A cidade de Peruíbe, localizada na Baixada Santista (SP), está com suas praias e uma vasta área de preservação ambiental sob risco. Sem alarde ou conhecimento das autoridades regionais, o município poderá abrigar uma termoelétrica a gás natural, que englobará 180 hectares – o equivalente a 180 campos de futebol – e percorrerá a zona de amortecimento dos parques estaduais da Serra do Mar e Xixová – Japuí, bem como o território da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha – Litoral Centro e Estação Ecológica dos Tupiniquins (ESEC) e
uma Terra Indígena.
No último dia 25 de março, uma grande manifestação tomou as ruas da cidade pedindo o cancelamento imediato do projeto que vem recebendo inúmeras críticas por parte da comunidade na região e sendo amplamente contestado por técnicos ligados a movimentos sociais, organizações não governamentais e gestores da administração pública, que temem os impactos ambientais que esse tipo de empreendimento pode trazer.
Além de Peruíbe, pelo menos mais cinco cidades da região seriam afetadas pelo empreendimento da Gastrading Comercializadora de Energia S.A com a passagem de uma “Linha de Transmissão” de cerca de 90 km de extensão, atravessando os municípios de Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente e Cubatão, onde está localizada a subestação da Baixada Santista.
Outro ponto conflitante do projeto diz respeito ao fundeamento de um navio que serviria de posto de combustível para abastecer a usina, e ficaria a cerca de 10 quilômetros da costa, conectado ao continente através de um gasoduto que passaria pelas praias da cidade.
De acordo com o coordenador de mobilização da Ecosurf, Leonardo Saes, o projeto pode abrir uma ferida ambiental nas unidades de conservação da região.
“O empreendimento sumplanta protocolos internacionais nos quais o Brasil faz parte como o Acordo do Clima, assinado durante a COP 21, que visa reduzir as emissões globais de Gases do Efeito Estufa (GEE). A cidade de Peruíbe tem toda a sua vida relacionada ao turismo e veranismo devido a sua vocação natural para o turismo e o ecoturismo. A instalação de uma termoelétrica compromete o patrimônio ambiental de toda região”, afirma.
Ainda para o ambientalista, na perspectiva regional e local para a Baixada Santista, sobretudo olhando as cidades de Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, é possível observar que esses municípios nos últimos anos estão passando por severas transformações em seus territórios.
“O sistema de gasodutos que vai cortar as praias deve ser observado como uma ameaça a balneabilidade da água do mar. Contudo, já vivemos os efeitos e influência das mudanças no clima. Basta observar as grandes enchentes, alagamentos e fortes tempestades, que se repetem cada vez mais em períodos curtos e influenciam negativamente o dia-a-dia das pessoas na Baixada Santista”, comenta.
Participe do Abaixo Assinado que pede o cancelamento do licenciamento e projeto de Usina Termoelétrica. Assine aqui.
Impactos ambientais na construção da termoelétrica:
Na construção de uma termoelétrica, devem ser considerados todos os problemas ambientais que possam ocorrer. A seguir são descritos tais tópicos de especificação dos impactos:
– Perda da camada orgânica do solo, aumento da susceptibilidade à erosão, compactação do solo agricultável, contaminação do solo por resíduos e derrames de óleo e combustíveis;
– Impacto sobre a estabilidade de encostas;
– Impactos das instalações do empreendimento e obras complementares e das atividades desenvolvidas no canteiro de obras sobre as comunidades vizinhas, em especial quanto ao incômodo provocado por ruído e disposição de efluentes e resíduos;
– Alterações sobre os recursos hídricos, inclusive com modificação da qualidade e quantidade de água;
– Alterações nos ecossistemas terrestres, marinhos e aquáticos, bem como as interferências com as Unidades de Conservação Ambiental;
– Alterações provocadas pela implantação do empreendimento sobre o meio antrópico (termo referente a ocupação humana), especialmente no que se refere aos aspectos demográficos, ao nível de vida e à ocupação do espaço, interferências com as terras indígenas, sítios arqueológicos e demais patrimônios históricos e culturais;
– Interferência do projeto com obras de infraestrutura, eventuais desapropriações e remoções de comunidades locais devido à construção do empreendimento;
– Alteração na qualidade do ar como decorrente da emissão de poluentes;
– Alterações nas condições de ruído.
Impactos ambientais no funcionamento da termoelétrica:
Em seu funcionamento a termelétrica apresenta diversos pontos negativos quanto aos impactos causados ao meio ambiente e problemas na saúde humana. Entre os problemas pode ser destacado:
– Emissões aéreas de material particulado: problemas respiratórios, interferência na fauna e flora, cheiro irritante, efeito estético ruim;
– Emissão de óxidos de enxofre: problemas respiratórios, cardiopulmonares, interferência na fauna e flora, acidificação de chuvas;
– Emissão de dióxido de carbono: contribuição para o efeito estufa;
– Emissão de óxido de nitrogênio, hidrocarbonetos e monóxido de carbono: chuvas ácidas;
– Percolação das águas das chuvas nas áreas de estocagem: contaminação do lençol freático, dos cursos de água, elevação do ph, metais pesados, sólidos dissolvidos;
– Sistemas de resfriamento das águas: interferência na fauna marinha e flora aquáticas;
– Sistema de remoção das cinzas pesadas;
– Resíduos sólidos do processo: minas e usinas;
– Pirita (Dissulfeto de Ferro (FeS2).