O free surfer santista Rodrigo Tavares, o “Sino”, está à procura de um novo patrocínio. Dono de um estilo agressivo, Sino explodiu no início dos anos 2000 com manobras radicais e aéreos inovadores.
As imagens acima foram gravadas em El Salvador no ano de 2005. Como nunca foram transformadas em filme pelo seu antigo patrocinador, o surfista divulga com exclusividade ao Waves.
Na entrevista abaixo, Sino relembra a época do filme, fala sobre a procura por um patrocínio e a nova investida na carreira de big rider.
No filme acima você aparece em ótima forma. Investiu nas competições naquela época ou preferiu ir pelo caminho do free surf?
Bom, eu até competia, mas naquela época era diferente. Você dava um aéreo e sua nota era quase mínima. E com 21 anos eu perdi a vaga para o Billabong Mundial Sub 21, aí me desanimei geral. Mas eu já fazia este trabalho de free surf paralelo, sempre que perdia a bateria eu ia ali do lado com o fotógrafo e videomaker e fazia uma sessão. Sempre saíram várias fotos minhas nas revistas especializadas e filmes também, aí resolvi investir nesta área.
O que mudou em sua vida da época da gravação do filme para cá?
Na real mudaram algumas coisas. Agora eu adicionei o tow-in, além dos aéreos também estou surfando ondas um pouco maiores e estou sem patrocínio de bico.
Por que decidiu tirar estas imagens de El Salvador da gaveta? Tem mais por aí?
Esta história é longa. Tirei porque cansei de ver elas e meus amigos acharem que era uma trip recente. Na real fazem sete anos. É difícil falar até destas imagens, pois foi um projeto de dez dias no qual dei meu máximo com um ótimo film-maker, que é o Derick Borba. Fiz acontecer e acreditei.
Realmente não sei o que aconteceu. Era um projeto de um filme da marca que me patrocinava, isso foi filmado em 2005. E de repente ele é colocado na gaveta por uns e outros que não têm a mínima noção do que estão fazendo. Ou o pior, o motivo de estarem ali. Isso me deixou muito chateado, mas a vida segue.
Você sempre foi considerado um surfista radical. Como analisa a nova geração do surf brasileiro, especialmente com a entrada recente de Filipe Toledo na elite?
Esta molecada está cada vez mais moderna, vejam bem: o Jadson (André) foi o primeiro “Brazilian Storm” com seus aéreos e rabetadas insanas. Ele está com apenas 22 anos e foi ele quem puxou essa turma. Aí temos Gabriel Medina e Miguel Pupo, que com 19 anos estão dando sequência nesta revolução bizarra.
Agora chega o Filiinho com 17 para provar que a nova geração está ficando cada vez mais precoce. Ele com certeza vai dar uma pressão no tour com seu surf arrojado e irreverente. Ainda mais quando pegar experiência em ondas mais cascas, como todo brasileiro, ele também precisa de uma adaptação nas ondas pesadas do tour.
E, falando da nova geração, vocês já viram o Samuel Pupo? A evolução não para e tem mais por vir!
Você está na lista de convidados do evento de ondas grandes na Laje da Jagua (SC). Está investindo nesta modalidade?
Estou sim. Vai ser a segunda vez que vou lá com minha dupla Haroldo Ambrósio. Comecei há dois anos nos outer reefs fazendo em outer reefs de Oahu. Aí fui um dia fui para Jaws, em Maui, sobrou umas cinco ondas para mim e viciei no tow-in. É um outro esporte.
De onde vem o seu preparo?
Na real não tem muito preparo não. Só alimentação boa. Faço uma dieta animal aqui em Santos. Tenho um amigo e patrocinador Marcio, dono do restaurante Okumura, que me dá essa moral. Sem mistério, põe na conta da saúde mental e é tentar não errar.
Está à procura de patrocínio? Tem projeto para novos filmes? Fale sobre o seu futuro.
Estou sim. Depois de 12 anos na mesma marca estou desempregado. Mas estarei em breve no novo filme da Silversurf. Fomos até Mentawai com nosso amigo Kadu Maia da Star Koat e fizemos boas imagens. Meu futuro agora é partir para o Hawaii, como faço há 15 anos. Além de arrumar um patrocínio para continuar na carreira.
Como que você enxerga a aposentadoria de um surfista nos dias de hoje? É difícil saber a hora de seguir outros rumos?
É sim. Há vários que estão tentando se achar em outras áreas, mas é complicado. Se tivéssemos carteira assinada tudo direitinho, acho que seria menos impactante a nossa mudança de área, porque você teria um seguro desemprego, plano de saúde, direitos depois de tantos anos na firma. Aí não acabaria o milho, só a pipoca.
Para terminar, mande um recado para a galera!
Galera, acredite em seus sonhos, viva a vida sem fazer mal ao próximo, cabeça erguida e bora pro surf!
Foto de capa Kadu Maia / Mentawai Surf Charter