Andréa com moral

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Andréa Lopes entra para história com o inédito tetracampeonato brasileiro. Foto: Nilton Santos / Divulgação SuperSurf.
Enquanto o paranaense Jihad Khodr e o paulista Odirlei Coutinho brigam pelo título brasileiro do SuperSurf 2006, a carioca Andréa Lopes chega na última etapa já com o tetracampeonato garantido.

 

A final da temporada começa na quarta-feira e vai até domingo no Rio de Janeiro, com a enome arena instalada em frente ao Barramares, na Barra da Tijuca.

 

Andréa é a única atleta – em ambas as categorias – com quatro títulos brasileiros na história da Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp). A carioca é uma das atrações da etapa final, que distribui mais de R$ 134 mil em prêmios.

 

Andréa comemora em Itacaré. Foto: Aleko Stergiou.

A competidora inclusive foi convidada para fazer um ensaio na revista masculina Playboy, com previsão de lançamento para o final do ano.

 

O paranaense Jihad Khodr e o paulista Odirlei Coutinho são os únicos na briga por um Volkswagen Cross Fox zero quilômetro. O outro Andréa Lopes já faturou.

 

O primeiro título brasileiro de Andréa rolou em 1999, depois foi bicampeã do SuperSurf em 2001 e 2002 e agora supera o paranaense Peterson Rosa (1994, 1999 e 2000) com o tetracampeonato confirmado na Bahia.

 

A primeira apresentação depois do feito inédito em Itacaré será em casa, pois Andréa mora em frente ao lugar escolhido para sediar a etapa final do SuperSurf 2006.

 

“Foi aqui que corri o primeiro campeonato da minha vida em dezembro de 1987 e consegui minha vaga para o Mundial Amador de 1990 no Japão, e também onde ganhei o WCT em 1999?, relembra Lopes.

 

?Mas, ainda bem que o título já foi decidido, porque não gosto muito de competir em casa, fico nervosa?, diz ela. Chegou a ser divulgado que ela pretendia abandonar a carreira com o tetracampeonato, mas Andréa afirma não ter sido interpretada corretamente pela repórter.

 

?Eu contei que tive um sonho que ia me despedir depois de mais um título, mas foi um sonho. Vivo o melhor momento da minha carreira e da minha vida também. Como surfista profissional, quero tentar igualar o número de cinco títulos brasileiros que conquistei como amadora”, revela.

 

A vida dedicada a pegar ondas só foi interrompida uma vez, quando exigindo-se ao máximo na busca pelo sucesso deparou-se com a anorexia. Andréa tinha apenas 21 anos e era a primeira brasileira a disputar o circuito mundial integralmente em 1994.

 

?Tive que abrir mão das competições para me recuperar. Minha mãe tomou a frente de tudo, me proibiu de viajar, de competir. E como tiraram tudo o que eu mais gostava, tive que tomar uma decisão para poder viver tudo isso de novo?, explica.

 

A carreira profissional estava iniciando e a obstinada Andréa já colecionava um tricampeonato brasileiro amador (1988, 1989, 1990).

 

 

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Jihad Khodr lidera o ranking brasileiro. Foto: Aleko Stergiou.

O ano de 1995 foi todo de tratamento, longe das competições e ela voltou fortalecida para continuar quebrando recordes também como surfista profissional e 1999 foi o seu ano de glória.

 

Andréa sagrou-se pentacampeã brasileira amadora, foi campeã panamericana na Argentina e ganhou o primeiro título brasileiro profissional no circuito. Para fechar o ano com chave-de-ouro, tornou-se a primeira brasileira campeã de uma etapa do WCT na Barra da Tijuca.

 

 

Vice-líder Odirlei Coutinho também briga para conquistar o campeonato. Foto: Aleko Stergiou.
Em 2001, Andréa Lopes faturou seu segundo título brasileiro e no ano seguinte foi a primeira bicampeã da história do SuperSurf, tornando-se agora a primeira a ser campeã três vezes, feito que ninguém ainda conseguiu atingir na categoria masculina.

 

?Ainda tenho objetivos para buscar. Sei que o nível é cada vez mais alto, as meninas mais novas, como a Taís (de Almeida), a Claudinha (Cláudia Gonçalves), a Suelen (Naraísa), estão dando muito trabalho e eu tenho que melhorar minha preparação, com muito treino dentro d?água, parte física e psicológica, táticas de competição, fico me cercando de tudo, intuição, me preparo muito e os resultados aparecem?.

 

E essa preparação toda foi determinante para a conquista antecipada do tetracampeonato brasileiro no SuperSurf 2006. A tetracampeã mostrou toda a sua experiência para enfrentar as difíceis condições do mar na praia de Itacarezinho, onde nem se cogitava a possibilidade da conquista antecipada do título brasileiro feminino pela grande quantidade de meninas com chances matemáticas.

 

?Ninguém imaginava que a Taís e a Tita (Tavares) iam perder naquela fase (segunda)?, concordou Andréa. ?Era um mar de tática e de muita calma para não desperdiçar ondas. Competir com inteligência foi a chave. Eu apliquei tudo o que tinha preparado para aquelas condições. Dentro e fora d?água me diverti bastante e só soube que poderia ser campeã minutos antes da final. Tudo aconteceu com naturalidade?, contou Andréa.

 

Ela continuou falando sobre a volta aos pódios e do título brasileiro: ?São muitos fatores que podem fazer com que um atleta atinja sucesso no esporte. Eu procuro sempre evoluir, converso com os meninos, pegando toques das condições do mar nas etapas, converso até com pescadores para pegar mais informações se é um lugar que não conheço bem, vou lá nos juízes ver a visão deles da área de competição, a avaliação das notas nas ondas e isso é permitido aos competidores, mas ninguém faz?.

 

Apesar da força da nova geração, a carioca continua firme ampliando suas próprias marcas que encabeçam algumas listas de recordes da história da divisão principal criada no ano 2000.

 

Além do inédito terceiro título brasileiro conquistado no SuperSurf (o outro foi em 1999), as outras que superam até os principais destaques da categoria masculina são as de maior número de baterias disputadas, completando 118 na Bahia, e o de 14 finais nas etapas, faturando o título em metade delas.

 

Só entre as meninas, foi quem mais venceu baterias (71) e neste ano registrou a maior somatória em baterias com duas notas computadas, atingindo 17,57 pontos nas quartas-de-final em Ubatuba (SP).

 

?Sempre estamos aprendendo e neste ano destaco duas coisas importantes que acho terem sido decisivas para a volta dos bons resultados, pois fiquei uns três anos sem ganhar nenhuma etapa. Fiz um preparo físico direcionado para as pernas e neste ano consegui minhas maiores notas na história. Senti que estava surfando com mais força nas manobras e só em Maresias (segunda etapa) não acertei na escolha da prancha certa?, analisa Andréa.

 

Surfar com alegria, como destaca o heptacampeão mundial Kelly Slater no filme Letting Go!, surfar se divertindo, sem tanta pressão nas competições, mas sem perder a concentração, e trabalhar muito para alcançar os objetivos, foram ensinamentos aplicados por Andréa Lopes neste ano.

 

A Volkswagen, a Tim e a Nova Schin apresentam o SuperSurf 2006, que desde sua criação no ano 2000 é organizado pela Editora Abril e ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional).

 

A sétima edição da Divisão Principal do Circuito Brasileiro de Surf Profissional é realizada também com co-patrocínio da Nescau, além do apoio das marcas Onbongo e Drop Dead, das lojas Overboard e Revista Fluir. Esta última etapa acontece ainda com a importante parceria da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Secretaria do Estado de Esportes do Governo do Estado do Rio de Janeiro e Federação de Surf do Estado do Rio de Janeiro.