Por Fábio Maradei
Embalado pela conquista do título de campeão brasileiro de River SUP no último final de semana (clique aqui), o paulista Luiz Guida, o “Animal”, quer voltar a reinar no Brasil também na SUP Race. No próximo final de semana (13 a 15), o atual bicampeão brasileiro da modalidade disputa a terceira etapa do Brasileiro, no Aloha Spirit, na Praia do Canto, em Vitória/ES.
“É uma prova muito importante e preciso vencer para me manter na briga pelo título”, afirma o atleta, que já se prepara para outro importante desafio internacional e no dia 21 segue para os Estados Unidos para representar o Brasil na Battle of The Paddle, dias 28 e 29, em San Clement, na Califórnia/EUA.
Em julho último, Animal representou muito bem o Brasil na Travessia Molokai-Oahu, que liga as duas ilhas do continente havaiano, sendo o sexto colocado geral e terceiro na sua categoria (até 29 anos), superado apenas pelos dois melhores do Mundo, os havaianos Connor Baxter e Kai Lenny. Ele completou os 54 km de percurso, no dia 28 de julho, em 5 horas e 17 minutos.
“Fiquei muito feliz, porque esta é a principal prova de longa distância do Mundo, campeonato mundial, com todos os melhores”, destaca. “Tenho de agradecer muito a todos que me ajudaram, família, amigos, o João Renato, que esteve como meu apoio na prova e, principalmente, os patrocinadores, Board House, Naish, Dardak Jean e meu treinador Marcos Maetrejan”, lembra.
ESTRATÉGIA – Na prova, o objetivo principal era tentar se manter entre os oito melhores do Mundo, posição conquistada em 2012. “Sabia que não poderia economizar na remada do começo ao fim. Minha estratégia foi largar forte para me manter na frente desde o começo e deu certo. Com uma hora de prova eu já estava no pelotão da frente entre os dez”, afirma.
Para seguir bem, ele optou por fazer o menor percurso possível e surfar apenas as pequenas marolas que passavam na direção certa. “Quem optou em seguir para o sul surfando as maiores se deu mal, porque no final tiveram de remar contra o vento e a corrente”, relata o bicampeão brasileiro, que já no trecho final, chegando na entrada para a praia, teve um contratempo.
“Decidir aproveitar as bancadas com onda e quase me dei mal. Dropei uma onda e quando olhei para frente tinha um paredão de reef para fora d’água e não tinha saída. Tive de pular da prancha e me travar meus pés no fundo para não quebrar a prancha e o leme. Consegui correr por cima do reef e sair do outro lado. Perdi um tempo ali, mas não tinha ninguém ameaçando a minha colocação. Consegui surfar as ondas bancadas, ganhando um bom tempo. E quando cheguei, descobri que tinha ficado em sexto lugar”, complementa.
OBSTÁCULOS – Para alcançar a façanha, Animal teve de superar vários obstáculos. Antes de disputar prova principal, ele remou em duas disputas havaianas. A primeira foi a travessia Maui-Molokai. “Só consegui chegar ao Havaí três dias antes da prova e não tive muito tempo para treinar e me adaptar ao mar e à prancha nova. Fui sem muita pretensão, porque o meu objetivo era Molokai-Oahu”, conta.
Na disputa, um erro de percurso o tirou das primeiras colocações, terminando em 13º lugar. “Acabei cruzando muito rápido o canal e não aproveitei muito bem as ondulações. Depois que atravessei, percebi que ainda tinham mais 15 km e tive de remar pelo raso, quase sem pegar ondas, enquanto os principais atletas vinham por fora, aproveitando as condições de vento e onda. Foi um aprendizado, um treino”, comenta.
Na semana seguinte foi a vez da prova de Maliko, na ilha de Maui, um percurso de 17 km com boas condições de downwind, fechando em 11º lugar e 5º na categoria. Mas o foco era todo para a disputa principal entre Molokai e Oahu. “Essa prova exige muita logística pré-largada. Precisamos organizar barco de apoio individual, passagem para Molokai, transporte de prancha, hotel, alimentação, hidratação”, ressalta.
“Tinha tantas coisas para resolver que quase não tive tempo de me concentrar no principal objetivo: remar. Alguns brincam que remar os 54 km do canal é fácil. Difícil é organizar tudo antes da prova”, brinca Animal.