mais uma vez o destino o pregou uma peça e tanto.

 

Léo Neves, ou seria ‘Leo Never’??  Será que Léo não vai mostrar nunca no WCT o surf power-moderno que tanto esperamos e cobramos?? Está agora dançando esse ‘pogo-louco’ no WQS com a molecada que não tem nada a perder, poderia estar confortável no circuito principal. Alguns dizem que é marra, outros dizem que é concentração, não importa, duas etapas ainda dá tempo de apagar a impressão de que seu surf na elite é duvida. Uma onda mais cheia e power na Vila (uma de suas especialidades) e a craca de Pipe (para calar de vez os críticos, tipo eu).

 

Jihad…. ai ai Jihad… toda vez que vou começar a escrever um parágrafo me vem umas cenas de Restaurant?s esse ano, round 1, com uma prancha grande demais e uma onda perfeita demais. Uma colocação ruim em tubos de backside, um ataque em paralelo a onda em direitas rápidas de 6 pés para cima. Sinceramente, se conseguir a classificação de volta pelo WQS é comprar uma passagem de volta ao mundo com a seguinte descrição no boarding pass: ?Somente Esquerdas Tubulares?.

 

A disputa pelo vice-campeonato está bem interessante e a disputa na rabeira da tabela do cai não cai também. Espero que nossos atletas honrem a camisa aqui, cheguem depois ao Hawaii mais confiantes, entubem fundo em Pipe e melhorem nesse ranking, do jeito que está não dá!

 

O escassez de vitórias nas etapas do WCT está muito grande. As ondas da Vila são excelentes para algum de nossos guerreiros subir no lugar mais alto do pódio. Se Taj é a estrela, nós ?jogamos? em casa. Pressão neles!

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