Idealizador do evento e criador da Hang Loose, o empresário Alfio Lagnado esteve à frente das 26 edições já realizadas do Hang Loose Pro Contest, o campeonato mais antigo da América Latina.
O primeiro torneio organizado pela marca trouxe o Circuito Mundial de volta ao Brasil em 1986 na praia da Joaquina, Florianópolis (SC). Depois, passou pelo Guarujá (SP), pelo litoral Sul de Pernambuco, e no ano 2000 estreou no paraíso de Fernando de Noronha (PE).
Na entrevista abaixo, Alfio fala do carinho que possui pelo campeonato e das maiores dificuldades de realizar o evento na ilha encravada no oceano Atlântico, a 360 quilômetros de Natal (RN) e 540 quilômetros de Recife (PE).
Qual é a sua relação com o Hang Loose Pro Contest?
É como se fosse um filho para mim, tenho um carinho muito especial por este evento. Já são 26 anos, é uma vida. Pra você ter uma idéia, a maioria dos surfistas que competem hoje nem eram nascidos quando já rolava o Hang Loose. Ou seja, este evento tem muita história e tradição. E fica ainda melhor quando rolam altas ondas como desta vez.
Quais são as maiores dificuldades de realizar o evento em Fernando de Noronha?
Toda questão de infra-estrutura é complicada. Este ano o maior problema é o de conexão, de transmissão via internet. Qualquer parte de sinal aqui na ilha ainda é muito precária. Mas rola dentro das dificuldades de qualquer ilha. Contamos com uma bela ajuda da administração do arquipélago e do governo, que ajudam o evento a ser realizado com sucesso.
Tem algum que ficou marcado na sua memória?
Acho que os principais foram o primeiro, na praia da Joaquina em condições épicas, em 1986. Quem esteve lá nunca esquece e o mar daquele dia, é referência até hoje para a Joaquina, além de toda a história do Hang Loose com Santa Catarina. Também quando mudou para o Guarujá em 1990 e o Fabinho Gouveia venceu. Foi a primeira vez que um brasileiro vence uma etapa da ASP, acho que tinham umas 20 mil pessoas na praia e foi um momento histórico para o surf brasileiro. Acho que a vinda pra Noronha em 2000 é o terceiro ponto que mais marcou. Conseguimos nos firmar aqui e estamos há muito tempo neste paraíso. Acho que estes foram os pontos altos do Hang Loose.
O Hang Loose Pro Contest ficará em Noronha nos próximos anos?
Eu acho que sim. Noronha tem tudo a ver com o espírito do surf: água boa, natureza, eu acho que conseguimos nos associar a estes valores e isso não tem preço. Pretendemos ficar por aqui por muito tempo, enquanto não expulsarem a gente pelo menos (risos).
Porque não iniciar o World Tour aqui no arquipélago?
A gente já lutou bastante por isso, mas é difícil porque o tour começa na Austrália, que é sede da ASP. Há muitos anos o WT começa lá e é muito difícil tirar. Agora, em termos de condições é só perguntar para qualquer surfista internacional e eles vão dizer que a qualidade da onda é indiscutível.
