Adriano Mineirinho brilha como diamante

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Adriano Mineirinho: um diamante que, depois de lapidado, valerá mais que ouroSkip Jones
Adriano Mineirinho: um diamante que, depois de lapidado, valerá mais que ouro

Já dizia o velho ditado: “mineiro come quieto”. Mesmo sem pronunciar meia dúzia de palavras em inglês, não foi esse o caso do jovem talento do surf brasileiro Adriano Mineirinho, cuja performance no East Coast Surfing Championships, mega evento norte-americano que rolou no mês de agosto, no Estado de Virgina, valeu mais que qualquer monólogo.

 

A competição, que não é sancionada por nenhuma entidade mundial do esporte, é uma das mais bem pagas do país para esta condição e equivale a uma etapa 4 estrelas do WQS, com US$ 60 mil em prêmios.

 

Antes que alguém pergunte, Mineirinho, surfista do Guarujá (SP) de apenas 15 anos e único brasileiro inscrito no evento, ficou com o vice na categoria Profissional e foi o terceiro colocado na Junior Pro, além de ter feito a semi na Junior Am, depois de uma maratona de 13 baterias nos cinco dias de competição, com cerca de 700 atletas atrás de um bom resultado.

 

Para chegar tão longe, ele contou essencialmente com um fator: talento. Não fosse isso, seria muito difícil ultrapassar a barreira da língua, superar as difíceis condições do mar, com ondas de no máximo meio metro, e o conhecimento do pico dos gringos, que ainda contavam com a torcida a favor.

 

Se bem que esse detalhe merece um “parêntese”. Com um surf ultra-moderno e radical, Mineirinho acabou se tornando o ídolo dos espectadores em Virginia Beach, que vibravam a cada manobra do garoto. No final, ele foi a surpresa do campeonato e o campeão moral, sem a menor sombra de dúvida, e só não foi mais longe devido à falta de experiência e, novamente, por não entender o inglês – fundamental na hora de pensar numa estratégia durante a bateria.

 

Entre os problemas que já enfrentou por causa disso, estão dois episódios na África do Sul, antes e durante o ISA Games. Primeiro ele passou horas no aeroporto sob a guarda do juizado de menores, pois não havia nenhum responsável presente para ajudá-lo. Depois, cometeu interferência em uma bateria por não entender a locução, mesmo depois de abrir com duas notas 9, e mesmo assim terminou em terceiro.

 

Mas isso não tira o brilho de sua conquista, pelo contrário – até porque, estamos falando de uma conquista muito maior do que o resultado no evento, ou qualquer prêmio em dinheiro: trata-se do reconhecimento de seu valor e da possibilidade de termos um surfista excepcional nos próximos anos, talvez a maior chance de termos um campeão mundial no WCT.

Dino Andino deu foi sorte para tirar o caneco das mãos de MineirinhoSkip Jones
Dino Andino deu foi sorte para tirar o caneco das mãos de Mineirinho

Uma das maiores provas disso foi o texto de Jason Borte publicado no site da Surfing Magazine*, enaltecendo o desempenho de Mineirinho na competição. Entre outras coisas bacanas, ele comparou o atleta aos irmãos Hobgood na mesma idade, e o melhor de tudo é que chegou a conclusão que nosso surfista é melhor do que era o atual campeão mundial, CJ, aos 15 anos.

Na final profissional, Mineirinho tinha como adversários os experientes Dino Andino e Danny Melhado, além de Kyle Garson. Com a vitória praticamente garantida, Adriano não contava com a entrada de uma última série, que acabou dando o título a Andino, 33 anos, ex-competidor do WCT e um dos grandes nomes de São Clemente (CA).

 

Mas, vale destacar as últimas palavras de Borte no texto da Surfing, a respeito da final (e do surf brasileiro): “(…) No entanto, o que ficará na memória de todos é o garoto de ouro. Adriano de Souza é um nome para ser guardado, e será. E como ele existem vários surfistas no Brasil, apenas esperando a oportunidade de brilhar mundo afora. Se este garoto, que está entre os dez melhores amadores do Brasil, é capaz de fazer com que dezenas de profissionais pareçam pregos fora de forma, em breve teremos que nos adaptar a uma nova ordem mundial. Desista de tentar aprender nossa língua; é melhor começarmos a aprender a dele”.

 

 

*Para ver a matéria da Surfing Magazine na íntegra, clique no link: http://content.surfline.com/sw/content/mag/pulse/2002/2/08_26_ecsc.jsp

 

 

Resultados do East Coast Surfing Championships

 

Pro

 

1) Dino Andino 14.34
2) Adriano de Souza 12.93
3) Danny Melhado 11.93
4) Kyle Garson 9.70

 

Pro Junior

 

1) Eric Taylor 15.17
2) Shaun Ward 13.93
3) Adriano de Souza 12.76
4) Justin Jones 7.56

 

Feminino

 

1) Falina Spires 9.17
2) Kelly Hutchinson 8.30
3) Holly Beck 6.90
4) Kira Shepherd 3.30

 

Longboard

 

1) Morgan Faulkner 18.50
2) Andrew Silvagni 10.60
3) Jesse Fernandez 9.47
4) Ryan Eckoff 9.27