Enquanto se prepara para enfrentar o frio das ondas chilenas, o fotógrafo Flávio Almada, conhecido como Rasta, explora as ondas do litoral peruano e faz um breve relato de como foi a barca pelo país andino.
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No último dia 18 de março, estava eu, todo enrolado e apreensivo no aeroporto internacional de Guarulhos em São Paulo (SP), embarcando rumo ao Peru.
Capa com pranchas em meio a muitas bermudas, roupa de borracha e duas malas lotadas de equipamentos fotográficos.
Não fosse pela minha disposição e ânimo, acho que não teria encarado tudo isto sozinho. O que mais me alegrava era saber que iria registrar e surfar ondas quilométricas, além de encontrar uma galera do barulho que já estava me aguardando.
Entre eles estavam o shaper Marcelo Simon, o lendário skatista e também surfista Leo Kakinho, Roberto Perdigão, diretor da ASP South America e vários outros free-surfers como Alemunga e Frederico.
Depois de horas de viagem de avião e ônibus, chego em Pacasmayo, antiga cidade portuária mais ao Norte do Peru, que atualmente vive mais do turismo local e da fábrica de cimentos que existe no pico.
Além das ruínas deixadas para trás, o pico abriga ondas incríveis como El Faro e Poemape, duas esquerdas muito longas com fundo de pedra e areia.
Logo nos meus primeiros dias por lá, o santista Wellington Gringo, o nordestino Ernesto Nunes – que vive no Peru há dois anos, o peruano Piero de Lucchi, o niteroiense Eduardo “Duda” e o fotógrafo e surfista Pedro de Lima, que também vive há algum tempo no Peru, chegaram na pacata cidade para aproveitar o swell que se aproximava.
Durante a maioria dos dias o mar não baixou de 1 metro, chegando a rolar 2 metros servidos, com ondas extensas e muito manobráveis. Era tudo que a galera queria. Tanto os goofy-footers quanto os surfistas de base regular fizeram a cabeça.
Mesmo com uma forte corrente consegui registrar alguns bons momentos dentro d’água e outros fora. O número de brasileiros no line-up era incrível.
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Vale destacar que ainda precisamos aprender a nos comportar dentro da água em ondas de pico, ainda mais se tratando de outro país. Mesmo sedentos por ondas, os brasileiros souberam respeitar os poucos – amistosos e carismáticos- locais da região.
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Os moto-taxis locais são uma atração à parte. Com muito bom humor e carisma, divertem qualquer barca. Além de serem excelentes anfitriões e gostarem muito de brasileiros.
A região Norte do Peru realmente é uma região rodeada por muitas ondas. Durante todos os dias por lá as condições de surf estavam boas.
Devido à correnteza e água um pouco gelada, as sessões eram um pouco cansativas. Mas as ondas valiam o esforço. Entre uma queda e outra, os pratos principais do país, o ceviche e o frango com batatas reabasteciam a galera.
Depois de 15 dias de muito surf e imagens, deixamos Pacasmayo e fomos a Lima, capital do país. Lá observamos a cultura local e aproveitamos para visitar a loja de fábrica da Rip Curl e um mercado onde se encontra de tudo por um preço mais em conta.
Ali mesmo me despedi da rapaziada que voltou ao Brasil, e fui encontrar com uma outra galera em Punta Hermosa.
Era feriado de páscoa, e o balneário turístico estava muito cheio e crowdeado. Mesmo assim, fiz boas imagens do surfista Ernesto Nunes surfando “em casa”.
Em Punta Hermosa encontra-se todo tipo de onda. Porém, diferente do Norte, onde as ondas são mais cavadas e emparedadas. Mesmo assim a região não deixa nada a desejar.
Surfamos picos como La Isla, direita muito manobrável e extensa. Punta Rocas, outra direita muito power e perfeita quebrando sobre uma bancada de rochas.
Caballeros e Señoritas, direita e esquerda respectivamente, para um surf mais hot-dog, porém de qualidade. O beach break de Arica estava pequeno, porém perfeitinho.
Após mais 10 dias em Punta Hermosa, deixei o Peru em direção as geladas ondas chilenas.
O Peru sempre será o destino de surfistas ávidos por ondas de qualidade. Mesmo com toda pobreza, precariedade (cheguei a virar noites vomitando e com diarréia), as saudades de casa e da comida, sei que voltarei muito em breve.
Porém, agora já me preparo para enfrentar o frio no deserto chileno e suas ondas geladas, assunto que conto numa outra oportunidade.