SUP Entrevista

Entrevista – Andre Torelly

André Torelly.

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Atleta e shaper pioneiro do stand up paddle no Brasil, André Torelly acompanhou de perto fatos relevantes da história do SUP por aqui. Agora, dedicado à produção de conteúdo e a seu trabalho frente à Wolv SUP, ele aposta em modelos inovadores. Foto: Arquivo pessoal.

 

Você foi a primeira pessoa a colocar na web um blog/site brasileiro sobre stand up paddle?

Acredito que sim! Criei o blog no final de 2006, quase 2007. Buscava informação sobre o assunto na internet e havia poucos sites sobre o assunto. Todos gringos. Ai resolvi criar o blog, “wolvstanduppaddle.blogspot.com.br” que existe até hoje.

E sobre o quê é o seu blog?

Hoje em dia eu não atualizo muito, por falta de tempo e tbm porque priorizo o site da Wolv (wolvsup.com.br). Mas eu falava sobre vários assuntos. Desde as pranchas da Wolv, que estava começando a produzir, passando pelas minhas SUP Trips e usava o espaço também pra divulgar a minha escolinha que inciava suas atividades naquela época. A ideia era criar um canal de comunicação e falar sobre um esporte novo que estava surgindo e pelo qual eu estava bem fissurado!

Como foi seu primeiro contato com o stand up paddle?

Fui durante uma viagem à Costa Rica. Já tinha visto alguma coisa pela internet com o Laird Hamilton, de quem eu sou um grade admirador, e nessa viagem vi pela primeira vez uma galera remando e pegando onda. Lá tive a oportunidade de experimentar o esporte e voltei amarradão da Costa Rica. Na época já fabricava pranchas de surfe e resolvi investir no SUP. Não imaginava que a coisa ia tomar uma proporção tão grande como tomou. Hoje o stand up paddle é a minha vida.

E a semente do SUP foi plantada no Rio Grande do Sul…

É… todo mundo começando junto. A Art in Surf estava trazendo suas primeiras pranchas pro sul. Isso inclusive me ajudou bastante nos designs das minhas pranchas pois eles trabalhavam com shapers gringos. Foi uma época muito boa. Todo mundo se ajudando. E as pranchas eram enormes. Pareciam portas de castelo (risos), super largas!

Você durante vários anos competiu no circuito brasileiro de race, inclusive está entre os pioneiros da modalidade no Brasil. De onde vem essa paixão?

Eu pego onda desde garoto, mas sempre gostei muito de esportes de endurance, fazia triatlo, então quando comecei a remar pelo Guaíba descobri vários pontos legais de remada e comecei um trabalho de “desbravar” o lago remando. Isso despertou em mim o gosto pela remada. nesa época não treinava com planilha de nem nada, era só remada.

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Pódio da etapa cearense durante o primeiro ano do circuito brasileiro de SUP race, em 2011, onde encerrou na quarta colocação do ranking geral da 12’6″. Da esq. para dir.: Antonio Bonfá (6o), Torelly (5o), Alex Araujo (2o), Luiz Guida (1o), Magno Matozo (3o) e Marcelo Lins (4o). Foto: Arquivo pessoal.

 

Mas e as competições?

A primeira competição de SUP race, de nível nacional, só foi acontecer em 2010. Não existia nem modelo de race na época. As pranchas eram todas fun race. Rolou em Garopaba, chamado Red Bull Paddle Cross e foi vencido pelo Kauli Seadi. Foi a primeira competição de race que atraiu remadores de vários cantos do Brasil. Foi o início de tudo. lembro do Bob (de Araujo), vindo do Rio de Janeiro, desde aquela época com uma capacidade muito boa de articulação, tinha uma galera do nordeste, de São Paulo e daqui do sul.

E o circuito brasileiro?

Então, depois desse campeonato em Garopaba, a galera começou a ficar em contato e as primeiras associações começaram a se formar. A CBSUP, que na época era uma associação (ABSUP) já tinha realizado campeonatos de SUP wave, mas nunca de race. A partir de 2010 as competições de race começaram a ganhar força e então conheci o Ivan (Floater) numa competição que rolou no Rosa, no início de 2011. Ele me disse que estava buscando parceiros para criar o circuito brasileiro e fiquei com aquilo na cabeça. Algumas semanas depois recebi uma ligação de um amigo de Osório me chamando para uma reunião, pois eu estava envolvido com a Federação Gaúcha de SUP. Ele queria fazer um campeonato sulamericano de SUP, pois tinha uma verba da prefeitura para realizar um evento. Não era muito, mas eu vi ali a possibilidade de dar o início ao circuito brasileiro. Fiz a sugestão e ele concordou. Chamamos o Ivan para uma reunião e assim teve início o circuito brasileiro de race.

Você correu o circuito também, certo?

Sim. Terminei o ranking na quarta colocação. O Animal ficou em primeiro, o Alex Araujo em segundo, o Totó (Antonio Bonfá) em terceiro e eu em quarto. No ano seguinte corri uma só algumas etapas na 12’6″ e em 2013 migrei para a unlimited. Eu já não estava na mesma batida de treino dos caras da 12’6″ e nessa época a unlimited ainda era considerada profissional. Achei que era uma boa oportunidade de experimentar pranchas diferentes e também ganhar destaque em outra categoria. Nesse ano eu fui campeão brasileiro.

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André Torelly a caminho de uma remada gelada na Patagônia, durante uma de suas viagens para a produção de conteúdo sobre stand up. Foto: Arquivo pessoal.

 

E porque você abandonou o circuito?

Nunca fui somente atleta. Sempre mesclei meus treinos com meu trabalho de shaper, minha loja e minhas atividades na escolinha. Quando migrei para a unlimited o nível ficou mais parelho pois competia contra pessoas que não viviam só do esporte, porém, em 2014, quando os atletas decidiram que somente a 12’6″ deveria ser considerada profissional, eu dei uma desanimei um pouco. Na real, já estava bem envolvido com o lance de fazer SUP Trips e produzir conteúdo e senti que aquele era o momento perfeito para a transição.

Acho que você foi um das primeiras pessoas no Brasil a produzir esse tipo de conteúdo…

Acho que eu fui um dos primeiros “Free Supers” do Brasil!

Nessa época, além de você, acho que só a Roberta Borsari

Pois é, a galera, no geral, fica muito focada em competir, fazer pódio, mas, em pouco tempo, com minhas viagens e produção de conteúdo, ganhei muito mais destaque na mídia do que nos anos em que competi. Outra coisa que era um pouco frustrante era o fato de que para competir no circuito brasileiro eu viajava por todo país, mas não tinha tempo para conhecer nada. Era sempre naquela batida de “aeroporto, hotel, raia da prova, hotel e aeroporto”. Isso foi me cansando também. Comecei a ver uns trabalhos do (free surfer) Kepa Acero, com uma proposta muito legal de fazer viagens e produzir conteúdos interessantes e me inspirei.

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O cara manda bem também no SUP surf. Foto: Arquivo pessoal.

 

Essas viagens te influenciam na criação das tuas pranchas?

Com certeza. Principalmente porque entro também em contato com outros esportes de água. Faço comparações. A Wolv está produzinho o Torelly’s Carbon Model que está com ótima aceitação. É um SUP mais compacto e menor, perdendo até 1 pé (35cm) em sua medida, imagine para quem usa uma prancha tradicional 9′ pés, irá usar uma 8′ pés. Tive essa ideia observando pranchas de surfe do shaper australiano Daniel Thomson, da Firewire, que vi durante uma viagem. Ai joguei mais uns elementos de SUP mesmo e o resultado ficou muito bom.

E como conciliar a vida de shaper empresário empresário com a de atleta aventureiro?

Bem complicado! É acordar todos os dias às 5h30 da manhã e dormir às 10h da noite. Exausto, mas feliz por fazer o que se gosta. Ainda que, devido à crise econômica que pegou todo mundo, tenho que me dedicar muito mais à empresa do que aos treinos e viagens. Mas isso faz parte e nas crises surgem também oportunidades.

 

 

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Luciano Meneghello é fundador e editor do site SupClub. Foto: Reprodução.

 

 

 

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