A gente tenta planejar, mas nunca sabemos em que rumo nossa vida vai nos guiar. Sabemos que tudo é fruto do nosso esforço e vontade, mas também existe um tempero universal que acaba influenciando essa nossa existência.
Quando tinha 12 anos meu pai me perguntou o que gostaria de ser quando crescer. Respondi que não sabia ainda, mas que tinha vontade de morar fora, conhecer outros lugares. Ele me falou para estudar Administração e entrar numa grande empresa, que isso me faria rodar o mundo e conhecer vários países.
Mas eu tinha me apaixonado por outro tipo de escritório. Minha mesa era um cavalete com uma prancha em cima. O visual, ondas perfeitas em uma bancada perto de casa no litoral de Pernambuco. Ainda quando criança, a imagem de uma onda quebrando não saía da minha cabeça. Com uma mistura de sol de fim de tarde e a imagem translúcida na minha mente, esse visual acabou moldando não só meu pensamento, mas todo o meu estilo de vida.
Tentei virar profissional do Surf, mas fui atropelado pelos amigos de infância. Bernardo Pigmeu era meu parceiro nessa época, corremos o primeiro campeonato da vida juntos. Ele disparou com seu talento e determinação. Eu fiquei pra trás, ocupado com as cobranças familiares por boas notas no colégio, a pressão do tubarão começando a atacar constante nas praias de Recife, e pelas responsabilidades da vida que começavam a surgir.
Mas sonho quando brota no coração da gente, fica difícil de esquecer. Alguns anos depois conheci o Windsurf e o Kitesurf, esportes que usam o vento para surfar e velejar nas ondas. Entrei de cabeça e 2 anos depois já morava em Fortaleza desenvolvendo sites de Kitesurf e treinando diariamente para a temporada de campeonatos.
Desde essa época até hoje, os esportes de prancha tomaram conta da minha vida. Tendo o Kitesurf como carro chefe, aprendi a desenvolver trabalhos com patrocinadores, produzindo documentários em lugares perfeitos para a prática do esporte, levando informação e uma energia boa para aqueles que compartilham do mesmo estilo de vida: o espírito de liberdade.
Hoje, não sou um executivo, não tenho carro de luxo, mas já conheci países como Hawaii, Cabo Verde, Jamaica, Portugal, Marrocos, Ilhas Maurício e Peru. Compartilho do ideal de que viver é melhor do que ter. E hoje, olhando para o mercado de trabalho, me pergunto: qual a profissão que me levaria a conhecer lugares como esses?
A filosofia waterman ou homem do mar está cada dia mais presente na vida das pessoas, associando saúde e qualidade de vida. Em um mundo onde todos correm para todos os lados, resgatar sua espiritualidade e valores internos através do contato com a natureza é essencial para viver em harmonia.
Ficar fora do sistema, da forma capitalista de levar a vida, não é uma tarefa fácil, e não é isso que a sociedade nos ensina. Mas aqueles que tiverem a coragem e vontade de se libertar, provavelmente vão realizar seus maiores sonhos.
No início do ano, participei de algumas produções com amigos que compartilham da mesma filosofia de vida. Nâo importa se é no mar, na terra ou no ar, vejo cada vez mais pessoas conduzindo uma nova forma viver, contemplando as belezas da vida que muita gente não percebe por estar sempre na “correria”.
Confiram o clip Come set us free que mostra um pouco da sensação de liberdade experimentada por quem pratica os esportes de prancha como Kitesurf, Surf e Stand Up, com os atletas Gustavo Foerster, Halley Batista, Set Teixeira e Ygon Maia.