Brasileiro na Pororoca

Adilton Mariano domina o rio

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Adilton Mariano vence o Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca nas caudalosas águas do Rio Araguari (AP). Foto: Raimundo Paccó.

Adilton Mariano venceu o 13º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca, sagrando-se hexacampeão da prova que aconteceu entre os dias 24 e 30 de abril, no Rio Araguari (AP).

 

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O evento aconteceu simultaneamente ao 3º Campeonato Brasileiro de Bodyboard Feminino na Pororoca, e foi uma realização da Associação Brasileira de Surf na Pororoca (ABRASPO), entidade que há 15 anos promove e divulga o surf neste tipo de fenômeno em alguns dos lugares mais remotos do mundo. 

 

Durante cinco dias atletas de sete estados encararam as caudalosas águas do Rio Araguari, em busca da premiação e dos títulos em disputa.

 

A ação teve início no primeiro dia de janela do evento com o mapeamento e o reconhecimento das bancadas por parte da comissão técnica e atletas convidados.

 

As ondas ainda estavam fracas, mas todos os atletas conseguiram surfar a onda e principalmente aqueles que nunca haviam tido contato algum com o fenômeno, puderam se familiarizar com as ondas de maré e suas particularidades.

 

No segundo dia, já com as baterias, estratégias de arbitragem, segurança e ataque definidas, a competição começou com a primeira fase das duas modalidades em uma bancada situada na margem esquerda do Rio Araguari. 

 

Os primeiros a caírem na água, de acordo com o sorteio das baterias, foram os surfistas Stanley Gomes e Josenildo Silva, ambos do Amapá. Stanley avançou para a fase seguinte. 

 

Na sequência, foi a vez do maranhense Amaury Oliveira enfrentar o cearense Ícaro Lopes. Afiadas estacas de bambu obrigavam os atletas a combinar batidas e rasgadas com manobras evasivas. O maranhense Amaury Oliveira, acostumado a surfar a pororoca de seu estado, conseguiu superar seu oponente.

 

A terceira bateria foi definida por W.O. devido a ausência do paranaense Sérgio Laus que não compareceu à bateria. Melhor para Adilton Mariano, que não precisou fazer esforço algum para avançar na competição.

 

Na quarta bateria o campeão da prova do ano passado, Rogério Barros “Pingo”, não teve dificuldade para despachar seu oponente, o francês convidado especial do evento, Franco Piserchia, e seguir na prova.

 

As semifinais começaram com a vitória do maranhense Amaury Oliveira sobre Stanley Gomes. A segunda semi foi marcada pela disputa entre Rogério Barros e Adilton Mariano. Adilton não deu chance para Rogério e garantiu presença na final. 

 

Na grande final entre Adilton Mariano e Amaury Oliveira, Adilton desferiu uma série de manobras ao longo da bateria que elevaram a sua nota à pontuação máxima, sacramentando asiim a vitória que o recolocou no trono e o devolveu o título de Rei da Pororoca com a conquista do Hexa Campeonato Brasileiro.

 

“Para mim foi muito difícil ter perdido o título no ano passado. Cheguei no Amapá determinado a dar o melhor de mim e reconquistar o título”, declarou Adilton, na entrega da premiação, realizada capital Macapá, marco zero da linha do Equador.

 

“Eu amo surfar a pororoca. Essas águas mágicas já me proporcionaram algumas das maiores alegrias e lições de minha vida e hoje eu estou muito feliz por ter conquistado o Hexacampeonato. Sem falar que hoje é meu aniversário e eu não poderia ter recebido um presente melhor”, adicionou o atleta.

 

Para Chico Pinheiro, residente no Amapá e responsável pelo desenvolvimento dos procedimentos de segurança adotados pela ABRASPO, um dos maiores serviços prestados ao Brasil pelos caçadores de pororoca é justamente o monitoramento contínuo e sistemático de regiões remotas do país, como acontece no Rio Araguari.

 

Segundo ele, a presença constante dos surfistas e a observação atenta das mudanças da geografia da região, tudo registrado em fotos e vídeos, constituem um rico banco de dados que um dia poderá servir para que possam compreender melhor as transformações que a floresta Amazônica sofre desde da década de 1990, quando se iniciaram as incursões à pororoca do Araguari.

 

“Quando nos embrenhamos no coração da floresta, além de estarmos garantindo a soberania do país nestas áreas remotas, podemos perceber claramente as mudanças ambientais ocorridas de um ano para outro, a abertura artificial de canais entre as ilhas, por exemplo”, declarou Chico Pinheiro. 

 

Para Roberto Fernandes, Diretor da ABRASPO, não há dúvida quanto ao potencial turístico do fenômeno. A grande questão é quanto tempo ainda irá levar para que a pororoca se consolide como a maior alavanca do turismo para o Estado do Amapá. 

 

“Apesar de a pororoca não ser exclusividade do Brasil, apenas aqui podemos surfar ondas de maré em locais urbanos como no Maranhão e também em áreas remotas como as pororocas do Amapá e do Arquipélago do Marajó (PA). Tenho certeza que em breve a pororoca brasileira será reconhecida como um dos destinos mais cobiçados do surf”, afirmou o dirigente.