Desde o início da produção do documentário “Pegadas Salgadas”, minha intenção era transformar o projeto em uma série de TV, aproveitando ao máximo todo o rico material produzido com 25 representantes da cultura surf em Florianópolis, ampliando o escopo para todo o estado de Santa Catarina e, se a ideia fosse bem sucedida, por que não, todo o litoral brasileiro.
O filme foi lançado com sucesso em 2012, sendo exibido em festivais de cinema no Brasil e no exterior, além de chegar à televisão com exibições no Canal Off. Contudo, infelizmente a ideia de produzir a série esbarrou nas respostas evasivas dos canais de TV dedicados a esporte e aventura que procurei, e assim, o material das entrevistas e as ideias para novos temas e personagens estão desde então guardados em hard drives e documentos eletrônicos.
Na semana passada, com a volta do debate sobre o localismo na grande mídia, por conta dos episódios de agressão na praia do Campeche, resolvi editar o trecho de Pegadas Salgadas que trata do localismo de modo a contribuir para as polêmicas posições em torno deste tema tão controverso – e aproveito aqui para reforçar o meu repúdio a qualquer tipo de violência física e verbal, dentro e fora d’água.
Feito isso, decidi ir além e criar um canal para uma websérie Pegadas Salgadas, onde irei postar semanalmente episódios segmentados que reúnem outros temas abordados pelo filme, como a pesca da tainha, as profissões envolvidas no surf- como shapers, fotografia, escolinhas de surf e surf repórteres -, além de publicar mini-perfis com alguns dos personagens.
Além dos trechos sobre estes temas presentes no filme longa-metragem, a ideia é também incluir imagens e depoimentos inéditos, além de produzir novos materiais para tornar ainda mais completo esta inesgotável possibilidade de conteúdos que o tema da cultura do surf em Santa Catarina suscita.
Minha impressão pessoal é que os canais de tv a cabo com programação dedicada ao surf, em geral estão se perdendo no conteúdo vazio dos formatos reality-show “egotrip”, onde os “apresentadores” se atribuem mais importância do que os personagens e locais que visitam – e o pior é que na maioria dos casos falta a estes apresentadores o carisma pessoal e o talento nas ondas necessários para que este formato se sustente.
Acredito que é possível unir belas imagens de ação e natureza com um conteúdo culturalmente enriquecedor para quem está assistindo. E se não podemos viabilizar isto na tv, que seja no ainda democrático universo da internet.
Confira aqui o canal da websérie Pegadas Salgadas: https://vimeo.com/channels/seriepegadas